Folheando o JN de hoje, deparei nas páginas 10 e 11, com um artigo em memória de Artur Santos Silva, um destemido lutador republicano pela Liberdade.
Nas duas páginas seguintes vinham estampadas quatro colunas com artigos de diferentes pessoas, incluindo um do filho com o mesmo nome, figura destacada de um dos poucos bancos que resistiram ao devorador saque centralista. Naturalmente, todos eles teciam os mais altos elogios à ilustre personagem.
O elitista e liberal advogado Miguel Veiga dedicou-lhe este piropo: «O tempo esse grande escultor, esculpiu em bronze o carácter, a vida, o caminho da aventura humana de Artur Santos Silva, que ele fez caminhando pelo seu pé, amiúde contra ventos e marés, com obstinado rigor, solidária tolerância, recta e honrada intransigência, decência da cidadania e postura erecta, vertical e orgulhosa de quem nunca foi ao Paço pedir a baga e a paga de uma tença.»
Com todo o respeito pela intenção do autor, perdoaría tão rebuscada frase de consideração ao homenageado caso conseguisse descortinar qualquer afinidade entre um e outro. Louvar alguém, entre densos e pedantes elogios, por nunca ter ido ao Paço [Terreiro] é justo, mas não condiz com o actual percurso político de quem o faz. Miguel Veiga tem-se celebrizado nestes últimos anos por ser rico, e por estar sempre ao lado do Terreiro do Paço, com Rui Rio e Mários Soares...
Este louvor, é uma perfeita hipocrisia. Talvez, Artur Santos Silva [pai], mereceesse mais respeito. Digo eu. Há aqui um qualquer complexo queiroziano mal resolvido.
Se já nem o filho sai ao pai...
ResponderEliminarUm abraço