Admito que o problema seja meu, mas tenho alguma dificuldade em compreender o conservadorismo ideológico das populações, a sua incapacidade para experimentar novos desafios. O fenómeno, infelizmente, não é só português, estende-se ao resto da Europa e a todo o Mundo.
Politica e partidariamente, o eleitorado parece psicologicamente entalado entre a social democracia e o socialismo capitalista [como é o do actual regime]. Nem o PSD/PPD durante o seu tempo de vida, conseguiu afirmar-se como cópia do modelo nórdico, nem o PS soube capitalizar o fracasso ideológico dos sociais democratas portugueses. Ao longo dos anos de alternância governativa, tanto um partido como o outro, falharam em toda a linha. Restam o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista, mas esses, continuam perdidos nas suas contradições doutrinárias sem conseguirem sair do espartilho conformista de pequenos partidos de oposição. Parece terem assumido interiormente, que só podem sobreviver enquanto os partidos da esfera do poder o permitirem. Ou então - o que é mau sinal -, não estão dispostos a apresentar-se ao eleitorado com propostas governativas, por não as terem, ou por não quererem a responsabilidade de governar o país. É a partir desta apatia política que as ideias cristalizam.
Só mentes centralistas, é que podem continuar a defender conceitos assentes em utopias. Hoje, Paulo Ferreira, subdirector do JN, vem a terreiro defender a suspeitíssima tese de que uma sociedade pode sobreviver ao valor paranóico dos prémios de competências segundo pontos de vista meramente mercantilistas. Paulo Ferreira, considera justo, por exemplo, que o Presidente da EDP, António Mexia receba de remunerações 3,1 milhões de euros, só porque foram os accionistas a estabelecer as metas para as "merecer". E que tal, ir um pouco além deste argumento estritamente economicista e explicar quais os benefícios para a sociedade para um administrador merecer tão gordo e imoral prémio? Os resultados de uma empresa nem sempre são bons para a comunidade. Em muitos e muitos casos [talvez para a maioria], os bons resultados económicos e financeiros reflectem-se de modo evidente bem mais para quem administra, do que para quem contribui para os alcançar. E, é para este objectivo individual que se premeia o mérito? Será que as pessoas já pensaram bem nesta aberração social? Não será altura de mudar o paradigma? Depois, admira-se o jornalista, que casos destes suscitem aquilo a que ele chama de "atávica inveja social". E como não? A transmissão desse sentimento de inveja para a sociedade não é de ordem genética, faz-se e reproduz-se tanto mais intensamente quanto mais aberrante e injusta for a distribuição da riqueza produzida. Ora, estes ordenados milionários atribuídos aos gestores de grandes empresas publico-privadas, são tudo, menos justas e moralmente aceitáveis.
Um raciocínio como o de PFerreira, só pode espelhar uma mente preparada para aproveitar a 1ª oportunidade que o patrão Joaquim Oliveira lhe possa colocar à disposição na Controlinveste. Não será por aqui, seguramente, que o público que lhes paga os vencimentos terá novos paradigmas sociais, posto que, como para qualquer banal homenzinho, o dinheiro e só o dinheiro, comanda a vida.
Boa sorte, Paulo Ferreira, um destes dias terás a justa recompensa pelos teus "méritos" extra terrestres.
1- A sociedade portuguesa é extremamente conservadora, e até pior do que isso: é abúlica e desinteressada. Não tenho dúvida que 48 anos de proibição de ter ideias próprias e de as manifestar publicamente,formataram a sociedade que somos hoje. E como isso é uma situação que convem aos políticos que nos governam...
ResponderEliminar2- Premiar os gestores de topo em função dos resultados financeiros pontuais que consigam, é um método perverso que só é bom para quem recebe os prémios.
Desculpem, mas não estou ver que haja melhor, apesar do PS e PSD
ResponderEliminarserem dois partidos iguais, mas já sem assunto na nossa democracia. Não vejo nos restants partidos competência para governar.
Aguardemos um messias ou um Don Sebastião que traga um partido credível.
O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO.
Por algum motivo a electricidade é das mais caras da Europa (um bem essencial)!!!!!
ResponderEliminarE já agora que contrapartidas dá a EDP aos Concelhos onde tem barragens ou seja graças aos quais produz riqueza que leva para longe ???!!!
Essas Camaras andam a dormir ?!