… E transformar o Vale do Tua numa nova Capadoccia. E dizer que isso é a sua responsabilidade social, promovendo o turismo na região. Como o fez com a campanha publicitária de propagação dos seus valores ambientais, que acredito que tenha, mas que foi paga pelos próprios Fundos destinados à compensação da população afectada. Está bem, um cantor, uma empresa de audiovisuais de Belém e uma qualquer agência de publicidade sediada na capital, mais uns quantos jornais, rádios, tv’s e salas de cinema foram devidamente compensados pelo desaparecimento de uma linha ferroviária e de um património algures em Douro e Trás-os-Montes. Uma política de casinos ao contrário. Destrói-se lá para o Norte e compensam-se os meios artísticos cá da capital. Esta estratégia é da exclusiva responsabilidade da EDP, dos seus gestores e accionistas. Mas quem a fiscaliza? Porque o problema do atentado patrimonial, ambiental e populacional é dos poderes públicos que não existem ou se omitem na defesa da causa e do interesse público. É um bom exemplo da falta de um poder regional, criando-se vazios de silêncios e omissões. Será a meia dúzia de autarcas da região, os únicos responsáveis pela sua defesa política? E os outros aqui da capital do Norte Litoral, ficam-se só pelo Aeroporto Francisco Sá Carneiro, porque aquilo já não é da sua responsabilidade, nem têm lá votantes seus? A CCDRN, cujo PROT foi elaborado de forma a ser aprovado num dado prazo legal, logo desenvolvido de acordo com prévias indicações centrais, e de empresas públicas e privadas conforme confidenciado publicamente pelos seus técnicos, bem pode dizer que defende a Regionalização, porque não passa de discurso subordinado a outras directrizes. As coisas querem-se para situações concretas, para se ser, não para formalismos.
Há outras pessoas mais capazes de descrever o que se está a destruir no Vale do Tua. A nossa própria consciência, se a ouvirmos, não nos oferecerá dúvidas. Porque acima de tudo há uma questão de valores e princípios éticos, do que é certo e errado, do que é bem e o que é mal. E a destruição do Vale do Tua está clara até na consciência de quem a promove. É bom não perder muito tempo a pensar e passar antes a ridicularizar os que têm opinião diferente quanto aos efeitos de um ideia, que é boa, de redução da dependência energética do país, mas que não pode fazer tábua rasa de outros valores que se perderão para sempre.
Deixo aqui um pequeno raciocínio: se uma via alternativa para os 16 kms submersos custa 130 a 140 milhões de euros e se a linha são 54 kms, quanto pode a população local aspirar como indemnização compensatória a deixar pela EDP nesta Região? Uma regra de três simples, cerca de 500 milhões de euros. Eu aconselho as populações locais a pedir já este valor a sua região, criando um Fundo para o Desenvolvimento do Vale do Tua e dinamizar as termas, o Cachão, a agro-indústria, a criar um museu para a Região, e construir um reservatório de gás para os balões...
Há uns meses atrás, propus a criação de uma plataforma denominada Rede Norte, com a intenção de juntar os diferentes movimentos de cidadãos no apoio a causas cruzadas, porque senti que só assim teriam a força de ser ouvidos. E pessoas do Porto a defender o Tua não é o exactamente o que tenho lido pelos analistas da EDP antecipando as críticas das populações locais ao Plano de Barragens. O que está em causa são algumas das barragens, que destroem, por desconhecimento. Essa plataforma terá agora visibilidade no Movimento Norte Sim.
Há uns meses atrás, propus a criação de uma plataforma denominada Rede Norte, com a intenção de juntar os diferentes movimentos de cidadãos no apoio a causas cruzadas, porque senti que só assim teriam a força de ser ouvidos. E pessoas do Porto a defender o Tua não é o exactamente o que tenho lido pelos analistas da EDP antecipando as críticas das populações locais ao Plano de Barragens. O que está em causa são algumas das barragens, que destroem, por desconhecimento. Essa plataforma terá agora visibilidade no Movimento Norte Sim.
O Dr. António Mexia terá oportunidade na próxima 4ªfeira à noite, nos Olhares Cruzados sobre o Porto, na Universidade Católica, de nos instruir sobre os destinos do Norte, enquanto o Dr. Jorge Pelicano estreia na 5ªfeira num cinema do Porto o seu “Pare, Escute, Olhe” sobre o impacto da perda da linha do Tua nas populações locais. Curioso este mundo, em que existem associações ambientais e ecológicas para quase tudo, excepto para a espécie humana. Podem todos estar de consciência tranquila e defender legitimamente os seus interesses, mas que destruir uma linha ferroviária que é a coluna vertebral, não só para o turismo, de uma região que tanto tem sofrido por políticas idênticas é um daqueles erros que ficará para julgamento da História. Se continuam a dormir de consciência tranquila, bons sonhos. Eu prefiro pedir 500 milhões de euros para a Região, de acordo com os cálculos da EDP.
José Ferraz AlvesRede Norte
José Ferraz AlvesRede Norte
[extraído do blogue A Baixa do Porto ]
Daqui a uns anos a destruição do Tua vai ser considerado um crime igual ou maior do que a demolição do Palácio de Cristal nos anos 50.Mas aí, já não vai a tempo...
ResponderEliminarRepito o que disse num comentário ao post anterior. A sociedade portuguesa é abúlica e só se interessa pelo que se passa no seu pequeno quintal. É a teoria do "not in my backyard".
Não conhecia o blog Movimento Norte Sim, mas já o coloquei nos favoritos. Os seus criadores têm que tirá-lo do anonimato.
Eu acho uma graça a esse António Mexia, quando diz que os prémios chorudos que quer receber são do trabalho e da competência dele!para que a EDP desse tanto lucro.
ResponderEliminarDeve pensar que está a falar para ignorantes!...
Então vejam: sem concorrência,
aumentar os custos da energia a seu belo prazer e agora a não querer fazer investimento na linha do comboio do vale do Tua ignorando o interesse das populações só para poupar mais uns cobres.
Assim também eu era um grande administrador !...
Agora pergunto; será esta gente quando for o referendo da regionalização vão votar a favor!
só pergunto?...
O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO.