Considero a zona do Jardim da Cordoaria uma das mais bonitas (potencialmente...) da cidade do Porto. O edifício da Universidade, a Torre dos Clérigos, a antiga Cadeia da Relação, o hospital de Sto. António, as igrejas do Carmo e das Carmelitas, até a antiga Faculdade de Medicina, formam um notável conjunto circular à volta de um jardim cheio de memórias, o jardim da Cordoaria. Feio, mesmo feio, é aquele edificado no meio, aquele onde está o Piolho, que considero horrivel em si mesmo e um desastre no meio de tanta beleza arquitectónica circundante. Como seria belo todo aquele espaço, se o edificado decadente , que corta a visão de conjunto, desaparecesse e fosse substituido por um jardim ou por qualquer outra coisa que arquitectos paisagísticos definissem e que realçasse a beleza do conjunto de monumentos que os nossos antepassados nos legaram!
Estes considerandos ajudam a explicar o meu sentimento em relação às esplanadas fechadas que o Igespar acaba de proibir. Passei hoje por lá para ver o efeito,e não desgostei, acho que não prejudicam nada e até ajudam a disfarçar a fealdade das fachadas!
Independentemente de gostar ou não, nesta disputa entre Rui Rio e o Igespar, quem apoiar?
De um lado Rui Rio, que não é flor que se cheire, com aquele seu jeito embirrento, e que "comprou" uma briga com o Igespar a propósito da saída do tunel junto ao museu Soares dos Reis. Acabou por levar a dele avante, mas o Igespar deve ter ficado a ruminar vingança. A oportunidade surgiu agora. RR parece ter ajudado a dar o pretexto, ignorando desdenhosamente o Igespar e autorizando as construções.
Do outro lado, o Igespar, e a verdade é que não gosto dos organismos desse tipo, dirigidos por burocratas anónimos, sem rosto, que normalmente gostam de sentir o doce prazer do poder, e por isso se comprazem em dizer NÃO, bastando-lhes arranjar uns quantos argumentos alegadamente técnicos, para "justificar" a sua decisão, que em regra é final e irreversível. Organismos como o Igespar são indispensáveis, mas não deviam poder funcionar como pequenos tiranetes.
Não sou a favor de nenhum dos dois. Sou simplesmente a favor das esplanadas. Penso que são um elemento valorizador da área, e se porventura se inspiraram no exemplo das brasseries parisienses, que avançam sobre os passeios dos grandes boulevards, tiveram uma boa ideia. Felizes os parisienses que têm um igespar mais pragmático! Há quem diga também que em Lisboa as regras para a montagem das esplanadas são bem mais permissivas do que aqui. Não sei, mas acredito.
Espero sobretudo que as esplanadas se mantenham, e permaneçam durante os dias de Outono e Inverno que nos aguardam. Penso que os portuenses e os nossos numerosos visitantes, merecem poder estar "lá fora" sem apanhar chuva e frio.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...