13 dezembro, 2010

O Porto não vive sem reabilitação

O Porto só se manterá vivo se conseguir preencher o espaço vazio desse grande donut em que a cidade se transformou com a progressiva mudança de habitantes para uma periferia mais económica e pintada de fresco. Rui Moreira sabe que o repovoamento da cidade é uma causa política, imprescindível para que o centro histórico deixe de ser o que é: um monumento decrépito e, ainda por cima, oco. Espera-se, e acredita-se, que a escolha de Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto há quase dez anos, para a presidência da Porto Vivo, Sociedade de Reabilitação Urbana, em substituição de Arlindo Cunha, se traduza em maior dinamismo numa tarefa absolutamente crucial para o futuro da cidade.

A SRU tem entre mãos a recuperação de 32 quarteirões, a maior parte dos quais, como não poderia deixar de ser, na zona histórica do Porto, aquela que mais importa reabilitar, e cuja conclusão mudará a fisionomia da cidade. Mas o lento trabalho de reabilitação da SRU, quarteirão a quarteirão, está particularmente vocacionado para responder à procura de investimento de grandes empresas, interessadas na compra e recuperação de grandes áreas. O cidadão que individualmente recorra à SRU na tentativa de encontrar ajuda na procura de uma casa da zona histórica para recuperar é recambiado para as mesmíssimas imobiliárias às quais é possível aceder através de um anúncio num jornal ou de um classificado na Internet. E corre igualmente o risco de não ser informado sobre algumas das regalias que existem para quem adquira casa no perímetro de intervenção prioritária da cidade, que tanto podem implicar a devolução ou o reembolso do IMI ou do IMT, pela simples razão de que é insuficiente a articulação entre os serviços camarários e a SRU. E a reabilitação urbana mais visível na cidade foi a que resultou da intervenção da Porto 2001 ou da reabilitação individual, casa a casa, que acabou por ter um efeito mimético em algumas ruas, como aconteceu, quando os terrenos eram bem mais acessíveis, na Rua do Bonjardim, junto ao Marquês.

Como PSD e FCP não têm falta de interessados nas candidaturas à presidência da câmara e do clube, Rui Moreira pode ser bem mais útil à cidade. Se há algo de verdadeiramente estratégico para o Porto, aparentemente na moda, ao ponto de figurar como sugestão de luxuoso fim-de-semana na superexclusiva How to spendt it do Finantial Times, é a sua reabilitação urbana, histórica e cívica.

[Amílcar Correia, Público]

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Quem tomar conta do lugar agora deixado vago na Porto Vivo, seja Rui Moreira ou outra pessoa qualquer, terá incontornavelmente de se convencer que acima de todos os projectos de reabilitação urbana, tem de estar o cidadão residente.

É só com a sua inclusão massiva, mas criteriosa, que a cidade pode sair do estado comatoso a que chegou. Desiluda-se quem se contentar com as galerias e movidas nocturnas. A cidade tem que pulsar de vida também durante o dia, e é da mais imperiosa urgência acabar com o aspecto ruinoso e desolador que muitas casas ainda apresentam.

É triste percorrer as ruas do centro do Porto em pleno dia. As poucas e avulsas casas recuperadas passam despercebidas. 

Rui Valente 

1 comentário:

  1. Se o Rui Moreira aceitar o cargo; espero que não seja mais um, mas sim um que saiba exigir, e faça melhor que o seu antecessor.

    O PORTO È GRANDE VIVA O PORTO

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