13 dezembro, 2010

Separar o trigo do joio na política

Ao contrário do que poderá parecer, não olho para a Regionalização com os mesmos olhos que o doente olha para o remédio, apenas a defendo convictamente por me parecer que a proximidade do cidadão com o poder simplifica não só o seu controlo, como permite melhores desempenhos a quem governa. O centralismo, isso sim,  será sempre o problema, nunca a solução. S e g u r a m e n t e. Só o senhor  1º. Ministro e o respectivo Governo é que ainda "não perceberam" o que se está a passar, porque embora em teoria "defendam" a Regionalização, na realidade, não a querem, como aliás se pode facilmente comprovar pelas decisões que vão tomando.

A minha preocupação em relação ao futuro político do país já se libertou dos dogmas que nos andaram a impingir durante anos,  que afinal de contas só serviram para nos estupidificar e para facilitar a vida a todos aqueles que, à sua sombra, se governaram melhor a si mesmos que governaram o país. Palavras como Democracia, Justiça, Humanismo, na prática, não correspondem em nada ao que os dicionários traduzem, visto que suas excelências os senhores políticos trataram de as desvirtuar sempre a pretexto de qualquer interesse "superior".

Por essa razão - que não me parece fútil - é que, independentemente de qualquer programa político, ou ideologia - como agora alguns gostam de dizer -, a minha primeira preocupação enquanto cidadão, é saber como, e com que solidez os futuros governos [regionalistas ou outos] estão dispostos a olhar para a autoridade, assim como para o oportunismo que tanto tem minado a credibilidade da política e da sociedade! A meu ver, é esse o maior obstáculo ao progresso da boa governação. A autoridade tornou-se escrava do autoritarismo, por isso é frágil.

Qualquer partido, novo ou antigo, que continue a assobiar para o lado face a este cancro terrível que consiste em não querer perceber que a autoridade e a Lei são imprescindíveis a uma sociedade futurista, que não devem ser manipuladas ao menor obstáculo, não terá sucesso. Se quisermos  devolver o devido significado às palavras e dar-lhes o sentido correcto, só há um caminho a seguir: é respeitá-las e não brincar demais com elas.

Um país que muda de Leis como quem muda fraldas de criança, não é um país para levar a sério e os seus defensores devem ser olhados com desconfiança pelos cidadãos. Só mexe frequentemente na Lei quem não tenciona respeitá-la. As pessoas já se habituaram [mal, quanto a mim] a conviver com os escândalos dos políticos, de os ver saltar da política para a administração de bancos privados e de grandes empresas, e esse é um hábito que é preciso perder. A política deve ser para os políticos, o empreendedorismo para os privados. Essa teria de passar a ser a ordem natural das coisas. Mas não esperemos que sejam eles próprios, os que já estão a gozar dessa privilegiada flexibilização a inverter esses hábitos porque como diz o ditado "as ovelhas não se tosquiam a si mesmas"! Pergunte-se, por exemplo [só dois,  mas há centenas deles], ao Jorge Coelho, ou ao Dias Loureiro, se concordam com estas ideias e podem ter a certeza que dizem que não. Como não, se elas colidem com a forma enviesada como eles decidiram singrar na vida? Foram para a política, não por uma opção determinada de servir o país, mas apenas para encurtarem o caminho que os pode conduzir à riqueza. Estes paradigmas não devem mais continuar a ser avaliados pelos cidadãos eleitores como normais, porque fazê-lo, é contribuir para a subversão das responsabilidades e dos próprios valores.

Estou por isso curioso de saber o que é que nesta matéria - que para  mim é fundamental -, vamos ouvir nos próximos jogos eleitorais. Pressinto que lhes vai passar ao lado, porque os bufos da antiga PIDE ainda não morreram. Servem também hoje de rótulo àqueles que não convivem bem com a corrupção e a querem denunciar...mas não é bem a mesma coisa. Ou será?

2 comentários:

  1. É Rui, vamos estar atentos aos debates para a presidência da república, que nós não fazemos a coisa por menos, dez debates, dez, nos debates ninguém nos bate...o pior é no resto!

    Um abraço

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  2. Assim é, Vila Pouca. Somos um povo feliz, até temos Presidentes e Primeiros Ministros que falam e tudo... Eles falam, sabia? E como falam! Que categoria!

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...