Permitam-me voltar à carga com um tema, àcerca do qual escrevi vários artigos, e que sendo para mim um dos problemas de resolução mais premente para o Porto e todo o Norte de Portugal, é natural que o faça agora com entusiasmo acrescido.
Concordo que a rivalidade seja o sal do futebol. Afinal, é ela, num país que não consegue sair do estado crítico - mesmo em Democracia -, que leva e empolga as massas a encherem os estádios. Mas, a rivalidade de que falo, não tem nada a ver com o clima de ódio e anarquia que os nossos (des)governantes permitiram que se instalasse no país. Esses [e não, todos nós, como agora gostam de dizer], são os primeiros responsáveis. Esses, e quem neles votou, e voltou a votar, apesar dos sinais evidentes de incompetência e de absoluta falta de seriedade, que pelo caminho foram deixando. Mas, não somos todos responsáveis, isso é que não! Pelo menos, da minha parte, não admito que me insultem e me incluam em urnas de que nunca fiz parte, e das quais sempre tive o bom senso de me excluir na hora certa.
Apesar de idealizar para o futebol uma rivalidade sadia, em que os adeptos fossem capazes de conviver pacificamente com o fracasso de uns e o sucesso de outros, e até [por que não?] beber um copo com os rivais [claro que, com estados de espírito diferentes...], é impossível negar que os recorrentes apelos ao ódio levados a cabo pelo Benfica me provocam uma revolta incontrolável! Chegados aqui, é muito complicado lidar com a rivalidade sadia, porque já não se trata de rivalidade, trata-se de autênticas declarações de guerra, face às quais, e à inexistência de uma autoridade preventiva, só é possível retaliar com mais violência.
É neste contexto, de quase anarquia social e política, que vislumbro um papel de pioneiro no futuro Porto Canal, sob a tutela do FCPorto. Primeiro, por passar a dispor de um instrumento precioso de defesa do clube, coisa que a comunicação social do regime não lhe faculta com seriedade. Depois, por ter uma oportunidade de ouro [também em sentido lato] para democratizar os serviços de informação, fazendo-os chegar com regularidade a pontos remotos do país onde os outros só vão quando há uma desgraça [como em Entre-os-Rios]. O carácter iminentemente portista, em termos desportivos, poderá perfeitamente conviver com o âmbito generalista/regionalista da informação, desde que se saibam encurtar distâncias entre o Norte Litoral e o Norte Interior e fazer ouvir as suas populações.
Há alguns programas no actual Porto Canal que deviam ser mantidos e outros melhorados. Não vou elencá-los todos, mas cito apenas alguns apenas para exemplificar: Caminhos da História,Terra, Territórios, Porto Alive, O Novo Norte. Outros programas, de debates e entrevistas, deviam ser criados com a participação de figuras do Porto e de outras cidades/localidades nortenhas, que, apesar da relevância cultural, têm sido votadas a um ostracismo miserável pelas televisões centralistas, como Hélder Pacheco, Germano Silva, Rui Moreira e outros. Há muita e boa gente, que não "aqueles de sempre", que podem e devem ser chamados a colaborar sem os complexos centralistas e cair na tentação do déjà vu. O futuro Porto Canal tem de ser também um novo canal, que dê oportunidade à diferença, a rostos novos, ideias novas e gente de todas as idades. Em Braga, Bragança, Guimarães, em Chaves, em Aveiro, Viana, etc., há um Mundo infinito de potencialidades a explorar no bom sentido. É também para essas cidades que o Porto Canal tem de se virar.
Talvez, quem sabe, possa ser o Porto Canal, pela "mão" do FCPorto, a conseguir aquilo que mais ninguém conseguiu fazer até hoje: tornar o Norte numa grande região, etnica e politicamente unida. E respeitada...
Espero que sim, espero que este projecto seja para valer e que não hajam retrocessos.
ResponderEliminarSe ao princípio até pode dar prejuízos, no futuro, desde que faça a diferença, tem tudo para dar lucros, não só indirectos como directos.
Um abraço
Desde que haja uma orientação claramente nortenha e evitando a acção de "infiltrados" dos valores lisboetas e centralistas, concordo. Porém, parece-me que a localização das instalações desse canal, presumo que em Matosinhos Sul, não favorece muito o acesso de possíveis convidados, trabalhadores e outros intervenientes, pois acho que uma localização mais central facilitaria o acima exposto, já que muitos não têm carro e os transportes públicos são o que são. Cumprimentos.
ResponderEliminarA Revista do JN de hoje sabado(custa 3 euros) sobre o FCP está MUITO BOA.
ResponderEliminarzangado,
ResponderEliminarneste momento, com o centralismo enraivecido e a crise nas mãos do FMI, não podemos pedir mais do que aquilo que [ainda] não temos. Isto para dizer, que o FCPorto terá de fazer um esforço financeiro muito grande para concluir o negócio com o Porto Canal.
Portanto, a localização do canal neste momento é apenas um detalhe pouco relevante.
PS-O Porto Canal está localizado na Senhora da Hora e tem o Metro à porta.
Um abraço