Se o ex-político, Marcelo Rebelo de Sousa e o empresário recém falecido Salvador Caetano, fossem territórios ou oceanos, sem dúvida formariam, dois pontos completamente antipodais. Enquanto Salvador Caetano fez do trabalho duro e da sua 4ª. classe, um império de sabedoria, traduzido em cerca de 2,4 mil milhões de euros e em 6.500 "irrisórios" postos de trabalho distribuídos por vários países do Mundo, Marcelo Rebelo de Sousa, com a sua licenciatura em direito, e enquanto político, pouco fez de relevante pelo país...
Ou me engano muito, ou foi mesmo por Marcelo ter a língua comprida, que Passos Coelho travou a ida do administrador da TVI, Bernardo Bairrão para Secretário de Estado da Administração Interna. E se foi de facto essa a causa da súbita mudança de ideias de PPC, só tenho é de o elogiar. Primeiro, porque deu um claro sinal de querer blindar o novo governo das prodigiosas boatices de governos anteriores. E segundo, porque sem entrar em explicações estéreis, disse claramente quem manda no partido e no Governo. Espero que esta atitude seja seguida de outras semelhantes sempre que achar imperativo fazê-lo. Se tiver arcaboiço para suster as pressões internas e dos media, pode ser que este seja o princípio de uma nova forma de fazer política. Não tenho lá muita fezada, mas quem sabe?
Não vejo pois, como populistas [longe disso] estas recentes notícias que dão conta da fuga de alguns membros do Governo às futilidades protocolares. O que é preciso é continuar, não abrandar, nem dar sinais de que estes actos não passam de romanticos e voláteis processos de intenções. Acho bem, didáctico até, que alguns deputados e membros do governo, passem a ir [sempre que possível, claro] de bicicleta para o parlamento ou para os ministérios. Acho correcto que tentem evitar tanto quanto possível o recurso a luxos e mordomias num momento como o actual, onde o desemprego sobe vertiginosamente e o custo de vida também. A isso chama-se, bom senso. Ao contrário do professor Marcelo, que até sobre futebol gosta de dar pareceres, não penso que o actual Ministro da Economia tenha deixado cair os parentes na lama por gostar que o tratem pelo nome. Afinal, é pelo nome que todos nos devemos tratar. O senhor Ministro Álvaro Santos Pereira viveu alguns anos num país moderno e evoluído, como o Canadá, limpou a cabeça de preconceitos. Não será portanto Portugal o país mais indicado para lhe dar conselhos, e muito menos o senhor Marcelo.
O uso extemporâneo do título académico antes do nome, mais não é do que uma manifestação bacôca de provincianismo e pedantice que só agrada às pessoas que não confiam nas suas capacidades e na sua honra pessoal. Marcelo, até neste comentário foi ridículo, deixando bem visível os laços que ainda o prendem ao Estado Novo...
Gostava, era de ver Marcelo preocupado com outras situações, essas sim, graves e indignas de quem ascendeu a lugares políticos de relevo, como os seus ex-colegas de partido, Dias Loureiro e Duarte Lima [só para citar alguns]. Presumo que falar destes políticos «exemplares», e da pouca vergonha que os envolve, seja proibido, assunto tabu, acto populista, mas diga-se de passagem, tanto cinismo, já começa a agoniar.
Bem tinha as minhas razões em desconfiar das palavras de Ludgero Marques, proferidas aqui há uns anos, quando pretendia acabar com o tratamento de engenheiro nos círculos empresariais. O português-tipo não alinha em pragmatismos, gosta da - desculpem-me a grosseria - cagança. Põe sempre o parecer à frente do ser.
Talvez seja esta vacuidade mental que continua a dar lastro a futuros Marcelos Rebelos de Sousa. Convencidos e hipócritas.
Talvez seja esta vacuidade mental que continua a dar lastro a futuros Marcelos Rebelos de Sousa. Convencidos e hipócritas.
O curioso é que o rapaz que ia de lambreta para a AR e para as reuniões do partido, chegado a ministro, em plena tomada de posse, pediu a um colega para lhe levar a mota de volta porque ele já não largava as brutas máquinas que tinha ao seu dispor. E esta hein! ?
ResponderEliminarCaro Sr Rui Valente
ResponderEliminarGostei - "imenso" - como agora soa bem dizer-se, da sua postagem de hoje...
Também eu acho que a "cagança" e os marcelos-opinantes são, um dos nossos principais "problemas"! Mas,com os marcelos,dado que a minha TV possui off-on,posso eu bem.Com a cagança é que é pior,dada a inexistência de botão...
A propósito do seu post,ocorreu-me um e-mail recebido de um amigo português-emigrante no Luxemburgo- e que passo na íntegra :
"Aqui no Luxemburgo e restantes países da União Europeia,os únicos Doutores conhecidos são os médicos...
Engenheiros,Canalizadores;Arquitectos,Agricultores,Advogados;Pedreiros,Professores e restantes cidadãos são conhecidos pelo respectivo nome e apelido.
É interessante reparar que mesmo aí em Portugal,os ilustres portugueses que partem passam a ser referidos nos media pelo apelido... deixam de ser doutores e engenheiros,como é o caso de Durão Barroso e António Guterres assim tratados nas TV's portuguesas.
Um amigo meu, Luxemburguês, que foi há tempos a Portugal em viagem de negócios,pediu-me alguns conselhos em particular como tratar os seus parceiros Portugueses.Não hesitei um segundo e disse-lhe:
-Werner,trata todos por doutor,assim não tens problema.
De regresso o meu amigo Werner vinha radiante,as reuniões correram lindamente. ".
Continuarei a seguir o seu blog com interesse sempre ..."renovado".
Cumprimentos
João Carreira
Caro João Carreira
ResponderEliminarNinguém entende esta "gente".
Uns, vão para a televisão, dizer que os portugueses têm o péssimo hábito de falar mal de si próprios. Outros, recusando olhar para a história, para a realidade "troikana" do país, colocam-se em bicos de pés e censuram hábitos de relacionamento entre políticos e cidadãos de países muito menos elitistas que o nosso e bem mais desenvolvidos. Se isto não é presunção, o que é então?
Mas, a comunicação social também não sai inocente disto. É ela que alimenta a ideia de relevância de certos comentadores e "politólogos", pagando-lhes, e bem, os seus dotes teatrais.
Cumprimentos e obrigado pelas s/ palavras
Pois eu, como leitor e entusiasta dos livros do novo Min. da Economia, estou com alguma curiosidade em saber como é que ele irá passar da retórica exposta nos livros (que a meu ver está no caminho correcto) à prática no gabinete ministerial.
ResponderEliminarDe qualquer forma, não me surpreendeu o pedido de tratamento informal do ministro. Nem é preciso ir mais longe do que a vizinha Espanha, onde não existem títulos e toda a gente se trata por tu.
A mania dos Doutores e Engenheiros (da qual eu sou vítima por estar incluído na segunda categoria) está enraizada na cultura portuguesa como uma forma de reverência que mais não é do que um formalismo que vinca as assimetrias.
Vindo do Canadá onde a mentalidade será muito mais aberta, não admira que "o Álvaro" não se sinta à vontade com tanta reverência...
Queria referir que na Unicer - Via Norte, desde que chegou António Pires de Lima, as pessoas são tratadas pelo nome, mais nada!
ResponderEliminarQuanto ao Marcelo, que ouço sempre, por uma razão que foi magistralmente defenida pelo actual Sec de Estado da Cultura, Francisco José Viegas... Dizia ele então, colocando as palavras no seu tio Dr Homem, " Marcelo é um pantomineiro com graça "
Conhece melhor definição ?
Ontem, na SIC, Maria João Avillez,
ResponderEliminartambém veio a terreiro puxar dos galões académicos, aproveitando a boleia para dar início à tradicional má língua e começar a denegrir a imagem do recém nomeado Ministro da Economia. Em Portugal, não há espaço para os inimigos dos precoceitos.
Viva a hipocrisia!