22 julho, 2011

A ditadura das Televisões "nacionais"

Às vezes, ponho-me a pensar no que seria a vida dos políticos portugueses se ela dependesse de mim. Dito de forma mais democrática: o que seria deles, se todos os nortenhos sentissem como eu sinto o desgosto de viver num país refém de tão desqualificados governantes. No preciso momento em que escrevo "governantes", tive vontade de suprimir o substantivo por outro de menor dignidade, com receio de passar uma falsa ideia de respeito, que no fundo da alma, não sinto pela actual classe política. E eu, que até nem gosto de generalizar, por saber quão injustas podem ser as generalizações!

Dito isto, e como exemplo, chega-me casualmente à memória, uma figura do anterior Governo: o ex-Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos. As referências às capacidades técnicas e intelectuais deste político antes de ir para o Governo, eram tudo menos desprezíveis. No currículo incluem-se algumas menções honrosas e prémios internacionais. Consta até, tratar-se de um bom homem, de uma pessoa com tendência para a consentaneidade. Então, o que terá falhado, para sair quase humilhado do Governo? 

Faça o que fizer, um homem não pode desligar-se da sua primeira condição, que lhe advém, precisamente, de ser pessoa. Depois, seguem-se todas as outras, inerentes aos respectivos cargos, obrigações e responsabilidades. Atalhando: por que terá sido então que Teixeira dos Santos, sendo tecnicamente competente,  não estando frequentemente de acordo com as directrizes suicidas do seu 1º. Ministro,  optou pela fuga para a frente, em vez de colocar o lugar à disposição? Por uma questão de solidariedade governativa? Não faz nenhum sentido, ser solidário com as más decisões. Ou fará? Então por que o foi? É  nestas ocasiões que entra a pessoa, o seu carácter, e sai o político, o que nos levará a concluir, olhando para outros casos similares, que é o carácter que mais tem faltado nas decisões dos nossos governantes.

E é por não haver carácter na classe política, que assistimos à discriminação negativa da nossa Região. Falta-lhe o sentido da Honra. Fomos e continuamos a ser, tratados com um desprezo maquiavélico, que raia o colonialismo e a xenofobia! O modo vexante com que os governos do país têm vindo a lidar com este problema é indigno de um regime democrático. Em Democracia deviam já estar a contas com a Justiça. Em nome de um patriotismo que nem eles sabem explicar, demitem-se de corrigir estas anomalias sem parecerem dar-se conta da sua gravidade.

Talvez seja essa indiferença, essa profunda irresponsabilidade, que explica o facto de  já nem conseguir eleger um canal de televisão nacional para me manter informado. Quando me esqueço disso, a impressão que se segue, é literalmente oposta à que busco, ou seja, sinto-me desinformado! Mais. Sinto não pertencer a um país íntegro. E não é por causa da Troika, mas antes, pela irresponsabilidade dos que a atraíram para cá ...

RTP, SIC e TVI são, cada vez mais órgãos de comunicação regionais de Lisboa, embora se proclamem nacionais! Nestes canais, todos os dias são violadas as regras mais básicas da deontologia da comunicação. Os valores da Democracia são espezinhados sucessivamente, sem qualquer respeito pela Liberdade. 

Se houver alguém com dúvidas, é apreciar os noticiários desportivos... O sectarismo é tal, que consegue transformar o defunto Oliveira Salazar num Democrata. E eu, começo seriamente a acreditar que o tempo da outra senhora, afinal, é este.

2 comentários:

  1. JN de hoje, 22 de Julho:

    Não há memória de um corte tão acentuado a uma qualquer estrutura cultural como a feita à Casa da Música, cortando 15% do devido num ano em que S. Carlos até viu aumentado o seu pecúlio.
    Não há ministro da Cultura, mas parece haver 1º ministro. Haverá também respostas?

    ResponderEliminar
  2. Já não é a primeira vez, que a fome de um poleiro (a Fama) importante, leva o homem a perder os seus reais valores.

    Esta pseudo/democracia está viciada de pessoas oportunistas, para ganharem dinheiro na política e fora dela, fazendo grandes negócios.

    Os Media, estão estão no centro das grandes decisões, que infelizmente em Portugal é só Lisboa.
    O resto do país é paisagem, com as suas gentes só a pagar impostos.

    Vejam se eles estão muito interessados na Regionalização? isso é que era bom... isto não passa de uma ditadura camuflada.

    O Norte não tem voz, só tem é lambe/cus a espera de tachos.

    O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO

    ResponderEliminar

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...