07 setembro, 2011

Descrença

Quem costume visitar este blogue, terá talvez reparado que são cada vez mais espaçadas as minhas intervenções. Há razões, de ordem pessoal e familiar, impeditivas de maior assiduidade, mas estas não são as únicas, nem talvez mesmo as principais.

O que se passa é que cada vez estou mais descrente no futuro deste país. Portugal caminha aceleradamente para se transformar na Albânia do oeste europeu. Um país que actualmente vê os seus indicadores de riqueza material em contínua degradação, aumentando deste modo o fosso que o separa dos valores médios dos seus parceiros europeus. Durante alguns anos julgámo-nos europeus de pleno direito e euforicamente fomos induzidos a viver acima das nossas possibilidades, tanto individualmente como a nível do Estado. Afinal de contas, vemos agora, foi um doping, mas como todo o doping resultou durante uns tempos e depois veio a factura para pagar : a ressaca! Dizem que a procissão ainda vai no adro, e que o pior está para vir. Se já está mau como está, como virá a ser?

Moralmente também nunca estivemos tão baixos. Tudo o que é ética, códigos de conduta, princípios morais, foi lançado às urtigas, juntamente com um dos pilares da Democracia, a Justiça. Vale tudo, desde que se "tire vantagem". Por outro lado a nossa sociedade civil vive um sistema de castas não declarado, em que há brâmanes e há párias, um pouco como na Índia. Para complicar a situação, começam a aparecer sinais de que a Maçonaria, essa entidade difusa e misteriosa que se julgava adormecida, está afinal bem viva e condiciona a vida pública de uma forma que não se julgaria possível. Como se não bastasse o regime tipo mafioso dos nossos partidos políticos, surge agora um novo factor perturbador!

Os governos há muito que dão sinais da sua incapacidade de lidar com a complexidade da situação, até porque a maioria dos seus elementos vêm demonstrado não estar à altura das necessidades, notando-se uma patente deterioração no decorrer das últimas dezenas de anos.

O Povo, esse continua a fazer jus ao seu epíteto de " povo de brandos costumes" e continua apaticamente como se não fosse nada com ele!
O PR é um mero jarrão decorativo. Pode não gostar-se de Mário Soares, mas há alguma comparação entre a sua combatividade e o consulado abúlico do actual presidente?

Qual a solução para esta situação, que implica que muita gente comece a aceitar soluções políticas que teria repudiado há algum tempo atrás? Haverá possivelmente respostas não convencionais, difíceis, dolorosas, mas não impossíveis. Talvez volte ao tema.

3 comentários:

  1. é caso para afirmar que, neste nosso cenário, novo para mim*, «o povo, unido, outra vez foi vencido»**.

    abraço
    Miguel

    * pertenço à colheita de ´75

    ´** verso de uma música de Gabriel, o pensador.

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  2. É talvez por causa dessa descrença que às vezes fico com a sensação de não ter mais nada para dizer. O país bateu no fundo e ponto.

    Mas, a revolta que me domina por saber que os criminosos continuam sem castigo recarrega-me as baterias. Enquanto puder, hei-de tratá-los como merecem. Como canalha.

    Um abraço, meu amigo

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  3. Caro Farinas, às vezes também sou tomado da descrença, mas passado pouco tempo reajo e lá estou novamente no combate. Sei que você vai fazer o mesmo.
    Um abraço

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