21 novembro, 2011

Explicações para a improdutividade do FCPorto

Em abono da verdade, no FCPorto as crises, não chegam a ser crises. Felizmente para os adeptos do clube, infelizmente para os inimigos, como o mal afamado jornalista, conhecido por   benfiquista de Paredes. No FCPorto dos últimos 20/30 anos, as fases negativas não ultrapassaram a perda de um ou outro  campeonato, e mesmo assim sempre com uns troféus ganhos pelo meio. Claro que, num país governado por gente de baixo quilate como é o nosso, a comunicação social permite-se ao luxo indecente de tentar humilhar o FCPorto sempre que pode, como é agora o caso.  De um simples espirro, prefere chamar-lhe crise profunda, partindo daí para uma ficção capaz de fazer inveja às novelas de Corin Tellado.

Não estou pois muito preocupado com o futuro do FCPorto, embora deteste pressentir que a breve prazo [espero], o regresso à normalidade lhe vai trazer algumas decepções.

Enquanto houver uma competição para ganhar, e enquanto for conveniente para o clube, os adeptos vão ter de ser pacientes e aguardar os próximos tempos, torcendo para que o ciclo negativo que estamos a atravessar se inverta, ainda com Victor Pereira ao leme, aproveitando [se for capaz] os derradeiros cartuchos que ainda tiver para dar a volta ao texto.

Vai ser um período difícil para os portistas, mas lá terá de ser. Entretanto, descendo à terra do futebol do século XXI, onde os milhões tomaram de assalto o amor à camisola de jogadores e treinadores, gostava de colocar algumas questões que me parecem pertinentes.

Já foram escalpelizadas quase todas as conjecturas sobre o mau momento da equipa senior do FCPorto [os outros escalões, e as modalidades, continuam bem], mas permanece uma que me parece estar a escapar à própria estrutura directiva, que consiste em  lidar eficientemente com a fobia dos mercados, e o impacto desestabilizador que ela pode exercer nas prestações dos atletas ao serviço do clube.

Não nos iludemos, hoje, no futebol de alta competição, terminaram os atletas-paixão-clube, já só resta um género, que são os atletas-cifrão-patrão. Sobre isto, suponho não haver dúvidas. Assim sendo, parece-me ter chegado o momento de reconhecer, que o que sobra de verdadeiramente genuíno no futebol de alta competição entre administração, jogadores e público, com todos os seus excessos, são os adeptos, precisamente os únicos que saem a perder desta triologia, em termos económicos e financeiros. Gastam dinheiro em quotas, nos bilhetes e nas deslocações, pedindo apenas em troca o...sucesso.  Bem vistas as coisas,  há aqui assimetrias um tanto injustas, que só podem ser colmatadas pelo clube de uma única maneira:  vencendo.  E produzindo melhor futebol. 

Dentro das explicações conhecidas para o mau momento do clube, há algumas que na minha opinião tiveram preponderante impacto negativo nos atletas e nas suas prestações, tais como:
  • Indefinição excessivamente longa das saídas e permanências [Rolando, Fernando, Álvaro Pereira, Fucile e Moutinho]. Recorde-se que até Falcao era para ficar, depois de se ter especulado a saída várias vezes.
  • Saída extemporânea do treinador, provocando a solução de recurso Victor Pereira
  • Inadaptação da SAD à agressividade e especulação do mercado
Os dois primeiros pontos já são conhecidos, mas não tanto o último. Recordo-me bem do incómodo que pessoalmente me causou o constante ruído feito em torno das saídas durante todo o defeso e de me interrogar como estaria a Direcção a lidar com este "bailado" de supostas transferências. Não especificamente por causa da Direcção, mas pelo efeito que isso podia produzir no espírito dos jogadores no caso das supostas saídas abortarem [como sucedeu] e terem de continuar no clube...contrariados.

É aqui que pretendo chegar. Estará a SAD devidamente preparada para lidar com esta nova realidade dos mercados? É que, talvez não nos tenhámos apercebido, mas as coisas mudaram mais do que parecem nos últimos anos. Os jogadores hoje estão sujeitos a uma desregrada pressão mediática pouco tempo depois de assinarem contrato, visando o "salto" para outros clubes onde eventualmente poderão ganhar mais dinheiro. Veja-se o que aconteceu com o Falcao, com o Hulk e até com o James Rodriguez, este último que mal tempo teve para se afirmar como titular no clube e já está a ser cobiçado por outros economicamente mais poderosos.

O que era preciso saber, é se há [ou vai haver] alguma estratégia do clube para conviver com isto, ou se consideram simplesmente que nada há a fazer para minorar os estragos. Na minha modesta opinião, o mínimo que devia ser feito em situações como estas, era [o Presidente], reunir com o plantel e a equipa técnica logo no início da época, enfatizando a mística do clube, sensibilizando os atletas novos para essa realidade, lembrando-lhes que a partir daquele momento são sua pertença exclusiva, sendo pagos para o representar com o maior empenho e dedicação, não admitindo desconcentrações ou desmotivações* enquanto a ele vinculados contratualmente. 

Reuniões dessas deveriam ter lugar, sempre que se justificassem, sobretudo quando os jogadores denunciassem sintomas de instabilidade com efeitos nefastos nas prestações desportivas. Como já escrevi anteriormente, considero que este papel cabe, em primeira instância, ao treinador [e é também neste capítulo que me parece falhar Victor Pereira], até porque é quem está em contacto permanente com os jogadores, e em casos extremos à Direcção.  

Poder-se-à dizer que estas reuniões perdem qualquer eficácia frente a uma pipa de euros, mas para isso é que existem prazos contratuais, e uma vez que os empresários não os respeitam, que sejam obrigados a fazê-lo os jogadores.
  

*James Rodriguez deu, recentemente, sinais de não estar devidamente 'instruído' para responder às perguntas armadilhadas dos jornalistas. Inquirido se pensava ser transferido para um grande clube, não soube responder como seria suposto a um jogador que ainda mal 'cheirou' o balneário da casa, que era dizer: "mas eu já estou num grande clube!" . Não o fez.

Sendo improvável restaurar o amor à camisola dos velhos tempos aos jogadores, e já que se lhes paga tão bem, então que se lhes exija uma total dedicação profissional ao clube enquanto nele permanecerem.


8 comentários:

  1. Rui, a SAD está preparada, porque também está no mercado e sabe bem quais são as regras do jogo. Agora é uma questão muito sensível, que obriga a grandes equilíbrios, para não radicalizar posições e se perder pau e bola.
    No resto, como sabe, há vários factores que estão a fazer desta época uma época atípica.
    Acho que no futuro, depois de uma temporada como as de 2004 e 2011, se não for possível manter toda a estrutura, treinador e jogadores fundamentais, fecha-se o ciclo e parte-se para outro, como nova gente.

    Abraço

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  2. Vila,

    as razões da má fase, são várias, como já percebemos.

    O que me parece é que os jogadores [sobretudo os mais jovens] não estão a ser convenientemente blindados do assédio dos media e das transferências [hipotéticas] prematuras.

    O caso do James, por exemplo. Está cá há pouco mais de uma época e dá a sensação que já está a pensar partir para outro clube. Há uns tempos atrás a coisa não era bem assim. Primeiro integravam-se e só uns anos depois é que pensavam em sair.

    Um abraço

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  3. O um dos grandes males dos clubes, são alguns parasitas de empresários de jogadores que não querem saber valorização do jogador que o clube lhe dá. Alguns empresários maléficos do futebol, vêm com historias (que passam para a comunicação social) que alguns clubes estão interessados nos respectivos jogadores que é para obrigar os clubes a renovar os contratos, e eles meterem uns milhares de euros ao bolso.

    Falou-se muito do interesse de alguns clubes em jogadores do FCP no final da época passada, mas o que é certo com excepção de um ou outro não passou só de conversa.

    O problema do FCPorto é aquilo que já se disse muitas vezes, ou seja falta de liderança.

    Quanto ao senhor vermelho de Paredes, só há algo a dizer: palavras de burro não chegam ao céu.

    O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO.

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  4. Infelizmente e já tem acontecido com alguns, só depois de constatarem outras realidades é que se apercebem do que deixaram para trás.

    Abraço

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  5. Estamos no ano de 1988, e eu por razões profissionais, vou ao Aeroporto de Pedras Rubras, onde encontro um grande amigo meu, transmontano como eu, Portista como eu, e trocamos umas falas, e... surge o JNPC, que fez uma enorme festa por encontrar o tal meu amigo, seu antigo colega, no Colégio das Caldinhas, e mais tarde no Porto.
    Como este meu amigo, é de Chaves, em desafio perguntou a JNPC:
    - Queres tirar o Raul Aguas ao Chaves?
    - (PC) Quem te falou nisso?
    - Vem nos jornais, diz-se que é ele ou o Quinito ! Tu achas que quer um quer outro, tem "estaleca" para isso ?
    - (PC) Olha lá, se eu fiz do Artur Jorge Campeão Europeu, não faço desses Campeões?
    (Foi este o dialogo, uma ou outra palavra poderá não ser, mas penso que é quase a 100%).
    Isto está ligado a qualquer coisa!
    Olhando para trás, lembrei-me desta conversa, várias vezes... Del Nery, Octávio, Couceiro e...agora o tal Vitor !!!

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  6. Anónimo das 12:41,

    concretize! Não se fique pelas meias palavras. Vá lá, um pouco mais de coragem talvez seja suficiente para sabermos onde quer chegar.

    Se é a ironia de PdC que pretende destacar, não precisava, toda a gente a conhece.

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  7. Rui Valente,

    Sou o anónimo das 11,35. Não quero nesta situação especifica, dizer quem sou, por motivos meus, que um dia poderei ultrapassar. Foi a 1ª vez que o fiz anonimamente, mas frequento uma boa meia duzia de blogues, sobre o Porto (com ou sem futebol) e o Norte, especialmente o Douro.
    Também não estou autorizado, a identificar A.A., o tal amigo Flaviense (se PdaC. estiver a ler sabe quem é).
    O que eu queria dizer, não era obviamente, que PdaC. tem humor e ironia !!! Era que ele hipervaloriza a sua acção directiva, que dá a volta à equipe, encostado à rede do Olival, e isso não é bem assim.

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  8. Rui Valente,

    Desculpe, identifiquei-me como o anónimo das 1,35, mas errei... era 12,41, que devia ter escrito.

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