Há muitos anos, os nossos antepassados
inventaram deuses para explicar fenómenos - o vento e a chuva, o sol e a
lua, o fogo e a tempestade, o dia e a noite - para os quais não tinham
explicação, e organizaram religiões com o objetivo de influenciar os
humores imprevisíveis da mãe Natureza.
Bastante empreendedores, como está documentado pela capacidade de construírem as pirâmides do alto das quais 43 séculos de História nos contemplam, os antigos egípcios arquitetaram uma narrativa religiosa bastante completa, onde, por exemplo, Rá, deus do Sol, cuspiu Shu, deus do Ar, e Tefnut, deus da Humidade.
No panteão de deuses egípcios, Ísis encarregava-se dos seres vivos, mas nem o futuro (Osíris superintendia a todo o processo da jornada até ao Além) nem os sentimentos - Seth era a divindade que tratava do ódio - eram negligenciados.
Interesseiros, os gregos abriram espaço na sua mitologia para Hermes, deus dos comerciantes, a quem rezavam e dedicavam o sacrifício de animais, na tentativa de o satisfazer e melhorarem as vendas.
Coube aos hebreus o louvável esforço de racionalização desta confusão panteísta de adoradores de uma multidão de deuses.
Abraão foi, à época, o equivalente à Maria Manuel Leitão Marques, o rosto do Simplex religioso, da fundação de uma religião monoteísta, em que um só Deus, todo poderoso, responsável por toda a Criação, que se ocupa em regime de acumulação de todos os pelouros - e a quem os fiéis podem recorrer seja qual for a índole da sua aflição.
Nove em cada dez dos seis milhões de benfiquistas refugiaram--se na religião para achar uma explicação para a esmagadora hegemonia portista no nosso futebol.
Os panteístas atribuem as culpas a efeitos conjugados da ação malfazeja de alguns anjos e demónios, como Jesus (o Jorge), Vítor Pereira (o dos árbitros), Luís Filipe Vieira e Pinto da Costa. Outros, monoteístas, optam por culpar apenas os árbitros por todas as suas desgraças.
Como portista e agnóstico compreendo a desorientação teológica que se apoderou dos benfiquistas. A moderação da minha satisfação pela conquista do bicampeonato deve-se ao facto de por mais de uma vez ter festejado tris, tetras e até um penta. Mas para se gabar de ter vivido um bi, um benfiquista tem de ter pelo menos 28 anos -e um sportinguista 59 anos!
Enjeitar as responsabilidades pelas derrotas e fracassos, atirando- -as para as costas largas da arbitragem, não é o caminho certo para os benfiquistas contrariarem o domínio azul e branco e devolverem algum suspense à indústria do futebol.
Demonizar os árbitros e sacrificar animais à Fortuna (a deusa romana da Sorte) é o drama da mitologia benfiquista. Para voltar às vitórias, o Benfica tem de aprender com Minerva (a deusa romana da Sabedoria) a lição de que as vitórias portistas são filhas da combinação de talento com competência e muito, muito, trabalho. Só assim a sua fé no futuro terá fundamento.
Eu não agnóstico, sou católico e sportinguista... conheço, no entanto, muitos portistas que discordarão da sua visão. Se o trabalho é importante, não é mentira que outros factores que fala não são menos importantes. A pergunta fica para si: Quem tem mais mérito na conquista do campeonato, o treinador ou o presidente?
ResponderEliminarCaso a resposta seja a segunda está a dar o verdadeiro chuto na sua opinião, isto a não ser que além de agnóstico seja ilógico.
Caro Miguel,
ResponderEliminardesculpe, mas não percebi muito bem o seu comentário. É que, embora ache este post muito interessante, não sou o seu autor. É do jornalista Jorge Fiel, como está bem plasmado na assinatura e na foto.
Portanto, não deve estar a referir-se a mim, porque não encontro no artigo qualquer alusão aos méritos do campeonato ganho pelo FCPorto, quer a Pinto da Costa quer a Victor Pereira.
Lamento decepcioná-lo, mas neste contexto, é impossível aplicar qualquer chuto ou bofetada na minha opinião, com ou sem lógica ou fé cristã.
Nem tão pouco a Jorge Fiel...
Pode-se ser agnóstico na religião e em muitas outras coisas, mas em relação ao FCPorto sou um crente em absoluto, porque não é preciso ser como Stº Tomé está à visto a realidade, e só não vê quem for cego, que somos os melhores em tudo.
ResponderEliminarO grande problema dos Mouros, quer sejam verdes ou encarnados, é não saberem se são católicos ou muçulmanos eis a questão!..
Azia é um grande problema gástrico, em que estes Choringas da Moirama vão sofrer para toda a vida, porque é crónico.
Já que falamos em Azia aquele Meio/Preto - Zé/Caracoleta o Anão ontem no programa da SIC "Tempo Extra" o infeliz estava numa agonia de fazer pena, até já bradava as armas (vejam bem) para que os Mouros viessem combater o FCPorto e o Sr Pinto da Costa.
Senhor tenha piedade destes incrédulos.
O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO.