06 janeiro, 2016

Ser do Porto e ser do Norte

Emídio Gomes
Sendo certo que se poderá dizer que não se escolhe a terra onde se nasce, o mesmo já não será necessariamente verdade com o local em que se vive. Por decisão dos meus pais nasci no Porto, na freguesia de Massarelos. Por opção própria, é também nesta cidade que vivo, após regressar definitivamente de um intervalo de cerca de treze anos que se seguiu à conclusão do liceu. Descontando algum grau de parcialidade, entendo que vivo num dos melhores locais do Mundo. A relação da cidade com o rio e com o mar, que estão dentro de si, a situação geográfica, o seu caráter moldado pelas pessoas, as infraestruturas, o acesso à educação e à saúde e o nível de segurança percebida fazem do Porto um local único para viver. Acresce ainda um lado emocional puro que resulta da minha paixão pelo Futebol Clube do Porto, com que me identifico desde que tenho memória de infância e então me deslocava a pé durante mais de uma hora para o estádio, levado pela mão de um avô substituto, porque a lei na vida não me permitiu conhecer os verdadeiros. Este lado não se explica, sente-se; é um estado de espírito que me levará a nunca compreender os que assobiam o seu próprio clube, mas também a ter um respeito absoluto por todos aqueles que não partilham esta minha causa.
Mas sou também de Trás-os-Montes e Alto Douro por adoção. Vivi mais de seis anos em Vila Real, cidade que fez de mim seu cidadão "grau ouro". Desde os cinco anos sou também de uma aldeia de São João da Pesqueira, bem no coração da mais fantástica região vinhateira do Mundo, justamente reconhecida pela UNESCO Património Mundial.
Gosto de ser do Norte, com muito orgulho em ser português. É nesta região que me sinto bem a trabalhar para o país, com o privilégio atual de gerir a sua CCDR. Em que cada um dos projetos que abraço é o mais importante de sempre, porque é aquele que no momento importa. Porque me sinto muito bem como profissional da Universidade do Porto há trinta anos, onde fui pró-reitor, da mesma forma que tive enorme orgulho em presidir ao Conselho Geral da Universidade de Trás-os-Montes, em ter integrado o Conselho Estratégico da Universidade do Minho, em ter sido diretor de uma Escola da Universidade Católica do Porto e na colaboração com dezenas de projetos envolvendo municípios da região, visando a criação de emprego e a sua qualificação.
Porque acreditem que é muito bom ser do Porto, gostar de ser do Norte e ser português inteiro

6 comentários:

  1. "Porque acreditem que é muito bom ser do Porto, gostar de ser do Norte e ser português inteiro."

    isto sim é falar.

    orgulho sem desdém!

    ResponderEliminar
  2. Afora o curriculo que nem de longe se compara todo o sentido do que aqui se expressa se ajusta como um fato por medida ao que eu próprio sinto e penso, relativamente ao Futebol Clube do Porto, à cidade do Porto, ao norte do país. Somos, de facto, um grande Povo|

    ResponderEliminar
  3. De facto, foi por me rever neste artigo, que fiz questão de o publicar. Nasci, no Porto, meu pai era transmontano (de Chaves), minha mãe minhota (Vila Verde), embora viessem ambos ainda crianças viver para o Porto. Creio que esta fusão de nortismo refina ainda mais o imenso orgulho de viver nesta região magnífica. E é por isso também que gostava, idealizava muito que o Norte se tornasse mais afirmativo e combatesse com tenacidade o centralismo que nos tem amordaçado.

    ResponderEliminar
  4. Também me revejo neste artigo, salvo as diferenças curriculares, e o tempo de ausencia na nossa cidade, que no meu caso foram 34 anos. Viva o Porto, Viva o Norte.
    Abraço
    Manuel da Silva Moutinho

    ResponderEliminar
  5. Eu também sinto muito orgulho de ser um cidadão do Porto um homem do Norte e um português de um país democrático, mas infeliz de viver numa democracia centralista quase a roçar os maus velhos tempos.
    Somos todos portugueses, mas, não é bem a mesma coisa com este centralismo.

    Costa do Castelo.

    ResponderEliminar

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...