31 agosto, 2016

Do centralismo político e desportivo

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José Maria Pedroto, o que resta do verdadeiro portismo

Digam o que disserem, no universo portista há pelo menos dois tipos de adeptos: os que amam verdadeiramente o FCPorto, e se sacrificam para o acompanhar e defender, e os que, a coberto do portismo, corroboram no jogo sujo dos seus inimigos na qualidade de comentadores. Por favor, não esperem de mim outro tipo de expressão. Quando digo inimigos, é mesmo isso, inimigos. Afirmo-o, com a mais profunda convicção. 

É preciso acabar de uma vez com a cínica demagogia de manipular as palavras. Os clubes rivais de Lisboa não são adversários, são inimigos. Não estamos em Inglaterra! Para serem só adversários, teriam antes de mais, de integrar um país civilizado, amigo  do civismo, e das boas normas de integridade.  Esse modelo de país não existe em Portugal, porque - como já diziam os romanos quando por cá andaram -, é um povo que não se governa, nem se deixa governar. Provam-no, a 1ª República (1910/1926), o Estado Novo (1933/1968) e a impoluta "Democracia" (1974/2016), o que desmente em parte o mito habitual de responsabilizar os regimes políticos pelo nosso baixo índice de urbanidade. 

Pode sempre argumentar-se que o país é constituído por outras cidades, logo, também com os respectivos clubes de futebol, e que portanto  são todos igualmente incivilizados, só que há uma razão muito forte que desmonta este argumento, é que Portugal é dominado por uma cidade/capital/governo, exorbitantemente centralista, diria mesmo imperialista. Lisboa não governa o país, governa-se a si própria mas parasitariamente, dominando e influenciando o resto do país. A diferença é que,  para os lisboetas esta situação convem-lhes, para eles está tudo bem, preferem desprezar a justiça das nossas objecções, a olhar para nós como parte integrante de um todo, com o tal sentido patriótico que muito apregoam mas não praticam.

Os problemas do FCPorto não são a minha única preocupação neste momento, as coisas são mais sofisticadas do que parecem. Claro que não ajuda nada a levantar a moral dos portistas a postura submissa do seu Presidente e as constantes demonstrações de incompetência dos últimos anos. Preocupa-me sim, e muito, as consequências. Os media lisboetas aproveitam o momento para intensificar a propaganda centralista, sem quaisquer pruridos de fair play, ignorando o FCPorto e privilegiando os clubes da capital para através disso dominarem tudo o resto.  O Jornal de Notícias é um exemplo desse domínio, tem cada vez há mais sul, e menos norte. Devagarinho, assim como quem não quer a coisa, o Benfica começa a ter o mesmo protagonismo que tem em todos os jornais de Lisboa, e não falo sequer dos desportivos... Na página "Nacional", Odivelas surge com mais regularidade que Gondomar, é assim que se lisboatiza um jornal do Porto e se amansa a cidade e uma região. 

Por isso, não dei grande importância à ideia de homenagear a Selecção Nacional na nossa cidade. Para mim, Marcelo já deve ter percebido que os portuenses, sobretudo portistas, não vão muito à missa da selecção. O histórico de discriminações da FPF e da Liga a vários níveis contra o FCPorto  é vasto e antigo. Esta homenagem pode ser uma forma de testar, para depois habituar os portuenses no seu próprio terreno aos interesses centralistas. A selecção está-lhes a servir de catalizador para nos reprimir a revolta que nos vai na alma e que não deriva apenas da situação actual do clube ou da abdicação activa do nosso presidente. As causas são mais profundas e graves. Lisboa está neste momento a tentar colonizar o Porto. Agora, que começaram a perceber que a nossa cidade é elogiada lá fora, começam a invadi-la e a adquirir espaços para negócios e imóveis para especular. 

Em circunstâncias normais, repito normais, diria: venham, cooperem connôsco, invistam, criem emprego, mas respeitem-nos. Se chegam aqui para impôr as vossas preferências, os vossos hábitos e gostos, então deixem-se estar na vossa terrinha. Nós somos um povo de tradição hospitaleira, mas amámos o Porto antes de tudo. Isto não é coutada de ninguém. Fiquem com o vosso benfiquismo no coração mas deixem o nosso FCPorto em paz, senão serão malvindos. Sim, porque em Lisboa é "natural" ouvir certos jornalistas a enganarem-se frequentemente nesse português alfacinha muito giro que nunca troca os vês pelos bês, mas troca (inocentemente, sempre), os tês pelos pês. Conhecem o Futebol Clube do Porco? Eu não, mas a existir só pode ser em Lisboa, no eucalipto-mor do país. 


2 comentários:

  1. Era preciso que hoje houvesse no FCP um Pinto da Costa dos anos 90 e José Maria Pedroto, outro galo cantaria, mas isso foi passado agora é preciso gente nova e com eles no sítio para bater o pé aos mandantes e despesista da capital da pouca vergonha onde coabitam dois clubes da safadeza e do gamanço com a capa de protecção da FPF e seus expedientes da arbitragem e disciplina.

    Abílio Costa.

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  2. Pois e Abílio, mas a gente jovem... a grande maioria não quer saber, está aburguesada e nem quer aprender a Historia, os que querem saber têm as portas fechadas.

    É que infelizmente a falta de urbanidade que refere o Rui não é exclusiva de Lisboa, é nacional. Herança deixada na terceira República pelo salazarismo. Se de facto o Porto estivesse acordado para o futuro, era muito mais interventivo e muito menos fascista.

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...