Rafael Barbosa* |
O elenco não é novo, mas não deixa por isso de ser impressionante: José Sócrates, deputado, ministro e finalmente primeiro-ministro de Portugal durante sete anos; Ricardo Salgado, líder do BES, com fama (e proveito) de ser uma espécie de DDT (Dono Disto Tudo) ao longo de várias décadas; Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, a dupla que durante anos geriu a PT e os seus voláteis e volúveis milhares de milhões de euros; Armando Vara, ex--ministro e ex-administrador da CGD e do BCP, os dois maiores bancos portugueses; Joaquim da Conceição, do Grupo Lena, um dos maiores potentados da construção civil.
Há poucos anos, todos integravam a lista de indivíduos mais poderosos e influentes de Portugal. Admirados e temidos. Uma verdadeira elite política, financeira e económica. Eram políticos argutos e populares, gestores brilhantes, empresários visionários. Hoje, fazem parte de uma lista de indivíduos que, tudo o indica, deverão ser acusados de crimes tão graves como corrupção, fraude fiscal, branqueamento de capitais ou tráfico de influências.
É certo que não se devem fazer julgamentos precipitados. É certo que toda a gente tem direito à presunção de inocência. É certo que uma acusação não é sinónimo de uma condenação (e é até plausível que não se venham a provar em tribunal alguns dos crimes de que cada um destes indivíduos pode ser acusado). Mas essas garantias jurídicas, essenciais num Estado de direito, não diminuem nem invalidam o inevitável julgamento político, moral e ético (no fundo, a verdadeira justiça popular), para os quais já existem factos mais do que suficientes. E não é arriscado concluir que, independentemente do que venha a acontecer a partir do próximo dia 17 (data limite para ser concluída a acusação do Ministério Público), podemos olhar para esta lista, já não como a de um conjunto de homens ilustres, mas como um grupo de gente desprezível. Gente que usou o seu talento e o seu poder em proveito próprio e dos seus parceiros e à custa da comunidade e do bem comum. Se o país entrou em bancarrota, se a miséria social alastrou, se hoje somos confrontados com uma dívida pública insustentável, isso também se fica a dever à cleptocracia que esta (e outra) gente cultivou durante as últimas décadas.
* Editor Executivo
[O sublinhado, é da responsabilidade de RoP ]
Nota de RoP:
Depois de tantas vezes criticar o jornalismo oportunista, concretamente a contribuição que a nova administração do JN vem dando aos interesses centralistas, é natural que haja quem estranhe continuar a ler este jornal e a publicar artigos de alguns dos seus colaboradores.
A primeira causa, prende-se com um hábito antigo de leitura diária que me custa largar. O vício começou, há muitos anos, ainda trabalhava em Lisboa. Comecei com o «República», mais tarde com o «Diário de Lisboa», o «O Jornal», e posteriormente pelo «Jornal Novo».
De jornais portuenses, havia, além do JN, o «Comércio do Porto», o «Primeiro de Janeiro», «o Diário do Norte» e no desporto o «Norte Desportivo». Foi uma época rica em termos de imprensa, altamente eclética, democrática e qualificada. Até o jornal A Bola se podia ler, sem se ficar (como hoje acontece) enjoado. Isto, traduz o quanto regrediu a democracia em Portugal, em termos de comunicação social, tanto em quantidade, como em qualidade ...Como ainda andávamos a saborear a Liberdade, tivemos de tolerar uma excepção negativa, qualquer coisa parecida com o Correio da Manhã de hoje: o pasquim «O Diabo» da hiper-reaccionária Vera Lagoa (um resquício do que julgávamos finado).
Outra das razões para não ter acabado definitivamente com a leitura do JN, é que, embora a política editorial tenha reforçado a matriz centralista, ainda lá trabalham alguns jornalistas que vão riscando umas coisas interessantes [como é o caso deste]. Submissos - é lamentavelmente verdade -, mas ainda assim dignos de serem lidos.
Estes seres de muita inteligência homens de outra galáxia não passavam de uns burlões que viviam da fachada e que na sombra lesavam a pátria a coberto de outros iguais ladrões muito inteligentes fazendo do povo burro.
ResponderEliminarHoje temos uma Banca ladra que nos suga e que os nossos governos são cumplicies. Tenho nojo desta gente política que tanto criticaram os do tempo da outra senhora, mas hoje à sombra da democracia são iguais ou piores infelizmente.
Abílio Costa.