30 outubro, 2017

O Porto Canal pode e deve, fazer muito mais

Francisco J. Marques: «O polvo começa a perder força»
Francisco J. Marques

Após quatro anos consecutivos de permissividade consentida, por parte do Presidente do FCPorto, que custaram ao clube a perda de outros tantos campeonatos, só duas coisas mudaram: a contratação de um treinador competente, e de um director de comunicação corajoso. É melhor que nada, mas seria bem melhor se o Líder máximo desse o exemplo. Adiante.

Já aqui escrevi, e repito, que para acelerar o andamento das investigações me parecem curtas as denúncias dos emails apresentadas no programa Universo Porto da Bancada. Continuo a pensar que o FCPorto já devia ter enviado uma exposição ao Governo alegando justa perda de confiança nos organismos que tutelam o desporto (FPF, IPDJ e Liga), porque tem fortes razões para isso.

Posso estar enganado, mas acho que perdeu tempo ao não fazê-lo, mais que não seja por serem frequentes e demasiado evidentes os sinais de cumplicidade desses organismos com o Benfica. Quando a razão nos assiste, nada nos deve impedir de lutar pela legalidade, sobretudo depois de (e não apesar de), sabermos do branqueamento que os media lisboetas fazem ao que está acontecer. Essa, devia ser uma motivação para acentuarmos a indignação, e não para acreditarmos demais na Justiça. Portugal, também não é um exemplo nessa matéria, e se calhar é por causa desta má Justiça que continuamos na cauda da Europa. 

Se quisermos encarar este grave problema como um assunto do foro exclusivamente desportivo, como parece ser a posição do FCPorto/Universo Porto da Bancada, podemos fazê-lo, mas é repito, uma perda de tempo que nos pode sair cara, esgotados que foram os timings para os referidos organismos se retratarem e agirem dentro do que seria expectável. A audiência do presidente da FPF no Parlamento, só veio aumentar as suspeitas sobre a sua arbitrariedade, portanto é tempo de aumentar a exigência a nível de Justiça. Veremos, se este excesso de confiança, não nos reserva mais surpresas desagradáveis...

Se, pelo contrário, tivermos percebido que o tema já há muito ultrapassou o âmbito desportivo, e que é efectivamente um problema político, talvez ainda estejamos a tempo de recuperar o que já perdemos e aumentar a credibilidade das nossas contestações.

Tenho dúvidas que se o Governo fôr confrontado com uma queixa bem fundamentada pela SAD portista, enfatizando o laxismo e as incompetências dos organismos desportivos, assim como a negação da própria democracia, tenha a (má) coragem  de imitar o presidente da Federação e restantes departamentos.

Às vezes, sou levado a pensar que o FCPorto perdeu a noção do seu poder simbólico, e que ignora a força psicológica do mundo portista na mente de um político em termos eleitoralistas. O FCPorto não está a saber tirar partido desse jogo, dessa vulnerabilidade típica dos políticos. Com a aproximação das eleições, «são todos anti-centralistas», pois saibamos esgrimir os nossos argumentos com o poder da veracidade que contêm. Não queremos mais, nem precisamos.

Por isso, insisto: já devíamos ter usado o Porto Canal para discutir política, democracia, e comunicação social, no domínio desportivo.  Além de intelectualmente pedagógico, era uma forma de provar ao Governo que íamos continuar atentos às ocorrências, e que estávamos predispostos a tudo para defender o FCPorto.   Temas, cujos factos e realidades tornam a argumentação simples e persuasiva.  Seria por aí que devíamos seguir, explorando o lado mais fraco desta pseudo-democracia. E se os eventuais contra-argumentos governativos voltassem a assentar na demagógica separação de poderes, se tentassem reencaminhar o caso para as entidades desportivas (Jurídicas e Disciplinares), seria o Governo a perder, não tenhamos dúvidas

Podemos (e devemos) continuar com as denúncias, se fôr caso disso, mas temos de levantar a fasquia, e obrigar os poderes políticos a saírem da concha hipócrita do centralismo, se não quiserem afundar-se ainda mais. Os dramas dos incêndios retiraram-lhes o pouco crédito que já tinham, não quero acreditar que queiram perdê-lo mais se persistirem na tentativa vil de mascarar a corrupção entre o Benfica e demais intervenientes do futebol.  

PS:
Pelos sinais aqui recolhidos, a determinação de um grande número dos adeptos portistas para se mobilizarem pacificamente nesta empreitada é pouco mais que nula. Estão no seu direito. Mas também eu tenho o direito de duvidar da linguagem guerreira de muitos daqueles que comentam na blogosfera. Estão sempre à espera do D. Sebastião. Fazem-me lembrar aqueles que aceitam tudo da entidade patronal, atrás do argumento cómodo do sustento dos filhos... Está bem, mas nunca podem dizer que mexeram um dedo para melhorar a sociedade. 

PS 2:
Revista Sábado
      A 'Sábado' divulgou esta segunda-feira o teor do mandado de buscas de que foram alvo a 19 de outubro entre outros Luís Filipe Vieira, Pedro Guerra e Ferreira Nunes. A juíza do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa considerou existirem "novos elementos probatórios".

"Os factos sob investigação respeitam à suspeita da actuação de responsáveis do SLB-SAD, que, em conluio com personalidades do mundo do futebol e da arbitragem, procurarão exercer pressão e influência junto de responsáveis da arbitragem e outras estruturas de decisão do futebol nacional, tendo em vista influir na nomeação e classificação de árbitros nesse âmbito",  pode ler-se no documento revelado pela revista da Cofina, que acrescentará mais pormenores na edição imprensa que estará terça-feira nas bancas.

6 comentários:

  1. Gonçalo O. Pinto,

    AMIGO, SEMPRE ASSIM FOI. OS PORTUGUESES SÃO AUTENTICOS ANALFABETOS EM TERMOS DE SOLIDARIEDADE POLÍTICA. SÃO MUITO AFECTIVOS NA FACHADA MAS ESCONDEM-SE QUANDO SE TRATA DE MOSTRAR O B.I.

    TENHA PACIÊNCIA! NINGUÉM PERCEBEU NADA COM O 25 DE ABRIL...

    CUMPTS

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  2. Coloque aí uma petição para destituir Pinto da Costa e verá que os "portistas" da bluegosfera serão aos magotes.

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  3. Não estou certo disso, anónimo. Já tiveram motivos para o fazer e não fizeram.

    Neste caso concreto, até consigo compreender. Pinto da Costa já lhes deu (a mim, inclusivé), muitas alegrias. Ele já não tem saúde nem idade para suportar as batalhas que o FCPorto tem pela frente.

    Como sempre foi, aliás.

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  4. Rui Valente, o polvo não nasceu há 4 anos. Tem muito mais de uma década. Foi ganhando dimensão e operacionalidade principalmente depois da entrada de José Eduardo Moniz.
    Aceito que se critique algum laxismo da nossa parte (mas compreendo-o, porque sabendo das jogadas sujas de bastidores, continuávamos a derrotá-los e a alcançar títulos internos e europeus),bastava sermos melhores. Já não basta.
    Discordo é no argumento que Pinto da Costa já não tem saúde e idade para suportar as batalhas que o clube tem pela frente.
    É certo que travamos imensas batalhas, desde os Donos da Bola, até ao Apito Dourado, mas guerra total como a actual e com a diferença de poder bélico que hoje existe, quer-me parecer que nunca enfrentamos.
    Desengane-se quem pensa que são guerrilheiros isolados e autónomos que estão nesta frente de batalha. O Grande Guerreiro, continua mais vivo e operacional que nunca, embora não o pareça.

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  5. Meu caro,

    se há alguém que deu conta da existência do "polvo" sem contudo o poder provar, fui eu. E já lá vão muitos anos. Bastou estar atento à forma discriminatória como os media o protege e promove, para se perceber que algo de muito grave se estava a passar.

    Quanto ao vigor interventivo de Pinto da Costa, lamento dizê-lo mas salta aos olhos que Pinto da Costa já não tem a mesma combatividade, apesar da excelente memória que conserva.

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  6. Nao tem a ver com este assunto mas merece atençao:

    Antonio Damasio , alteraçoes climaticas e fogos


    https://www.jn.pt/nacional/interior/incendios-alteracoes-climaticas-sao-a-causa-dos-fogos-na-california-e-em-portugal----damasio-8883744.html

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...