09 março, 2018

Portugal devia chamar-se bagunça


Não é fácil ter um espaço de opinião aberto ao público. Há momentos que me pergunto se vale a pena escrever sem me sentir preso a preconceitos. Escrevo o que penso, sem me preocupar em agradar a gregos e troianos, ou qualquer interesse de cariz comercial. Sou livre, muito mais livre do que muitos que ganham a vida com a escrita. Sobre  isto não tenho dúvidas. 

A balbúrdia instalou-se neste país, e por mais que queiram ostracizá-la ao mundo do futebol, é impossível, porque os noticiários do dia a dia provam o contrário. Há banqueiros, políticos, juizes, advogados, médicos, jornalistas, enfim, gente de todas as classes sociais e com altas responsabilidades metida nas mais escabrosas delinquências, incluindo o próprio homicídio. Poder-se-ia dizer, mas isso acontece em todo o lado, é uma inevitabilidade. Okey, acontece. Sucede, que para a dimensão de Portugal a desproporção criminal entre nós e os países maiores é descomunal, e tende a aumentar.   E isto acontece por quê?  Porque não soubemos educar o novo regime com o cuidado devido. A liberdade toldou-nos a lucidez, e aqui, lamento dizê-lo, um dos responsáveis pela degradação da democracia já morreu, mas deixou progenitores. 

Passaram 44 anos desde a revolução de Abril, a euforia provocada pela liberdade não foi moderada por qualquer governante atento aos perigos dos excessos, apesar de começarem a surgir sinais. Os programas ditos desportivos começaram a ser difundidos pelas televisões sem acautelar o verdadeiro fair-play entre clubes. Os líderes dos partidos políticos não souberam disciplinar os militantes estabelecendo códigos de conduta condizentes com a função. Durante anos a fio permitiram que alguns deles se comportassem pior do que os mais fanáticos dos adeptos, sem qualquer intervenção pedagógica dos líderes. A opinião pública calou-se, foi incapaz de reagir negativamente a esta aberração social. 

Neste momento está a ser denunciado um escândalo vergonhoso para o país. O Benfica está nas bocas do mundo e os mídia sentem-se comprometidos. No entanto, persistem em encobrir o escândalo, e isto diz quase tudo.

Repito: nada nem ninguém resiste à bandalhice. Seja a Liberdade, seja a Democracia adulta.

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