15 novembro, 2018

Um Porto da graxa, é um Porto invertido

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Sara Sampaio é portuense (e portista)Júlio
Magalhães preferiu entrevistar Teresa Guilherme...

Sei, mas não consigo compreender, a intenção de Júlio Magalhães de chamar frequentemente ao Porto Canal figuras públicas de Lisboa. A intenção, suponho, é transmitir a ideia que as pessoas do Porto são muito tolerantes e de boa índole. Ou seja, quer cativar Lisboa, o poder central.

Até aqui, compreendo-o. O que já me custa entender é que acredite no reconhecimento sincero dos entrevistados. Na verdade, tornou-se vulgar ouvir os lisboetas tecer loas ao Porto, e à sua gente, mas curiosamente tal só acontece quando têm de cá vir para trabalhar, ou por outro qualquer interesse.

Curiosamente, inibem-se de divulgar essa afeição quando estão num estúdio qualquer de rádio ou tv em Lisboa ou fora do Porto. Aí, esse suposto afecto tende a virar sátira, a transmutar-se em humor cínico, numa humilhação rebuscada, numa inexorável mania de superioridade. 

Às tantas, sou eu que oiço, ou vejo mal. Mas, sinceramente, costumo estar atento as estes detalhes. Por isso, não compreendo tanta bajulação a figuras por demais conhecidas no país e sem grande relevância intelectual. Se há coisa de que os lisboetas não se podem queixar, é de falta de visibilidade.

Têm vários canais de televisão, dominam as estações de rádio, enfim, não lhes falta nada. Até o nível de vida é muito superior a qualquer outra região do país, e contudo, o Porto Canal ocupa demasiado tempo de antena com entrevistas a personagens da capital! Se isto não é um paradoxo, então não sei o que será. Lisboa trata-nos como gente menor, discrimina-nos, e nós agradecemos com convites e propaganda. Bajulação? Subserviência? Inclino-me mais para isto, e não gosto!

Júlio Magalhães só me dá desgostos. É tão inconveniente quanto contraditório. Orgulha-se do Porto Canal por ser o mais descentralizado do país, mas trás aos estúdios as suas figuras mais centralistas! Agora lembrou-se de trazer Teresa Guilherme ao Porto, como se fosse uma diva, uma grande guru da cultura nacional. Lá para Big Brothers tem ela jeito. Culturalmente, não deve haver melhor (segundo a noção de cultura de Júlio Magalhães)... 

Nem da moda soube tirar partido. Sara Sampaio nasceu no Porto (e é portista). É das mais prestigiadas modelos internacionais, a única supermodelo portuguesa a trabalhar para a Victoria's Secret. No entanto, foi a SIC que teve a sagacidade de a entrevistar. Se isto não é perder audiências garantidamente, não sei o que será.  

Se o Porto Canal tem alguma audiência deve-se ao FCPorto, e a uma meia dúzia de bons programas cujo sucesso se deve exclusivamente aos seus protagonistas,  Rui Massena e Joel Cleto (sem prejuízo para outros que já citei há tempos atrás). Mas, pelo que se vê e percebe, a programação piorou e está mais pobre do que antes.

A cereja no topo do bolo, é a ida anunciada de Maria Cerqueira Gomes para Lisboa! Vai, pasme-se, trabalhar com Goucha para essa "categórica" estação de TV chamada TVI . Estação essa, cada vez mais desprestigiada pelos debates desportivos onde prevalecem cartilheiros do tipo Pedro Guerra... Foi esta mesma Maria que um dia ouvi queixar-se de umas betinhas lisboetas que em surdina a criticavam por ser do Porto, que agora vai de malas e bagagens para a capital! Essa mesma Maria que disse há dias ter estado 12 anos à espera desse dia  (JN)!

O amor ao Porto tem destas contradições! 

É assim a vida. Quando Maria surgiu no Porto Canal achei-lhe piada pela sua irreverência, pela forma alegre e sem preconceitos de lidar com as pessoas. Agora, acho que se deixou levar pela onda terrível da ambição. Daí à degeneração intelectual, vai um passo. 

Bem tinha as minhas razões quando aqui mesmo disse, algo assim: "Maria, não mudes, nem te deixes deslumbrar". 



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