05 março, 2019

Juíza aprova extradição do "hacker" Rui Pinto

A decisão foi anunciada pela juíza do Tribunal Metropolitano de Budapeste no final de uma sessão em que as partes apresentaram argumentos contra e a favor da extradição do português, que vive na Hungria.A decisão de extraditar Rui Pinto para Portugal é passível de recurso por parte da defesa do português, que está indiciado de seis crimes: dois de acesso ilegítimo, dois de violação de segredo, um de ofensa a pessoa coletiva e outro de extorsão na forma tentada.
Rui Pinto, 30 anos, chegou ao tribunal às 9 horas (em Portugal continental), algemado e escoltado por agentes da polícia húngara. "Vamos ver o que acontece", respondeu, sorridente, aos jornalistas que o aguardavam à porta, quando questionado sobre se tinha medo de ser extraditado para Portugal.
Durante a sessão, Rui Pinto garantiu que nunca recebeu qualquer valor monetário pelos acessos informáticos efetuados para expor a criminalidade à volta do futebol - "é uma máfia", disse, "tudo o que fiz foi pelo interesse público" - e reiterou que colaborou com as autoridades de vários países europeus no âmbito do "Football Leaks".

Por outro lado, teceu duras críticas à inação das autoridades portuguesas, que acusa de não terem investigado as diversas denúncias que fez, nomeadamente relacionadas com o fundo Doyen. "Não posso nem é possível confiar nas autoridades portuguesas", sublinhou.

Revelou ainda ter sido alvo de ameaças de morte, assim como a sua família, e deixou um apelo à juíza: "É uma questão de vida ou morte. Peço que não me envie para Portugal".

Apelidado de "hacker do Benfica", Rui Pinto é acusado na justiça portuguesa de seis crimes, nenhum deles com qualquer ligação ao clube lisboeta. Em causa estarão crimes denunciados pelo Sporting, que terá sido uma das vítimas de acesso ilegítimo à correspondência eletrónica.

Rui Pinto está em prisão domiciliária em Budapeste desde 18 de janeiro, depois de ter sido detido dois dias antes, na sequência de um mandado de detenção europeu emitido pelas autoridades portuguesas, por "tentativa de extorsão, acesso ilegítimo e exfiltração de dados de algumas instituições, inclusive do próprio Estado".

No dia da detenção, 16 de janeiro, sem nunca confirmar o nome do suspeito, a Polícia Judiciária (PJ) anunciou a detenção de um cidadão português, em Budapeste, numa ação em cooperação com a congénere húngara.

O diretor da Unidade de Combate ao Cibercrime e Criminalidade Tecnológica (UNC3T) da PJ, Carlos Cabreiro, disse ser "prematuro" associar o suspeito a crimes cometidos contra algumas instituições desportivas, como o Benfica, F.C. Porto, Sporting ou a Doyen.

Em comunicado posterior, os advogados de Rui Pinto assinalam que o seu cliente "tornou-se um importante denunciante europeu no âmbito dos chamados 'Football Leaks'", acrescentando que "muitas revelações feitas ao abrigo destas partilhas de informação estiveram na origem da publicação, durante vários anos, de notícias que deram lugar à abertura de muitas investigações em França e noutros países europeus".
(Fonte:JN)

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