22 maio, 2009

Rui Rio, um autarca com sorte

Grosso modo, quase toda a gente gosta de relevar a seriedade como uma das mais importantes qualidades do ser humano, sobretudo quando se trata da seriedade dos outros. Eu, não devo fugir à regra, embora por aquilo que conheço de mim [nunca nos conhecemos suficientemente bem], e do elevadíssimo preço que se tem de pagar por isso, me tenha como uma pessoa séria. Isto, tanto quanto é possível ser-se sério numa sociedade muito pouco séria.

Dito isto, e apesar de compreender o cepticismo das populações em relação aos políticos, por anos e anos de decepções e falta de rigor, tenho uma enorme dificuldade em perceber a lógica racional dos admiradores do actual Presidente da Câmara do Porto, Rui Rio. A primeira coisa que dizem quando se lhes faz a pergunta "o que é que Rui Rio fez de verdadeiramente importante para o desenvolvimento da cidade", é esta : é um homem honesto. E quando se lhes pergunta: e as obras que realizou? Os empregos que gerou? As iniciativas que tomou? Os problemas que não resolveu, os que provocou e aqueles que empolou? As respostas aí, já são mais tímidas e titubeantes.
Vejamos. Será que os portuenses precisam de um Presidente de Câmara apenas para servir como modelo de seriedade? Haverá alguma empresa que aceite exclusivamente a seriedade, para admitir nos seus quadros, alguém que se pretende qualificado para uma determinada função, como única exigência? A um médico que se candidata para trabalhar num hospital ou numa clínica privada, difere-se-lhe o cargo só por ser sério? É claro que não. O candidato tem de apresentar os respectivos certificados académicos e, experiência profissional. É neste ponto que os eleitores de Rui Rio deviam pensar para descobrirem o que é que ele fez para nos provar o que ganhou dessa experiência profissional, e se foi capaz de a transformar em competência profissional, caso contrário, ao votarem nele estão apenas a satisfazer um capricho altamente prejudicial para a cidade do Porto.

A juntar a tudo isto, seria importante, já que enfatizam tanto a seriedade de Rui Rio, que ele esclarecesse [e ainda não o fez], as contas altamente negativas das corridas RedBull [de aviões ]e do Circuito da Boavista, e das suspeitas sobre a Porto Lazer. Então nestes casos concretos, RR mandou a seriedade e o rigor de férias? Em que ficamos?
Estou à vontade a criticá-lo, porque também não acredito que Elisa Ferreira seja Mulher para lhe ganhar o lugar. Isto, porque começou muito mal a apresentação da sua candidatura, e quando se começa mal, já sabemos o que acontece. Além de ter perdido uma bela oportunidade para brilhar, para sair desta moda rasca e oportunista de fazer política como quem faz chouriços, Elisa Ferreira, não desistindo do Parlamento Europeu, deu uma manifesta prova de falta de confiança de poder vencer Rui Rio nas urnas, dando um tiro em cada pé.

Pela sua forma de ser, pelo seu dinamismo, estou convicto que faria melhor que Rui Rio, mas esta atitude vai derrotá-la. Oxalá me engane.
Obs:
Quero acreditar que Elisa Ferreira seja uma mulher séria, porque parto do princípio que, até prova em contrário, toda a gente o é.

6 comentários:

  1. O Fernando Cabral também era seríssimo, tinha no cofres milhões e o Fernando Gomes que estava na mesma situação da Elisa, ganhou.

    Se a campanha for bem feita, tocando nos pontos e nos conflitos, que o Rio arranja com todas as instituições e em especial, com aquela que mais alto eleva o nome da cidade, junto ao que ele não fez, acredito que ele pode ser derrotado...Mas o Porto já não é o que era...

    Um abraço

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  2. Toda a gente sabe que Rui Rio é um homem sério e que ele cultiva essa imagem de seriedade que tão bons frutos lhe tem proporcionado ao longo da sua edilidade. Para quê mudar uma fórmula vencedora?

    O problema de Rui Rio já é mais do que conhecido: é um homem que tem alma de contabilista que seria sem dúvida alguma um óptimo vereador mas nunca um bom Presidente de Câmara. Em todo o caso já vai em direcção ao terceiro mandato.

    A minha questão é a seguinte: que tem este homem de especial a ponto de ninguém lhe fazer frente? Parece haver um estranho consenso em torno deste homem.

    O comportamento de Maria Elisa, independentemente dos seus méritos, é inadmissível para quem quer candidatar-se à CMP: candidata-se a dois lugares dizendo que prefere a edilidade em vez dos largos milhares de Bruxelas mas sem nunca largar o tacho? Quem nos garante que Maria Elisa não será uma espécie de Nicolau Brayner em Serpa, que delegou os poderes depois de ganhar as eleições? O compromisso de honra não chega nestas alturas de crise profunda que fustiga o Norte!

    Neste momento creio que Rui Rio é a melhor alternativa para a CMP. Nunca me imaginei a votar nele mas perante este quadro de alternativas, ao menos já sei com o que conto! E tendo em vista que ele mudou a sua posição sobre a regionalização ao longo dos seus mandatos, pode ser que - combinado com as pressões que o Comité das Regiões em Bruxelas anda a fazer - tenhamos novidades nos próximos anos nesta matéria. Wishful thinking mas neste momento não nos resta mais nada!

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  3. Caro Vila Pouca,

    "Mas o Porto já não é o que era..."

    Também acho que sim. O cosmopolitismo e a imigração não são propriamente fenómenos positivos.

    Um abraço

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  4. Caro B.,

    Recolhi esta frase do seu comentário: «Parece haver um estranho consenso em torno deste homem».

    Também acho estranho esse consenso, mas não será por isso que lhe darei o meu voto.

    Provavelmente, não votarei em nenhum dos candidatos, dependerá de Elisa Ferreira insistir ou desistir da insensatez de manter o lugar que tem no PE. Pensando bem, e até ver, acho que nenhum deles merece a minha confiança.

    Um abraço

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  5. Quase completamente de acordo com Rui Valente.
    Nunca acreditei em Rui Rio e, pelo que tem feito e pelo que não tem feito, continuo a não acreditar, pois é só propaganda do seu acessor de imprensa e outros que dele dependem. Quanto a Elisa Ferreira, acho que o PS continua a escolher mal os candidatos, fora de tempo, e isso prejudica as suas hipóteses de eleição. Se tivesse sido candidata há 4 anos era capaz de ter sido eleita, mas este imbróglio de ser candidata a dois cargos (tal como Ana Gomes em Sintra) retira-lhe credibilidade e votos. O CDS do Porto está feito com Rui Rio e seus partidários. Rui Sá, da CDU, também lhe fez uns jeitos.
    Conclusão: há 8 anos, pela primeira vez, depois de 1974, não votei nas eleições autárquicas do Porto. Há 4, também não. Este ano que vou fazer, se só se apresentam candidatos em que, por isto ou aquilo, não acredito? Não voto em quem não gosto ou não acredito.
    Por isso vou repetir o que já tenho escrito: se não podemos ter um grupo de cidadãos a concorrer a deputados mas podemos concorrer à Câmara e Assembleia Municipais, porque não se forma, no Porto, um movimento de união de cidadãos portuenses descontentes que se candidate a esses órgãos? Com um plataforma mínima credível e um programa que contemplasse aquilo que queremos e não temos na cidade e região, seria uma alternativa aos que nos querem "impingir".
    Faltam pessoas com coragem e dispostas a afrontar a "ditadura" de Rui Rio? Apesar de tudo, acho que ainda há quem não tenha medo, o pior é o dinheiro que seria necessário para a campanha, que teria de vir de algum lado, pois se os partidos recebem do Estado, esse grupo só poderia contar com donativos.
    Só falar e apontar os defeitos não chega. Ou fazemos alguma coisa ou temos de aturar esta política autista mais 4 anos.Porque não tentar unir todos os descontentes com a situação e fazer algo pela nossa cidade e por nós, portuenses?
    Cumprimentos

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  6. Voluntariosa a sua mensagem, caro "Zangado", mas, na prática difícil de levar a cabo. E não me parece que seja só uma questão de comodismo.

    As pessoas além de decepcionadas com a política, muitas, têm problemas pessoais, alguns deles dramáticos, o que releva a mobilização para 2º plano. Depois, há como você diz, e bem, a questão de financiamento necessária para o tal movimento.

    Se calhar falta-nos um alicerce forte para darmos o pontapé de saída...

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...