Já não há palavras para descrever o despudor, o total vazio de dignidade que assolou a sociedade portuguesa em todos os sectores. Se estávamos à espera de uma surpresa pela positiva, podemos tirar o cavalinho da chuva, porque não será para os próximos tempos. Não interessa se lá por fora este mal também faz escola (estou-me a lembrar de Inglaterra), porque, se falarmos na Europa, não há nenhum mais medíocre que o nosso, no melhor, e sobretudo, no pior.
Os políticos, imitam-se uns aos outros, só as siglas dos respectivos partidos diferem. A doutrina é toda igual, os protagonistas é que mudam. Se um, pratica uma acção censurável, logo aparece outro a tentar fazer pior, com um absoluto e total desprezo pelos cidadãos. Eles já sabem que ninguém os leva a sério, por isso optam pela fuga para a frente deixando cair pelo caminho as frágeis máscaras de seriedade que durante longos anos fizeram questão de ostentar.
Os casos Freeport e BPN são o paradigma da corrupção política da actualidade. Dias Loureiro deve pensar [pensará?] que por teimar em manter o lugar de Conselheiro de Estado, a coberto da presunção de inocência, transmite maior credibilidade a essa possibilidade. Está equivocado. Pela minha parte, considero que esta posição é uma flagrante denúncia da sua culpabilidade. Lopes de Mota, representante do Governo numa instituição de alta responsabilidade da justiça, segue-lhe o "exemplo", servindo de arma de arremesso político à oposição, e não tuge, nem muge. Os representantes do Governo criticam Dias Loureiro por não se demitir, e a oposição critica o Governo por não demitir o Procurador da Eurojust.
O Presidente da República, escudado atrás da cómoda situação de espectador passivo, "garante-nos" que as instituições funcionam. Resumindo: é tudo farinha do mesmo saco...
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