A ganância, a barriga cheia de gordura acumulada, sabemos, enfraquece as artérias e, por tabela, conduz ao desmazelo com a saúde e com a qualidade de vida. O açambarcamento, tende pois, a desprezar o rigôr e, tarde ou cedo, acabam por manifestar-se os efeitos secundários.
É exactamente isso que acontece com a imprensa centralista de Lisboa. A profusão da oferta, não corresponde nunca à qualidade de informação, antes estimulando a germinação de pasquins onde a linha editorial assenta invariavelmente no boato e no sensacionalismo.
Apesar disso, vamos tendo algumas excepções e, sem renunciarmos (como convém), ao espírito crítico sobre tudo o que lemos, ainda podemos ir confiando no produto opinativo e informativo de alguns jornais, como é o caso do Jornal de Notícias e do Público, curiosamente ambos sediados no Porto.
À falta destas fontes e descontando uma ou outra lacuna, em quem, afinal, podemos nós confiar?
Hiper-centralistas como estão, será prudente confiarmos nas televisões e nas estações de rádio?
E, nos nossos representantes políticos, teremos honestamente razões para confiar?
Nunca como agora, se viram tão maus exemplos pela parte da classe política - alguns deles praticados por figuras de governos anteriores - em que é manifesta a promiscuidade entre interesses públicos e particulares. As suspeitas não param de crescer em todas as áreas. Foi o escândalo da Moderna e da Independente, foi agora o da CGD e do BCP, o da Lusopontes (ainda para durar), para já não falar do processo Casa Pia cujos contornos e envolvimentos nos parecem ainda muito pouco claros.
Factos são factos, e a prova destes, não pode continuar à mercê de legalidades espúrias nem de processos prescritos por causa da disfuncionalidade da Justiça. Tudo isto está errado e é pouco compreensível, tudo isto descredibiliza a respeitabilidade das instituições do Estado e quem as corporiza.
O sentimento de impunidade que para o cidadão comum daqui decorre vai-lhe criando o hábito de interiorizar a indignação apesar de (ainda) lhe ser permitido protestar em jornais e blogues, mas a consciência da inocuidade prática dessas acções começa a crescer. As pessoas sabem bem que não é nas eleições que podem alterar as coisas, porque só servem para render as moscas...
Até quando, estaremos dispostos a permitir que o nosso voto sirva para eternizar este teatro indecoroso onde os nossos representantes - sempre que são criticados - teimam a exibir-se, lançando-nos areia para os olhos e imputando-nos défices de cidadania, cozinhados com a demagogia da qual foram sempre os principais artífices?
A única excepção à sagacidade popular, é a da tolerância excessiva para com quem não está à altura de o representar.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...