03 abril, 2008

RANCHO FOLCLÓRICO CHELAS-BARREIRO

Descansem que não é aqui, no Renovar o Porto, que os portuenses de boa cepa - como os melhores néctares do nosso Douro - correm o risco de contaminação centralista, de complexos de inferioridade. Aqui, somos práticos, vivemos com os pés na terra, com a perfeita noção do nosso valor, sem deslumbre por intelectualices estéreis pacheco-pereiristas e similares. Aqui, chamamos os bois pelo nome.
No Bússola, vem hoje este post de Fernando Rocha, cuja ironia não passará seguramente indiferente a todos nós. É já uma ridícula rotina. Estamos fartos deste circo interninável, eu sei, mas para quê desesperar?

Reparem bem: há mais de 10 anos que não ponho os pés em Lisboa e a última vez que lá fui, foi por questões burocráticas relacionadas com o trabalho. Acham, que foi por acaso? Não, não , foi mesmo premeditado. Tal e qual. Não gosto de Lisboa, como não gosto de fado e ninguém me pode criticar por isso. É um direito que me cabe. Os nossos digníssimos governantes não prestam, é verdade, mas foram mestres a ensinar-me a desprezar Lisboa. Estou-lhes grato por isso...

Recordam-se da propaganda que "muito patrioticamente" foi feita à Expo 98 de Lisboa, para levar os pacóvios da "província" a alimentar-lhes a gula? Recordam? Pois. Só que eu não fui. Com muito gosto.
Digámos que sou um rato esquisito, de gostos sofisticados, não mordo em qualquer queijo...Mas só para chatear, fui a Sevilha, em 1992 e gostei. E sou patriota. Mais do que esses senhores "governantes" que se têm entretido a fracturar o país, a retalhá-lo sadicamente com assimetrias próximas de valores olímpicos.

Se houve aspectos positivos (poucos, ainda assim) com a entrada de Portugal na União Europeia, um deles foi certamente a supressão de fronteiras. Há mais vida para além de Lisboa, a começar pelo Porto, claro. Muita mais: Barcelona, Sevilha, Madrid, Vigo, Bilbau, Santiago de Compostela, Valência, Santander (uma das que mais gosto), são o que fora de Portugal temos de mais próximo. Para lá da Península Ibérica, é só escolher (com uma prévia consulta à conta bancária), depois, é sempre a abrir. O mundo é nosso. Para que precisamos de Lisboa, afinal?

Eu responderia, em última análise: para nos lembrarmos que em Portugal existe uma capital digna desse nome. Mas, como não existe, duvido que precisemos.

10 comentários:

  1. Eu estou como o Chacal que comenta no Bussula;"Em vez da ponte construía-se um muro ali na Bairrada"
    A Lisboa não vou mas, a Oeiras espero ir proximamente.
    Mas, meu caro Rui isto cada vez está pior...e o "Rio" sempre calado, em nome dos superiores interesses... dele próprio!
    Um abraço

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  2. Temos de nos empenhar mais nas questões da política. Não podemos continuar a agir com estes senhores que nos desgovernam e respectivos partidos, como se não pudéssemos viver sem eles.
    Temos de renovar a política e os políticos para Renovar o Porto.

    Abraço

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  3. E para quando deixarmos de ser uns meninos atrás de nicknames e auto-estradas informáticas, encontrarmo-nos e criar um movimento sólido que leve pessoas como o Rui Moreira ou outros para a frente de combate, devidamente apoiados e com objectivos definidos.
    Não pensem que é dificil mudar o que for neste país, basta ver ao longo da História, que os momentos de viragem (restauração,república,25 de abril) foram executados ou planeados por pouca gente.

    Decidam-se, Homens ou apenas opinadores de circunstancia.

    Melhores Cumprimentos

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  4. Caro Alexandre,

    É fácil perceber a revolta que por aí vai...
    Essa sua reacção já eu a tive,não só nas auto-estradas informáticas, noutros blogues (na Baixa do Porto por ex.)como por todo o lado.
    O que alguns como nós estão a tentar fazer, é procurar influenciar a n/ gente a ter uma maior consciência do que se está a passar.
    O António Alves fez aqui há dias um comentário onde falava exactamente da necessidade de nos organizarmos para provocar essa tal frente de combate de que fala.
    Quanto aos nicknames, pela minha parte estou à vontade, ao contrário de muitos que opinam atrás do anonimato, eu apresento o meu nome verdadeiro. O meu e o de família.
    Talvez seja por aí que devemos começar o tal "combate". Assumindo a responsabilidade do que escrevemos e do que pensamos.

    Abraço

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  5. Concordo com todo o conteudo do texto...mas o que leva a escrever aqui é não ter percebido essa parte dos "nicknames"...

    Eu que utilizo um nickname não estou a perceber qual será a vantagem de escrever com um "alexandre" ou até um "Rui Valente"...para mim é indiferente que a seja a Joaquina, o Manel ou Tono a assinar, desde que saibam passar a mensagem e claro, desde que eu me reveja nas opiniões formuladas por mim éstá tudo bem...

    E até porque eu nunca me preocupei em confirmar se o autor deste blogue realmente se chama Rui Valente porque sinceramente se aqui venho é porque gosto do que leio e subscrevo na maioria dos casos...

    Talvez seja melhor perceber o que é a blogosfera, em que a liberdade de expressão é uma das virtudes que mais a caracteriza, seja através de nicknames seja através de nomes próprios que até podem nem ser reais...

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  6. Caro Triporto,

    Percebo o seu ponto de vista, mas repare como é impessoal tratá-lo por Triporto, ou por Dragão ou por anónimo.

    Decerto concordará comigo que o anonimato presta-se a muitos abusoos e só pode servir para acentuar rivalidades e até acicatar ódios (basta ler os comentários do Bússola por ex.)e isso não me parece salutar.
    Quem não deve não teme. Para quê então apelidarmos a nossa identidade?

    Abraço

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  7. Então passo a explicar o pequeno assunto do nick name.
    A chamada de atenção deve-se ao facto de escrevermos uns para os outros na net,em que descarregamos a nossa revolta online, mas no mundo real eventualmente passamos para os outros um ar resignado com a situação,ou então esta posição politica é reflectida em duas conversas de café , dando tal como os nicknames uma abordagem light a questões demasiado sérias.

    A nossa posição politica nunca será levada a sério enquanto que as posições politicas não forem assumidas individualmente e em grupo, por pessoas que dão a face, discurso e operacionalidade a um sentimento comum e difuso.

    Essa será a maior demonstracção de força que se poderá fazer, pois uma mole de cidadãos, articulados e informados, com capacidade de passar mensagem por vários meios aos restantes,crescendo o número de descontentes e conscientes na nossa sociedade, torna-se em algo mais dificil de controlar, pois ao contrário de um qualquer D.Sebastião, não haverá lugares no parlamento ou cargos em empresas públicas suficientes para nos calar a todos.

    A cara de 10 descontentes na televisão tem mais impacto que 100 anónimos na Net

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  8. Meu caro,

    Estamos num ciclo vicioso: padecemos todos do mesmo mal(que é a pressão insuportável do centralismo)e não temos voz, mas políticamente não há quem nos represente e a partir daí é complicado conseguirmos coordenar vontades.
    Esta experiência não é nova para mim. Depois, não queremos (com razão) "Dons Sebastiões" salvadores-milagreiros, mas precisamos de liderança e isso não é fácil de encontrar.
    Como o António Alves comentou aqui, o Rui Moreira podia ser esse líder, mas tem de ter o feedback dos portuenses para poder avançar para um qualquer projecto. Mas, também ainda não sabemos quais são as intenções de Rui Moreira. Portanto, para já, o que podemos fazer é divulgar a ideia aqui na Net e noutros locais o mais possível e ver no que dá.

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  9. E que tal criar primeiro o movimento, ganhar número e fazer com que os que tem possibilidade de assumir algum tipo de liderança(ex:Rui Moreira), se definirem e vermos realmente quem tem capacidade para comandar o barco?

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  10. É uma boa ideia, mas como vamos nós criar esse movimento? Por onde começar?
    Quando se chega a este ponto começam as dúvidas.
    Diga-me o que sugere.

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...