20 abril, 2009

Mau tempo

Julgo que o S. Pedro tem querido apresentar-nos um clima condizente com o actual sentir dos portugueses: triste, cinzento, indutor de pessimismo, com presságios de tempo ainda pior à nossa frente. A situação económica é uma desgraça, o governo, cheio de ministros com falta de qualidade e nitidamente incapazes de "dar a volta ao texto", preocupa-se mais em arranjar desculpas para as suas inépcias do que em arranjar soluções. O primeiro-ministro sofre graves acusações, com contornos suspeitos que levam a que mesmo os cidadãos bem intencionados tenham profundas dúvidas sobre a sua inocência. Os problemas do país são escamoteados e um falso triunfalismo é alardeado. A solução proposta para os actuais problemas económicos é constituída por incomensuráveis gastos públicos em duas ou três obras farónicas obviamente centralizadas em Lisboa.

O economista Santos Pereira, professor numa universidade canadiana, escreveu um texto no Público do passado dia 17 onde afirma que " a verdade é que nesta altura de dificuldades, apostar no TGV é de uma irresponsabilidade inqualificável", basicamente porque "vamos individarmo-nos ainda mais, e ainda por cima não vamos beneficiar a generalidade da indústria portuguesa, com a excepção do sector da construção". Acrescenta ainda que " é completamente inaceitável que o governo insista em continuar a avançar com o projecto antes de terminar o seu mandato".

Mas certamente que TGV, novo aeroporto de Lisboa e terceira travessia sobre o Tejo, seguirão em frente, demonstrando claramente que o governo pretende atingir o point of no return o mais rapidamente possível.

Procuro não pensar no estado a que chegaram a Justiça e a Educação, para não agravar mais o meu pessimismo. Felizmente que o clube do meu coração continua a somar êxitos rumo ao TETRA. Nós, portistas, temos este consolo. E os benfiquistas agarram-se a quê, às grandezas de outrora?

1 comentário:

  1. Será que, enquanto cidadãos europeus, nos damos verdadeiramente conta da inépcia dos nossos direitos democráticos?

    Isto para mim, é quase como ver um tipo a assaltar-me a casa com a polícia a assistir, a assobiar para o ar,fazendo de conta que não vê.

    ResponderEliminar

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...