O aproveitamento que a comunicação social fez da liberdade de opinião após a instauração daquilo que, ela mesma, gosta de chamar «democracia», está longe de ser exemplar. O poder, tende a toldar a lucidez de quem o detém, e os media, apesar de terem vivido vastos anos na clandestinidade a protestar contra os abusos do Estado Novo sobre as liberdades individuais, mal as conquistaram, esqueceram-se que a reivindicação reclamada não começava nem terminava dentro das suas portas.
Os abusos da imprensa, raramente são contestados pela opinião pública, não obstante a facilidade de serem provados nas páginas de um sem número de jornais, porque está espartilhada e dependente da sua vontade. Se o leitor enviar para um jornal uma carta a criticá-lo pelos seus critérios editoriais, é certo que nunca será publicada. Quer o reconheça ou não, a realidade é que alguns (e não são poucos) jornais de hoje, além de sectários, são literalmente anti-democráticos e exercem censura. E já alguém os ouviu a debater o assunto com verdadeiro empenho?
Só assim se compreende aquilo que o Rui Farinas quis dizer nesta frase do seu último post:
«Adicionalmente acontece que esta relutância do poder político não é única, na medida em que a comunicação social, seja por desinteresse seja por subserviência aos poderosos, tem mantido o silêncio sobre o tema, e tem-se abstido de fazer sondagens que permitiriam começar a lançar alguma luz quanto à disposição do eleitorado, sobre a qual há uma completa e prejudicial ignorância.».
Pela minha parte, não vejo a atitude da comunicação social em relação ao tema da Regionalização com a benevolência de Rui Farias, porque é a sua credibilidade que está em causa. Virar as costas a um assunto que já fez Lei na Constituição da República, é tão grave como a decisão de a alterar para a sujeitar a referendo. O resultado foi o que se viu. A comunicação social é, por omissão, cumplíce do poder político, e dessa fama já não se livra.
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