Os políticos que concorrem às europeias, em vez de andarem por aí aos pinchos a propor coisas ridículas e muito jotistas como erasmus para desempregados , ou à caça de “fantasmas” na marginal de Matosinhos, podiam, por exemplo, ler notícias como a que o Vítor Silva nos trouxe aqui e pensar um bocadinho nas consequências que elas acarretam para este país e, principalmente, para esta região: o completo isolamento ferroviário com a excepção óbvia de Lisboa que terá a sua linha de bitola europeia, estrategicamente e nada por acaso para tráfego misto, que a ligará a Madrid e à rede europeia. Toda a Região Norte ficará eternamente dependente dos cada vez mais insustentáveis camiões ou, em alternativa, terá que andar a passear as suas mercadorias pelo Alentejo (terão que ir de camião até lá porque a linha de alta velocidade que dizem que vão construir entre Porto e Lisboa é exclusivamente para passageiros) ou pela Galiza fazendo centenas de quilómetros absolutamente desnecessários e encarecedores do produto final.
A via mais curta que nos liga a Salamanca, ao nó estratégico de Valadolid e a Madrid é a Linha do Douro. Já existe, não é preciso construí-la. Precisa de ver restabelecida a ligação a Espanha, de ser modernizada e ter um plano URGENTE para a migração para a bitola europeia. A grande questão ferroviária é mesmo a mudança de bitola e o transporte de mercadorias. Os TGV’s são “pão para entreter malucos”.
Eu, e muitos outros, há anos que falamos nisto e manifestamos a nossa preocupação com a total ausência de estratégia para este importantíssimo assunto. Como é muito pouco provável que chegue a presidente da RAVE ou da REFER, e muito menos a ministro ( :-) ), é URGENTE que alguém faça algo.
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Caro Antonio Alves, o que escreve neste post parece-me ter toda lógica. No entanto no espirito da gente comum, da qual faço parte, reina uma enorme confusão quanto aos planos do governo (se é que têm algum) para grande velocidade no nosso país. Alta velociade ou velocidade elevada? (Chamarem TGV a tudo, dá uma confusão danada). Vias só para passageiros ou para mercadorias também? Em que linhas? E bitolas, como é? E o sistema com dois rodados para as duas bitolas (se é que as coisas se passam assim) vai ser utilizado?
ResponderEliminarUma vez que o caro amigo é especialista na matéria, sugeria-lhe que, para elucidação de muita gente, tentasse explicar-nos o que está previsto para Portugal.
Antecipadamente agradecido e um abraço.
a bitola é a distância entre os dois carris. isto é, a "largura" da via. a bitola ibérica é mais larga que a europeia o que implica que os veículos ferroviários que circulam na ibéria não possam circular no resto da europa. ora, migrando os espanhóis totalmente para a bitola europeia (as suas linhas AVE já o são) isso quer dizer que nós seremos os unicos na europa ocidental com uma bitola diferente com a excepção das eventuais linhas de "TGV" que venham a ser construídas. a nossa rede ferroviária clássica ficará totalmente isolada do mundo.
ResponderEliminarquanto ao nosso "TGV": as únicas vias que provavelmente podem vir a ser construídas serão a lisboa-madrid para tráfego misto e o lisboa-porto exclusivamente para passageiros, ambas já em bitola europeia. tudo o resto ficará em bitola ibérica e sem interconexão com a nova rede. um desastre.
Caro António Alves,obrigado pelos seus esclarecimentos.Lamento ter colocado a questão sobre bitolas de um modo muito infeliz,pois dei a impressão que ignorava o significado do conceito,e em consequência obriguei-o a um trabalho desnecessário. Peço desculpa. A minha dúvida dizia respeito às bitolas que serão usadas em Portugal,e a sua resposta é esclarecedora.Um abraço.
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