02 junho, 2009

Os «prós e os contras»

Uma frase é apenas uma frase, mas há algumas felizes, que sintetizam muito bem o imenso disparate em que hoje a Europa se está a transformar, com relevo para os países do sul, com Portugal [como é habitual] a comandar o pelotão.
Na coluna "frases de ontem" do Público, seleccionei esta de João Rodrigues, no "i"por me parecer factual: "A fraqueza da resposta política à crise, e a força da desregulamentação do mercado de trabalho que as instituições europeias não se cansam de promover, garantem o desastre."
Se o Porto precisa de ser renovado urbanística e politicamente, a Europa, e os velhos paradigmas de governação, também. Insisto em pensar que, à boleia das liberdades e garantias, o conceito de democracia foi de tal forma esticado, que a Europa, e por arrastamento, os países mais atrasados, perderam um outro conceito que lhe devia estar sempre colado: a ética. Isto, interessa sobretudo, a quem mais abusa da Liberdade e retira dela dividendos [e esse, não é o grosso da população]. Falam frequentemente de ética, usando-a como argumento persuasivo para emprestar credibilidade ao utilizador, mas renunciam compulsivamente de a pôr em prática.

No debate Prós e Contras de ontem à noite da RTP, que, na minha opinião, continua a servir para branquear muito malfeitor disfarçado de homem de Estado, podemos, apesar disso constatar, a hipocrisia reinante no mundo da advocacia e da justiça . Estou certo que muitos, a grande maioria dos cidadãos, perceberam e sentiram esse clima de hostilidade, naquele jogo de esconde esconde, de interesses. Deu para perceber por que é que os adversários de Marinho Pinto preferem optar pelo discurso da sofisma e da ambiguidade, do que falar claro. Refugiando-se na complexidade das leis e do direito, preferem colocar o cidadão a uma distância razoável de "segurança" porque isso lhes permite esconder vulnerabilidades às quais muitos não conseguem resistir. A principal é esta: money. Money, muito e de acesso rápido. Ninguém está à espera que os infractores o confessem, mas toda a gente sabe que eles existem.

Não se vislumbra [apesar da refrescante imagem de Obama], no panorama político nacional e internacional ninguém de prestígio, com dimensão política e humana, capaz de influenciar o Mundo a seguir novos rumos e aceitar novos desafios. E isso é grave, porque quem neste momento está no Poder vai continuar a servir-se dele exclusivamente em benefício próprio. A complexidade dos vários poderes, que em princípio funcionariam como mecanismos reguladores da própria democracia, coarta qualquer devaneio interventivo para a restaurar. Cavaco Silva, é o que vê, não dá mais, é apenas mais um. Vai tentar copiar os seus pares [antigos Presidentes da República] sem levantar muitas ondas, como é suposto proceder no imaginário estigmatizado dos homens do regime. O corporativismo conservador não vive só de advogados...
Marinho Pinto, está a ser cercado por homens sem escrúpulos, cínicos, falsos como Judas. Vão esperar que caia, por força do lobby conservador da classe, para depois continuarem a "trabalhar" como dantes, a seu bel prazer. Se não o conseguirem, tudo farão para o conotar como um doente mental ao melhor estilo da Inquisição.

Resta-lhe a esperança que a nova geração de advogados o apoie, provando aos mais cépticos da sociedade que é possível conciliar a juventude do B.I. com a das mentalidades, caso contrário, terminarão para sempre com o mito da mais valia que lhe está associada.

3 comentários:

  1. No JN de Domingo, Marinho Pinto deixou uma frase que diz tudo: " posso quebrar, mas não vou torcer".

    Eu gosto.

    Um abraço

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  2. Parece-me indiscutível que, apesar de o quererem pintar de populista, o discurso de Marinho Pinto é frontal e transparente. O mesmo já não se pode dizer dos seus inimigos, e esse factor, para a opinião pública, já quer dizer muito.

    Um abraço

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  3. Sim Marinho Pinto, é um pouco populista no seu discurso, mas ontem, ficou bem claro, que a Oposição dentro da Ordem, assenta na manutenção de interesses obscuros como o acesso de uns tantos -uma oligarquia alargada- ao grande empregador que neste momento, é o Estado...

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...