Alguém imaginaria, passados 35 anos de vivência «democrática», que olhásse-mos à nossa volta sem encontrar um único partido político, um único homem ou mulher, a quem confiar os destinos do país?
Este vídeo de Zeca Afonso terá saído, como o título indica, em 1994 [2o Anos Depois]. Decorridos mais quinze anos, que diria Zeca Afonso da situação actual? E dos cantores e músicos de agora? Estaria também ele conformado, afastado, pouco interventivo, como Vitorino, Sérgio Godinho, Fausto e muitos outros? Será só a idade a pesar? E as novas gerações, serão afinal rascas e desinteressadas?
Este vídeo de Zeca Afonso terá saído, como o título indica, em 1994 [2o Anos Depois]. Decorridos mais quinze anos, que diria Zeca Afonso da situação actual? E dos cantores e músicos de agora? Estaria também ele conformado, afastado, pouco interventivo, como Vitorino, Sérgio Godinho, Fausto e muitos outros? Será só a idade a pesar? E as novas gerações, serão afinal rascas e desinteressadas?
O José Afonso surgiu num contexto completamente diferente, num período político muito difícil, muito mais do que agora, esteve em África, viu o que lá se passava, esteve na Academia de Coimbra, conviveu com muita gente politizada e activa, decidiu fazer qualquer coisa dentro do que lhe era humanamente possível...Ele iniciou o seu canto pela forma tradicional Coimbrã, foi mudando a sua maneira de compor e cantar à medida que a sua consciência política se transformava...O "Menino do Bairro Negro", contrariamente ao que eu pensei durante muitos anos, refere-se aos meninos dos Bairros pobres do Porto, não esqueçamos o "Ribeira Negra" de Júlio Resende, ele viveu por aqui, esteve numa república de estudantes -a 24 de Março- do Porto...Era necessário que os jovens tivessem a consciência -como tiveram na altura- de que não é possível ter seja o que for hoje sem luta...Ninguém dá nada a ninguém.
ResponderEliminarEste concerto, o último que deu na sua vida, ocorreu no Coliseu de Lisboa em 1983...Ele faleceu em 1987!
ResponderEliminarMuitos dos que com ele iniciaram a caminhada nestas cantigas, estão na casa dos sessenta/setenta anos, Vitorino, Janita Salomé, Fausto, Fanhais, Luís Cília, Pedro Barroso, José Mário Branco, Manuel Freire, José Jorge Letria, Sérgio Godinho...Destes, muitos ainda cantam e interveem, alguns já faleceram como Adriano Correia de Oliveira, António Bernardino...Mas querem um nome actual e da família?...João Afonso!
E a verdade é que as coisas hoje são diferentes e têm que ser interpretadas de forma diferente...Muitos dos que se salientaram nesses dias passados estão na reforma, voluntária ou compulsiva...Ou viraram o bico ao prego, mas são excepções!...Aquele aço era de boa têmpera!
ResponderEliminarA vez é dos mais novos, são eles que devem saber qual é o caminho que querem seguir...Os velhos, estão aí para os apoiar.
Mudam-se os tempos...
ResponderEliminarAs pessoas estão orfãos de causas, é o que é!
Viva o Euromilhões!
Esta referência -20 anos depois- é ao 25 de Abril...1974/1994, em 1994 foi gravado um disco duplo de homenagem, "Filhos da Madrugada cantam José Afonso" com a participação de várias Bandas actuais...
ResponderEliminarNão estão órfãos de causas Rui, eu não estou!...Continuo igual, estas músicas bailam na minha cabeça constantemente...Tenho um disco recente editado em Dezembro de 2007 com João Afonso, João Lucas e José Fontes, que é lindíssimo e foi posto à venda pelo Público por um valor simbólico, já este ano, chama-se "Um Redondo Vocábulo" e algumas das suas letras eu já transcrevi aqui.
ResponderEliminarCaro Meireles,
ResponderEliminareu sei que os tempos eram outros. Foram quase 50 anos de obscurantismo, a falta de liberdade, a guerra colonial,etc., que inspiraram os então chamados cantores de intervenção. Mas, mesmo assim, hoje, existem razões de sobra para intervir civicamente através do canto e da música, e o que é que se vê? Pedro Abrunhosa? Rui Reininho? Acha-os suficientemente contestadores? Eu, não. Nem eles, nem ninguém. Está tudo acomodado. As pessoas não estão para se comprometer, a carreirinha está primeiro e a coragem deixa muito a desejar.
Nós aqui,na blogosfera fazemos pouco, mas não mostramos medo nem conformismo. Eles, podiam aproveitar a visibilidade da sua actividade profissional, para contestar, ridicularizar enfim.
Os tempos mudaram sim, dizem que são de «democracia», mas não me parece que tenha sido para melhor.
Não falo desses, são pessoas ligadas a um tipo de música que não visa a intervenção política pura, embora o Abrunhosa nalguns momentos esteja mais próximo...Mas existem muitos que ainda fazem o seu papel nesse aspecto, João Afonso, Janita, Luís Represas e com música de elevada qualidade...Depois os velhos ainda fazem uma perninha, mas já estão muito desgastados no estilo. Passaram a ser representantes de um revivalismo que lhes retira algum brilho e actualidade...Os tempos são diferentes mas estou convencido que se for estritamente necessário vão surgir novas figuras.
ResponderEliminarTem sido sempre assim, os tempos actuais são de algum comodismo e o desencanto marcou muito a minha -nossa- geração... Não faz sentido perder a esperança.
Mas deixe-me dizer que embora esteja triste com muita coisa que se passa, tenho que afirmar que os tempos são melhores do que eram no passado...Sem qualquer dúvida.
ResponderEliminarUma coisa negativa destaco, a acentuada precariedade das relações laborais! Isso tem levado a nossa juventude a adiar os seus projectos pessoais e com isso, sobrecarregado a geração anterior...Mas vem aí -é inevitável- nova leva Capitalista e quando ela voltar em pleno, tem que ser feito muito nessa matéria.
É tudo muito mais complexo, as relações sociais são um emaranhado tremendo...É necessário ser-se muito atento, informado e inteligente para perceber estas nuances.
ResponderEliminarÉ um trabalho esgotante.
Por falar em Zeca. Já devem estar a par mas de todo modo aí vai a informação.
ResponderEliminarprojecto “80 ANOS DE ZECA”
http://80anosdezeca.blogspot.com/
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