Se há profissão que neste momento não gostaria de desempenhar, é a de Jornalista. Antes de explicar porquê, peço a atenção do leitor para o pormenor de ter escrito jornalista com maiúscula, porque é só a esses que agora me estou a referir. Aos outros, aos criadores de boatos, aos legionários da comunicação, prefiro nem falar para não vos pôr mal dispostos...
O Jornalismo, se desempenhado com seriedade e independência, é uma profissão de importância fundamental para a Humanidade que pode contribuir para o desenvolvimento dos países e para a qualidade de vida dos povos. Actualmente, jornalistas com J grande há poucos, como poucos começa a haver Homens com H maior.
Como ia dizendo, por esta altura deve ser uma seca para os Jornalistas de J grande escrever sobre política. O que é que eles têm para escrever sobre política e políticos que já não tenham escrito e repetido até à naúsea? Dizia-me hoje o Rui Farinas, naquele seu jeito inconformado que o caracteriza, que se sentia colonizado, sentimento que também partilho e me recuso - tal como ele - a aceitar. Mas, que mais podemos nós fazer com as "armas" que dispomos, que não são nenhumas? Escrever, escrever, escrever. É tudo. Porque armas, no sentido bélico do termo, por enquanto não temos, e se calhar já só através delas é que seremos capazes de nos fazer respeitar.
Contudo, há pequenas batalhas que podemos ir vencendo se mudarmos um pouco alguns dos nossos hábitos. Essas batalhas, tanto eu como o Rui Farinas já começámos a travá-las, embora sem dispormos ainda de dados que nos informem da erosão que poderá provocar no "inimigo". O "inimigo" é Lisboa, não tenham dúvidas, incluindo os que lá vivem conformados e até satisfeitos com o que o Centralismo nos está a fazer. Até hoje, ainda não vi, a partir de Lisboa ou das suas fontes e filiais, nenhum programa televisivo a debater com determinação, objectividade e continuidade, os nossos problemas. Ouvem-se, isso sim e bem, uns assobios "simpáticos" das plateias sempre que se fala do Porto ou do FCPorto. Por aqui, já podemos imaginar quanto podemos contar com a sua solidariedade e "patriotismo"...
As pequenas batalhas de que vos falo poderão parecer ridículas, por quem as avalia à luz do voluntarismo individual, mas podem tornar-se num pequeno grande problema para a megalomania centralista se conseguirmos dar o passo seguinte e que consiste em transformá-lo numa iniciativa colectiva. O segredo dessas pequenas batalhas estará nos nossos hábitos de consumo e na nossa força de vontade pessoal e familiar. Eu, e o Farinas já fazemos isso há muito, e nunca combinámos nada, foi uma iniciativa espontânea. Quando vamos a um supermercado temos o cuidado de observar a origem dos produtos e de os rejeitar se no rótulo do produtor ou do fabricante constar um nome de origem sulista. Vinhos, por exemplo, só os maduros do Douro e do Dão, ou os verdes/alvarinho do Minho os frisantes da Bairrada. Alentejo acabou! De Colares nem pensar!
Quem diz vinhos diz outros bens ou produtos, o que é preciso, é que cada um de nós passe a usar estes critérios selectivos de consumo e os transmita a todos os amigos que partilham do mal do Centralismo. É importante persuadir [se fôr preciso] as nossas mulheres e filhos. É importante convencê-los dos pontos fracos do Centralismo. Eles empobrecem-nos e impingem-nos os seus produtos para os enriquecer, mas nós podemos rejeitá-los, ninguém nos pode obrigar a comprá-los. Isto só será risível se nós quisermos, se não acreditarmos, ou se não resistirmos às cenouras que nos colocam frente ao nariz. Nós somos mais do equídeos, não é...
Sim, sim, já sei que com o tempo o centralismo poderá sempre arranjar forma de bloquear a cadeia do boicote que é, aliás a única coisa que sabem fazer. Quem boicota a Constituição boicota tudo. Mas, enquanto não derem por isso, sempre poderemos causar alguns estragos. Quem sabe? Não custa muito, apenas um olhar atento para as fontes daquilo que consumimos. Além de mais, talvez possamos convencer as empresas beneficiadas do Norte a investir melhor por aqui, noutros projectos, além dos telemóveis e dos Hipermercados. Talvez lhes consigamos transmitir a coragem que lhes tem faltado para investir em projectos autónomos e ambiciosos de comunicação social, nomeadamente numa operadora de Televisão. Por que não? Talvez com estas pequenas batalhas aparentemente risíveis possamos vencer uma guerra que não pedimos. Não sei é se temos Povo para tanto.
Já que fala em jornalistas...o tal jornal é que era bom!
ResponderEliminarUm abraço
Efectivamente tenho procurado convencer amigos e familiares a darem preferência a produtos nortenhos. A minha motivação é simples e nem é motivada por questões de ódios ou motivos semelhantes. Quando eu compro um produto, estou basicamente a transferir dinheiro do meu bolso para o bolso de alguem, deste modo contribuindo para o seu bem estar económico. Assim se eu pretender adquirir, por exemplo, uma garrafa de azeite, posso entregar o meu dinheiro a um lavrador transmontano, a um beirão a um alentejano, ou a um industrial provavelmente lisboeta. Dado que todos os factores me conduzem a sentir-me mais próximo dum transmontano ou dum beirão do que de um dos outros,e considerando que adquiro um produto de boa qualidade a um preço equivalente,penso que não pode haver hesitação quanto à escolha a fazer. Este é uma prática que adopto sempre que possivel, e que gostaria de ver generalizada. De momento, já somos dois,já que o Rui Valente faz o mesmo!
ResponderEliminarDou-lhe os parabéns pelas crónicas que faz, eu que não sou do Porto(cidade) mas de Braga. Continue assim que o número de admiradores e seguidores vai aumentar.
ResponderEliminarCaro Macedo,
ResponderEliminarobrigado pelo post simpático e solidário que nos dirige. É muito importante que as pessoas de Braga [que é uma cidade que visito com frequência e gosto imenso] tenham também consciência dos males centralistas. O meu amigo verá, se por acaso o Sporting de Braga continuar a "incomodar" o clube que conhece, se não lhe fazem o mesmo, ou pior, do que têm feito com o FCPorto.
Um abraço
Vila Pouca,
ResponderEliminarfundos, precisa-se!
Um abraço
Nunca tinha pensado dessa maneira, sempre comprei produtos do Norte, porque efectivamente são melhores, veja-se o vinho do Douro,o azeite de Tras os montes, a vitela de Basto etc, mas vou começar a analizar também por esse aspecto.
ResponderEliminare é claro "chatear os amigos"
Eu hoje fui às compras do mês ( a familia é grande) e não me esqueci do teor do texto...
ResponderEliminarCaro Carvalho Guimarâes,
ResponderEliminarpelo que lemos, parece que o amigo já não precisa de reciclar os hábitos consumistas. Basta-lhe, talvez um pouco mais de "rigôr". Como consumidores, não estamos ainda muito habituados a certos cuidados, é uma óptima oportunidade para estendermos esses bons hábitos a muitas outras coisas.
Um abraço
Carolina Salgado
ResponderEliminarEntrevista ao SOL já foi entregue ao Tribunal do Porto
Felícia Cabrita, jornalista do SOL, enviou hoje ao Tribunal de S. João Novo, no Porto, uma cópia da gravação da entrevista que Carolina Salgado nega ter dado ou autorizado (com áudio)
Em quase três horas de entrevista, as afirmações feitas pela ex-companheira de Pinto da Costa contrariam as que fez depois no seu livro e no processo Apito Dourado.
Carolina Salgado negou no Tribunal de S. João, no Porto – onde está a ser julgada por difamação, por causa do livro Eu, Carolina – ter dado ou autorizado qualquer entrevista à jornalista do SOL, Felícia Cabrita e a Ana Sofia Fonseca. A pedido do tribunal, onde já tinha ido depor no dia 25 de Novembro, a jornalista enviou hoje uma cópia dessa entrevista, feita em finais de 2006 e presenciada por Fernanda Freitas (que escreveu o livro de Carolina), a propósito de uma biografia de Pinto da Costa (publicada na revista deste semanário em 11 de Novembro desse ano).
Em julgamento estão seis processos, com origem em queixas movidas por Carolina Salgado e pelo presidente do FC Porto. Pinto da Costa é arguido num processo, por alegadas agressões a Carolina, em 6 de Abril de 2006, após a separação do casal. Nos restantes processos, Carolina responde pelos crimes de difamação de Pinto da Costa e do seu advogado Lourenço Pinto (por causa do conteúdo do livro Eu, Carolina), de incêndio nos escritórios deste e ainda por tentativa de ofensa à integridade física do médico Fernando Póvoas.
Na entrevista ao SOL, Carolina fez declarações contraditórias com as que veio a publicar um mês depois no livro (publicado em Dezembro de 2006). Por exemplo, no livro, nomeia ora Lourenço Pinto ora Joaquim Pinheiro (irmão de Reinaldo Teles) como as pessoas que avisaram Pinto da Costa de uma busca judicial no âmbito do ‘caso Apito Dourado’, que o levou a fugir para Espanha. Na entrevista, porém, Carolina nunca refere o nome de Lourenço Pinto. Além disso, Carolina relata que teria sido Pinto da Costa a «dar a ordem» para «limpar» o antigo vereador socialista de Gondomar, Ricardo Bexiga.
Depois de Felícia Cabrita ter prestado declarações como testemunha, no passado dia 25 de Novembro, Carolina Salgado afirmou ao Tribunal: «Não dei autorização para entrevista nenhuma nem para ser gravada». O Tribunal decidiu então pedir a gravação da entrevista para eventual junção ao processo – o que Felícia Cabrita fez hoje.
SOL
Meus caros, embora não seja "fundamentalista", há muito que dou preferência a produtos do norte, de qualidade.
ResponderEliminarApesar de ter nascido em Lisboa, fruto de acidente controlado ainda nos anos 50, as minhas raízes, os meus genes são minhoto-beirões.
Desde os 18 dias de idade, digo dias, até aos 18 anos formei-me e vivi em Matosinhos/Porto. Afinal sou um lisboeta de registo.
Só mais tarde, veio a Universidade e a vida que se estabilizou aqui na al-Lixbuna, com algumas passagens profissionais pelo Oriente. Conheço bem a moléstia do colonialismo centralista, mas nunca me submeti a ele. E não me arrependo.
Por isso, a meu desprezo contra o centralismo e aqueles que (sendo nortenhos) se submetem à gamela do império não pára de crescer...
Há, pois, algo que não se explica apenas se sente. Afirmo-me, pois, como um nortenho defensor de um Portugal mais equilibrado; por isso, procuro contribuir, ainda que modestamente, enquanto pequena célula deste corpo nacional, a favor de um Norte forte que possa melhorar um Portugal nitidamente fraco.