05 janeiro, 2010

Regresso à terra

De regresso à "terra", ao 5º dia de 2010, e ao contacto com os leitores, amigos e colaboradores do Renovar o Porto, quero reiterar-lhes os melhores votos de bem estar, preferencialmente, até ao resto das suas vidas.
Vivêssemos nós num país razoavelmente coeso e equilibrado, e não viria mal ao Mundo com as doses industriais de programas recreativos que as televisões nos impingem durante todo o ano e de modo acentuado por esta época. Sucede, que não só não vivemos num país com essas características como já percebemos que não temos um país. Temos literalmente uma capital que, aproveitou a queda do Salazarismo e a Democracia para se transformar num país com o nome travestido do que lhe antecedeu.
Os programas ditos recreativos, que mais não são do que cópias do que se faz lá fora, numa região deprimida e pobre como é o caso do Porto e Norte, tem um efeito perverso nas populações, porque dopa-as deixando a ideia que está a diverti-las, desviando a sua lucidez para eventos onde a "alegria" do espectáculo faz de conta que também é a delas. As longas pernas da esbelta Catarina Furtado não são só apelativas à testosterona masculina, são também um forte estímulo à vaidade feminina, tornando enfadonha qualquer reflexão profunda sobre os problemas reais de quem mais precisa de o fazer...
É também assim que muitos portuguese(a)s se vão deixando iludir por uma vida e uma felicidade que não são as suas, mantendo-os apáticos e indiferentes aos assuntos públicos. Só quando a novela acaba, e vão às compras ao supermercado é que descarregam em lamurias fadistas as suas maleitas e dizem mal dos políticos. Fica-se por aqui a sua intervenção de cidadania. Mas, depois, voltam a repetir o erro, e vão votar...
Hoje, folheando o JN, o que é que vemos? Na página cultural, lemos os nomes de Maria João Pires, de Ana Moura e Rodrigo Leão, dos maestros Cesário Costa, e Álvaro Cassuto. A página "Útil e Fútil informa-nos que Nicolau Breyner é padrinho do Cale-se 24 e que La Féria brilha no Rivoli do Porto. Na folha dedicada à televisão, o JN anuncia a exibição na SIC da reposição diária de uma novela. Nas crónicas desportivas, podemos ler a opinião de Carlos Daniel, um nortenho com sangue sulista e benfiquista. Umas páginas atrás, pode ver-se a cores uma foto a toda a largura do treinador do Benfica e a dos novos reforços. Ao lado, discreta uma foto a preto e branco do treinador adjunto do CAMPEÃO NACIONAL, precedida de uma foto gigantesca do avançado Cardozo do Benfica...
Será necessário acrescentar outros sinais sobre a génese "portuense" deste jornal? Contrariamente a certos iluminados da nossa praça [e da blogosfera] que encontram solução para os problemas regionais olhando para o seu próprio umbigo, é importante identificar os responsáveis por este estado de coisas. Os jornais não são auto-orientados, têm responsáveis e patrões. É deles que temos de começar a exigir outra seriedade. São esses que temos de boicotar e passar a discutir sobre a fundação de um jornal do Porto para o Porto, e deste, para o Mundo, mas dirigido por nós, portuenses.

3 comentários:

  1. Que saudades do verdadeiro Jornal de Noticias,uma das minhas primeiras fontes de aprendizagem.
    Deixei de comprar, está vendido à capital do império com muita pena minha.
    Faz falta um verdadeiro jornal do Porto.
    Bom Ano para todos!

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  2. de todos os jornais da cidade, este sempre foi o de menor qualidade e desalinhado. O meu pai, velho sabichão já falecido há muito, chamava-lhe o jornal das "sopeiras"...
    Ainda não saiu da cozinha.

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  3. Caro Rui benvindo e em forma.
    De facto é extraordinário que numa votação do JN tenha ganho o Cardozo do Benfica1 O que significa? Que os portistas não se interessam por estas coisas? Que o JN já não é lido a norte, como era dantes? Que é uma chachada e mais uma forma de engrossar o andor, que vai cheio de contributos da controlinveste.

    Um abraço

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