19 abril, 2010

O Desvio

Se me pedissem para escolher o ícone que melhor retratasse a actividade governativa do país escolheria este, aqui à esquerda. Não, não enlouqueci, era este mesmo que seleccionaria. Para lhe emprestar mais realismo, dispensaria a indicação das distâncias porque isso seria pedir demais...

Vá lá, os nossos incansáveis trabalhadores da coisa pública têm de ser poupados a preciosismos desta natureza. Pedir-lhes que nos expliquem para onde querem levar o país, com prazos e tudo, é mais do que um exagero, é uma tortura! Então não é verdade que eles já nos informam de tudo o que vão fazer e como vão fazer? É, pois concerteza! Nós, é que não imaginámos as canseiras de Suas Exas. Por isso, somos povo, brutos, incultos, lorpas, gente desmiolada e ingrata. Ralé!

Ora digam lá que é mentira terem alguma vez encontrado na estrada um sinal a dizer desvio sem mais outra informação? É mentira, sim senhor! Habitualmente, quando deparámos com uma placa destas há sempre uma setiinha para norte ou para sul a orientar o sentido da nossa viagem. É, ou não é? E sabem que mais? Prestam-nos estes preciosos serviços sem terem de pagar balúrdios a administradores ou directores de serviço. Estes organismos, as Juntas Autónomas de Estradas, as Brisas, as Direcções de Viação Municipais, etc. e tal, auto-controlam-se! É por isso que nunca nos aconteceu andarmos perdidos feitos tolinhos e às voltas para retomar viagem, porque somos imediatamente conduzidos ao caminho que seguíamos, sem gastar um cêntimo a mais, em combustível...

Em resumo, está assim explicada a analogia sinalética entre o transito rodoviário e as performances dos nossos governantes. Desviar, é só com eles. Para onde e o quê, também já sabemos...

5 comentários:

  1. Espectacular, esta metáfora nacional. Muito boa mesmo!!!

    Veijios

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  2. Veijios para si também mulher lua, e obrigado pela visita!

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  3. É meu caro Rui, a seta indica-nos o desvio, mas nunca o caminho. Andamos às voltas, às voltas, perdemos o norte, mas, finalmente, quando julgamos que estamos no caminho certo... afinal estamos no mesmo sítio, ou ainda mais atrás e temos de começar de novo...

    Mas como dizia o outro, o povo é sereno...

    Um abraço

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  4. É como diz. O desvio é a regra, sem excepção. E até nem já de placas indicadoras precisaríamos, pois todas elas apontam para o mesmo fim.
    Parafraseando um amigo que conheci, pouco dado ao cumprimento atempado das tarefas burocráticas inerentes às funções que desempenhava,proclamava; "nada melhor do que a maior quantidade na maior confusão".
    E não é que a frase, face ao momento político actual, parece ter algum sentido?

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  5. Estes Desvios são Obras de estradas
    e dos governantes; Vamos sempre parar ao mesmo sítio!... que é o buraco.

    O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...