22 abril, 2010

Iniciativas regionais com benefícios internacionais, em Aragão

O Governo de Aragão é o principal impulsionador de um projecto que prevê aproximar a Península Ibérica do resto da Europa através de um túnel ferroviário de 40 quilómetros debaixo dos Pirenéus, precisamente na zona onde eles são mais altos.
Para isso, foi criada a Fundación Transpirenaica, da qual fazem parte o Governo regional e 19 parceiros entre associações empresariais e comerciais e as duas principais centrais sindicais espanholas (Comissiones Obreras e UGT).

A justificação para este investimento radica na constatação de que a travessia daquela cordilheira está congestionada porque só pode ser feita pelas suas extremidades mediterrânica e atlântica. Segundo os dados mais recentes, mais de 20 mil camiões cruzavam diariamente a fronteira hispano-francesa, o que dá uma média de sete veículos pesados por minuto em Irún e La Junquera. E quem já viajou pela auto-estrada que liga San Sebastian a Irún e Bordéus depara-se com um muro contínuo de camiões.

Quanto ao caminho-de-ferro, só 4,5 por cento das mercadorias que cruzam a fronteira entre Espanha e França são transportadas por comboio (entre Portugal e Espanha essa percentagem é de quatro por cento). Pela fronteira de Irún-Hendaya passam todos os anos, sobre carris, 1,9 milhões de toneladas de mercadorias e por Cerbére-Port Bou 2,5 milhões. Em ambos os lados, as infra-estruturas estão congestionadas e também não é de esperar que a linha de alta velocidade em construção entre Barcelona e a fronteira francesa venha resolver o problema, uma vez que se destina essencialmente ao tráfego de passageiros e não de mercadorias.

Natalia Blásquez, directora da Fundación Transpirenaica, diz que para evitar o colapso a solução passa por um corredor ferroviário de grande capacidade no qual possam transitar entre 40 e 50 milhões de toneladas anuais, aproveitando os nós logísticos de Saragoça, Madrid, Toulouse, Bordéus e o Levante espanhol. Mais: tal projecto seria decisivo para se poder escoar para o resto da Europa os tráfegos provenientes dos portos de Sines, Lisboa e Algeciras.

Para já, a Comissão Europeia escolheu-o como um dos 30 projectos prioritários declarados de interesse europeu, atribuindo-lhe o número 16 e chamando-lhe "corredor Sines/Algeciras-Madrid-Paris com Travessia Central dos Pirenéus de grande capacidade". Os estudos estão fixados em 10 milhões de euros, dos quais cinco milhões são financiados pela Comissão e o restante pelos estados espanhol e francês.

Natalia Blásquez diz que o próprio presidente Barroso e o comissário europeu dos Transportes, Jacques Barrot, expressaram publicamente o seu apoio a este projecto, que coincide com a estratégia ambiental de Sarkosy "que passa por favorecer os investimentos no transporte em comboio e barco em detrimento da construção de novas auto-estradas".

Num cenário que apelida de "optimista e realista", a directora crê que em 2015 poderão ter início as obras e que a inauguração poderá ocorrer em 2025.

Não por acaso, a Fundação Transpirenaica se situa em Saragoça, sendo o Governo Regional de Aragão o principal promotor do projecto. A cidade pouco conhecida que fica no meio da meseta não se limitou a viver um momento efémero de fama aquando da Exposição Mundial de 2008 (dedicada à água) e não ignorou as potencialidades de ter o comboio de alta velocidade espanhol a ligá-la a 300 km/h a Madrid e Barcelona, e uma aposta estratégica que se revelou um êxito - decidiu criar a maior plataforma logística da Europa, que é três vezes maior do que a segunda, em Berlim.

Ao todo são 13 milhões de metros quadrados (onde já se instalaram desde 2002 mais de 200 empresas) e que contém no seu interior um aeroporto e o maior terminal ferroviário de mercadorias da Europa.

Segundo Alfonso Vicente, conselheiro de Obras Públicas do Governo Regional de Aragão, o investimento - de 2,5 mil milhões de euros - foi financiado em 51 por cento pela própria região autónoma, 12 por cento pela cidade de Saragoça e os restantes 36 por cento pela banca. Um exemplo do funcionamento desta plataforma logística é a vinda, semanal em avião, desde a África do Sul, de 130 toneladas de peixe fresco para abastecer uma rede de supermercados espanhóis.
 
Obs. - A fonte deste artigo  é do Jornal Público

1 comentário:

  1. E viva el Espanha...E viva el Espanha...

    O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO.

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