Num destes últimos fins de semana fui à baixa do Porto, coisa que não faço frequentemente. A baixa não está muito agradável: os grafitos, que vão sendo cada vez em maior quantidade sem que nenhuma entidade se preocupe, poluem a paisagem de modo que pessoalmente considero intolerável. Sinto-me num daqueles subúrbios sombrios e degradados que existem à volta das grandes cidades europeias. Infelizmente aqui não estou num subúrbio, estou na cidade propriamente dita, e esta cidade é a minha. As flores e as árvores desapareceram. Os Aliados, a praça D. João I, os Poveiros, até a Batalha, parecem tristes e incompletos, como que esperando qualquer coisa que os embeleze. Prédios degradados com montras que foram montras e agora mostram interiores vazios e sujos, não ajudam a melhorar o panorama.
As minhas ocasionais idas à baixa não são, como poderá parecer, exercícios de masoquismo. Considero quási como um dever cívico, uma espécie de (insignificante) contribuição para ajudar. Por pouco que se gaste no comércio local, penso que é importante pois que se os portuenses abandonarem a baixa à sua sorte, então ela morre mesmo. Será um sentimento idiota ou infantil, mas é o que sinto.
Mas nem tudo está perdido. Julgo que se detecta uma reanimação do centro do Porto, e não falo da "noite" que não frequento, mas durante o dia. Há uma coisa que é indiscutível : a quantidade de estrangeiros que se vêem, caminhando, visitando monumentos ou viajando nos autocarros turísticos, hoje em dia é maior que nunca. Ninguém terá dúvidas que esta afluência é sobretudo devida às low-cost (Ryanair à cabeça) que voam para o ASC. Tem o Porto argumentos suficientes para manter e incentivar este fluxo? Espera-se que sim mas gostaria de ver uma Câmara Municipal mais dinâmica e mais interventiva. Provavelmente isso não ocorrerá enquanto não mudar a presidência. Haja paciência, já faltou mais!
Entrei no mercado do Bolhão..Era sábado de manhã, estava buliçoso, com boas frutas e legumes (e azeitonas também!) e bastantes turistas. Mas quanto ao mercado em si, ao edifício, que tristeza! Decrépito, abandonado por quem devia cuidar dele, com escoras(!) que evitam que aquilo venha abaixo mas que dificultam a circulação das pessoas. Uma espécie de espírito jovem num corpo decadente.
De repente ocorreu-me se não haveria ali uma simbologia! O Bolhão representa o Porto. Ambos tiveram uma época áurea de que os portuenses se orgulhavam. Uma conjunção de causas negativas em que se pode incluir o desleixo, o desinteresse, a incompetência, práticas de estrangulamento provenientes do poder central, teve como consequência um declínio não combatido. O Bolhão com riscos de desmoronamento. A cidade, em sentido figurado, na mesma situação. O Bolhão é o reflexo do Porto.
Não sei o que vai acontecer ao Bolhão. Estará afastado o risco de se transformar num Centro Comercial (?!) ou haverá ainda um iluminado qualquer, cheio de ideias prá-frentex, que decida que um mercado assim não é "moderno", que dá prejuízo, e que em consequência destrua irremediavelmente o Bolhão e o seu espírito? Enquanto a actual Câmara estiver em funções, não me sinto tranquilo, não confio neste presidente. Mas pensando no movimento que nasceu quando a IURD quis tomar conta do Coliseu, acredito que destruir o Bolhão seria um crime que os portuenses nunca permitiriam.
Rui Farinas,
ResponderEliminarO Porto tem a sorte, ou privilégio dos vôos low-cost e de um Metropolitano que lhe faz chegar até si os turistas, mas tem o azar de não ter na Câmara um Presidente à altura dos desafios que a cidade coloca.
Há poucos, muito poucos edifícios reabilitados comparados com os imensos que se encontram arruinados e que dão uma imagem suja e decadente à cidade. Tenho ideia de que a este ritmo quando uns estiverem reabilitados outros estarão a cair.
É a política mesquinha dos guarda-livros...
O Bolhão é a alma do Porto cidade.
ResponderEliminarAcho que enquanto houver um Portuense, o Bolhão vai continuar a existir mesmo sendo maltratado.
Agora é o reflexo da edilidade, cinzento e decrépito, salvam-se as pessoas que são a sua alma.
Tenho esperança que a situação vai mudar, para bem de todos os que amámos a Invicta.
O mercado do Bolhão é o exemplo de uma cidade degradada. O Porto é isto, casas e casas abandonadas degradadas para turismo ver.
ResponderEliminarEste pseuda autarca da cidadde do Porto não gasta um tostão em nada, só sabe cumplicar o que é simples! vejam o mercado Bolhão!... quando queria entregar a uma empresa que projectava habitação no próprio edifício.
É o privado, que ainda vai dando alguma vida á cidade, com algumas apostas no turismo construíndo hoteis e dando vida a muita coisa pública abandonada.
Aguardemos que este Alcaide dê de frosques quanto antes.
O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO
A mim, que não sendo portuense nem nunca ter vivido no Porto, mas que fui criado a ter a cidade do Porto como "centro do mundo", causa-me pena, quando lá vou de visita, ver o abandono e a degradação de tantos edifícios em plena baixa. O actual presidente Câmara é um homem que reconhecidamente não ama a sua cidade nem as suas instituições. Está lá apenas de passagem, julgando estar fadado para outros voos. Agora até pisca o olho ao Regionalismo! Apanhando-se eleito presidente contra talvez as suas próprias expectativas, desatou logo a atacar aquela que para mim é a mais prestigiada Instituição da cidade o F.C.Porto. Como dizem na minha terra: apanhou-se com as calças do pai vestidas e desatou a correr gritando que também era homem. E como gostaram de o ouvir cá por Lisboa.
ResponderEliminarMas quem o elegeu foi a gente da "Mui Nobre Sempre Leal e Invicta Cidade"... que se há fazer?
Rui Farinas quem deixou de ir durante algum tempo à baixa vê-se agora confrontado com o que acabou de relatar, um autêntico abandono.
ResponderEliminarUma zona que outrora era o centro de negócios e de Cultura hoje é um grande manto de granito feio e escuro e a notar-se um claro abandono.
Embora nos últimos tempos a baixa da Cidade seja um ponto de encontro para muitos jovens onde a noite está "IN", mas infelizmente não chega como sabemos isto da noite é por modas.
Em relação ao mercado do Bolhão foi alvo de uma negociação que tinha tudo para correr mal e acabou mesmo por correr mal, daqui ao abandono é um caminho muito curto.
É com muita pena que vejo a Cidade do Porto "fechar" desta maneira.
O Porto é a caro do rio...com letra pequena, que o Douro é um Rio e peras.
ResponderEliminarNa alturas das férias, não prestei muita atenção, mas o rio parece que quer benefícios fiscais para demolir o Aleixo? Será assim, ou percebi mal?
Um abraço