05 dezembro, 2010

Os inteligentes e os outros

É impossivel recuperar um país sem a colaboração activa da sua população, e esta colaboração não existirá se não houver confiança na classe política que terá obrigatoriamente de dirigir o movimento recuperador.

Em Portugal nunca o prestígio dos políticos esteve tão em baixo, e verdade se diga que essa condenação é merecida. O nivel dos políticos tem baixado assustadoramente ao longo dos últimos 25 ou 30 anos. Fica-se com a impressão que as pessoas com capacidade governativa, cada vez mais têm relutância em misturar-se com essa gentinha que nos tem governado, e deste modo cada vez mais oportunistas e aventureiros se sentem atraídos pela política, que vêem como um campo com futuro para satisfazer as suas ambições económicas, pois propicia as mais variadas situações de compadrio e corrupção, todas elas altamente rentáveis. Basta olhar para as notícias e fait-divers do dia a dia para verificar que assim é.

Por isso creio firmemente que a recuperação de Portugal passa por outros factores muito para além da questão de saber se o FMI vem ou não vem. Passa, para principiar, por uma profunda reforma do sistema político, da qual fará parte a elaboração de uma nova Constituição, reforma essa que provavelmente trará consigo, para a política, gente mais séria e melhor preparada, e com mais vontade de " servir "do que de " servir-se".

Tudo indica que esta autêntica revolução não se gerará no interior do sistema, isto é , nos partidos existentes. Muito ingenuamente ainda pensei, há uns anos atraz, que Cavaco Silva poderia - e quereria - dar a volta à situação. Enganei-me. A mudança terá então de originar-se no exterior do sistema. Como e por quem, em face do estado de apatia bovina dos portugueses, confesso que não sei. Penso apenas que acredito (ou deveria antes dizer "acreditei"?) que o Partido do Norte tinha aqui uma óptima oportunidade para mostrar que é diferente e que se propõe ser uma lufada de ar fresco neste ambiente político altamente tóxico em que vivemos. Neste aspecto, a leitura das suas Linhas Programáticas, desiludiu-me.

É minha profunda convicção que ou tudo isto leva rapidamente uma grande volta, ou então continuamos a cair no enorme buraco negro que já começou a engolir-nos e do qual, em qualquer caso, só sairemos após grande sofrimento e muitos sacrifícios. Mas isto deve ser pessimismo meu, pois os nossos clarividentes políticos continuam a discutir o sexo dos anjos, e eles é que são os inteligentes...

2 comentários:

  1. Estou convencido que nenhum político é sério, mas para não dizer que há políticos bons e maus,
    digo que há uns melhores que outros.
    Todos os nossos Partidos ou por uma razão ou por outra têm telhados de vidro. Depois são sempre os mesmos dois partidos a servirem-se da mesma teta.
    Quando o Nosso ministro das finanças, que foi considerado o pior da comunidade europeia nas finanças, estamos falados.
    Eu ainda acredito no MPN, que venha dar uma lufada de ar fresco, e que Norte, ainda possa crescer e ajudar o país. Caso contrário, da maneira como isto se encontra, vamos ser sempre o penico da europa e os portuguêses os miseráveis.

    O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO.

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  2. Farinas, é tudo farinha do mesmo saco e Cavaco é apenas e não sei porquê, poupado pela C.Social mesmo quando tem muitos amigos no caso BPN, mantém Dias Loureiro no Conselho de Estado, quando ele estava metido até ao pescoço no BPN e mais o episódio lamentável das escutas... Cavaco é um caso de estudo para mim, não por ele que não gosto, mas pela forma como se safa sem ser machucado a problemas que se fossem outros os envolvidos, dariam falatório que nunca mais acabava.

    Um abraço

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