21 janeiro, 2011

A RTP / RTP N, o Movimento Pró Partido do Norte e a promiscuidade




Não custa muito aceitar uma crítica desde que venha acompanhada com uma séria e bem fundamentada alternativa ao objecto criticado.

De preferência e, se possível, deviam os críticos contrapor com alternativas às ideias de terceiros com acções práticas, caso contrário, a crítica assemelha-se a pura destruição, esvaziando-se em si mesma. Mas nem sempre é possível contrapor às criticas com alternativas concretas.

Podemos criticar Cavaco Silva, por exemplo, pela arrogância de nos querer convencer de que é o José Mourinho da política nacional, mas não podemos substituir-nos a ele, em tempo útil,  para lhe explicar a dimensão e o ridículo do seu engano. Mais difícil  e incompreensível, é explicar a consistência argumentativa do eleitorado que lhe alimentou a fantasia. Ratoeiras de uma Democracia pobre...

Os portugueses são imaturos, queixam-se muito entre si, mas envergonham-se de reclamar no momento e  local certo. Dizem que não vale a pena, e como não vale a pena, fica logo aí justificada a tradicional tendência para o deixa andar, para o comodismo de quem não quer assumir responsabilidade de coisa nenhuma. No entanto, assim que aparece alguém com alguma iniciativa, já não hesitam em lançar para a atmosfera todo o tipo de  adornos, de críticas e sugestões.

Nas últimas semanas, em curtos intervalos de tempo, pude comprovar por mim mesmo esta realidade. Em locais de atendimento público diferentes em que pessoas foram sujeitas a períodos de espera intoleráveis, sem um único pedido de desculpas ou explicações [CTT's e TVCabo] não houve ninguém, excepto eu próprio, que se dispusesse a reclamar. Contudo, vi-as bem a murmurar entre si, visivelmente incomodadas, mas incapazes de se dirigirem ao responsável da empresa para apresentar o seu protesto.

A vida, não é só preto nem branco, mas também não é o colorido que um belo dia de sol faz parecer. Às vezes é mesmo preciso impor a nós mesmo uns tons mais neutros e austeros... É neste último patamar que prefiro colocar-me sempre que a confusão se me instala no espírito. Explico. 

Foi aberta online anteontem uma Petição Contra a Discriminação ao FCPorto pela RTP e  exigida a demissão dos Directores de Informação. Um desses responsáveis, o Director Adjunto da RTP N [Dinis Sottomayor] compareceu o fim de semana passado no debate promovido pelo Movimento P.Partido Norte onde se discutiu precisamente "O Norte e a Comunicação Social. Como não pude comparecer, não sei do que falou este jornalista sobre o assunto, mas gostava era de saber se alguém se lembrou de lhe perguntar se existe, ou não, censura na RTP,  se os jornalistas são livres, ou não, para escolher os temas e as linhas editoriais, e se sim, porque não debatem mais a Regionalização.  E, por último, por que é que a RTP é tão leviana e sectária com o Futebol Clube do Porto. 

Seria de toda a conveniência que essas dúvidas se desfizessem, e que o senhor jornalista explicasse o que o impede de falar na RTP N sobre temáticas que aparentemente lhe interessam, caso contrário, a ambiguidade acabará por se instalar no seio do próprio Movimento, o que não é nada recomendável...

Aqui, não há lugar para cores difusas, só há mesmo o preto ou o branco. Porque, se a pretexto de termos uma família para criar, o nosso patrão nos ordenar para matarmos alguém, nós, pura e simplesmente só temos é de lhe desobedecer. E... denunciá-lo!

Valerá a pena lembrar, a quem porventura já se tenha esquecido, não há uma só maneira de matar. Por vezes, as formas menos literais, são as que mais danos colaterais provocam.

Nota:
Não se esqueça se subscrever a Petição linkada em cima, à direita. Passe a palavra aos seus amigos e não diga que não vale a pena, mesmo que tenha razão. Quantos mais formos, mais respeito imporemos. Afinal, onde está o seu portismo?

4 comentários:

  1. Dei conhecimento e eu e a minha esposa assinamos.

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  2. É preciso que cada um, principalmente aqueles que tanto se insurgem contra o centralismo e a forma como o Norte e o F.C.Porto são tratados, façam qualquer coisa, ou então, se não fazem, que não atrapalhem, não critiquem e em vez disso dêem moral a quem faz.

    Um abraço

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  3. Até quando os verdadeiros nortenhos suportarão, sem reagir, o colonialismo e imperialismo centralistas lisboetas, de que um dos principais pilares são os vários canais televisivos "nacionais", mas que de nacionais só têm a presunção. Não passam de canais regionais lisboetas e brasileiros ou espanhóis, leia-se RTP e seu grupo, SIC e TVI. Até os canais por cabo que dão programação portuguesa (com uma excepção) lhes seguem o exemplo.
    Falar não chega, é preciso começar a agir!

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  4. Opinião (in JN)
    por Paulo Morais

    Pecado capital

    Portugal continua a sustentar uma capital imperial, mesmo quando já não há império. Sem o velho imenso território, de Melgaço a Timor, a Lisboa centralista entretém-se hoje a colonizar o continente. O regime político vigente impõe-nos um modelo de desenvolvimento (?) monstruoso em que se sacrifica todo o território aos privilégios da corte.

    Para alimentar este sistema, os portugueses são fustigados com mais e mais impostos, cujo primeiro objectivo é o de sustentar uma oligarquia imensa instalada na capital. Esta casta é constituída por membros de umas tantas famílias que se distribuem pelos cargos de alta direcção da Administração Pública. Ocupam, de forma rotativa, os postos que conferem maiores regalias. Estes "boys" de luxo saltam dos ministérios para o Parlamento, daqui para os tribunais superiores, pululam entre os melhores "tachos", usufruem de todas as vantagens.

    À sua volta e para os servir, concentra-se um séquito de funcionários. Só nas imediações do Terreiro do Paço, num raio de três quilómetros, estão sediados cerca de 60 mil funcionários públicos, distribuídos pelos mais diversos serviços governamentais. Estranhamente, há ainda milhares de empregados do Estado em ministérios cujos serviços estão descentralizados, como a Saúde ou a Segurança Social. Há até funcionários do Ministério da Agricultura que vivem em Lisboa e nunca devem ter visto uma couve. Mas a situação mais bizarra sente-se na Educação, onde mais de mil milhões de euros do respectivo orçamento são derretidos no gabinete ministerial.

    E tudo isto, ao mesmo tempo que fecham escolas na província. Mas não só. Enquanto no Norte o desemprego cresce sem parar e o Interior se desertifica, ao mesmo tempo que pelo país encerram escolas, tribunais e serviços de saúde - na capital, todos os investimentos e esbanjamentos são possíveis, todos os pecados são permitidos: mais auto-estradas, expansão do metropolitano, nova travessia do Tejo, mais um aeroporto, novos teatros e museus...

    Na capital não há limites, nem para a imaginação, nem para gastos incomensuráveis. Lisboa continuará a absorver todos os recursos do país.

    Até quando vamos admitir este saque?

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...