A Unicer, fabricante da cerveja Super Bock, é uma empresa portuense, sempre tem sido, tanto pela localização das suas instalações (agora no Grande Porto e anteriormente em Júlio Diniz ) como pela sua longa tradição de empreza nortenha. Esta constatação não a impede de ter comercialmente âmbito nacional nem de ter uma composição accionista em que o capital português já não é maioritário. Seja como for, é basicamente olhada como uma empreza nossa, portuense, e esta percepção tem dezenas de anos, vem do tempo em que a Unicer não existia e a empreza se chamava Companhia União Fabril Portuense (nada a ver com a CUF). Lembro-me perfeitamente, era eu rapazola, que nesse tempo já só bebia Super Bock ( que aliás, diga-se de passagem, tinha um rótulo de enorme beleza, mais tarde substituido pelo "cinzentismo" do actual).
Há alguns poucos anos, os accionistas resolveram nomear presidente executivo o sr. António Pires de Lima, que parece ter tido alguma experiência numa indústria de bebidas do sul, além de ter sido dirigente do CDS-PP. O sr. Pires de Lima terá feito todo o seu percurso pessoal e profissional em Lisboa, e segundo creio continua a residir lá.
Não quero ser fundamentalista ao ponto de afirmar que empresas nortenhas só deveriam ter gestores nortenhos, embora pense que estes deveriam ter prioridade em igualdade de condições. Mas o que não posso deixar de pensar é que se vai buscar-se um gestor de fora da nossa região, ele terá de respeitar a identidade da empreza e as suas tradições,terá de respeitar o seu passado. Ao fim e ao cabo, isto não é território colonizado! Ou talvez seja...!
A Unicer acaba de criar uma nova cerveja, e segundo a imprensa noticiou, o seu lançamento nacional foi feito num hotel...em Lisboa! Pessoalmente sinto isto como um insulto. O lançamemto de um produto da Unicer tem de ser feito no Porto! Poderá dizer-se que a região de Lisboa representa uma fatia importante no mercado da Unicer, mas então se querem dispensar-lhe um tratamento VIP, façam lá uma cerimónia especial, tão luxuosa quanto entendam, mas não lhe chamem lançamento nacional porque, repito, esse previlégio deveria ter ocorrido previamente no Porto.
E não me venham falar de globalização! Por exemplo, whiskey faz-se em vário locais, mas os escoceses têm total orgulho naquele que é fabricado na Escócia. E se falarmos de cervejas, é igualmente irredutivel o orgulho dos bávaros na sua cerveja, ou o dos checos nas que fabricam na região de Pilsen. A Super Bock é tão melhor que as outras - Sagres incluída - que devemos sentir orgulho em que ela seja feita aqui. Eu pelo menos sinto, e se houver quem não esteja de acordo comigo, paciência...
Meu caro amigo,
ResponderEliminarcreio já ter abordado pessoalmente esse assunto consigo. De facto, foi para mim incompreensível que o antigo administrador da UNICER tivesse de ser substituído no cargo por alguém de Lisboa. Não propriamente por ser de Lisboa, mas por ser pouco credível não existir mais ninguém da região habilitado para tal.
Um dia destes, também nos invejam o ar que respiramos...
Um abraço
Concordo com a sua posição, mas tenho de relembrar que antes da SuperBock a cerveja que se bebia da CUFP era a Cristal com uma garrafa e sabor diferentes da actual que é tipo pilsen.Era isso que se bebia na esplanada perto do Palácio nos finais da década de 60 e inícios de 70.Depois fecharam essa esplanada. Penso que em 1968 fizemos, eu e os colegas, uma visita à fábrica na Via Norte, levados por um professor que lá trabalhava, depois muito conhecido antes e depois do 25 de Abril, o falecido Dr. Vieira de Carvalho.
ResponderEliminarCumprimentos
Imagino que sou um pouco mais velho que o nosso amigo Zangado, e por isso as minhas memórias a respeito da cervejaria (e fábrica) da CUFP vão mais longe, porquanto já era frequentador do local no princípio da década de 50, nos meus tempos de estudante.Nesses tempos o carro-chefe da empresa era efectivamente a Cristal, mas a Super Bock já existia.
ResponderEliminarÉ curioso assinalar que a rua Júlio Diniz é torta (chamavam-lhe a rua da manivela em virtude da sua dupla curva) porque um tramo recto entre a Rotunda da Boavista e o Palácio implicava arrasar a fábrica, e a CMP não quis ou não conseguiu fazê-lo.
Cumprimentos.