21 agosto, 2012

Hipocrisia sazonal

De vez em quando, talvez para limparem a [má] consciência, determinados jornalistas, como este aqui, por exemplo, decidem quebrar o jejum das crónicas conformistas que normalmente escrevem e levantar o véu da hipocrisia que hoje se instalou ferozmente na política e na própria sociedade, para dizerem algumas verdades.

No caso em apreço, o autor referiu a Líbia, o Iraque e a China. Mas também podia falar de Angola, cujo presidente e respectiva prole, nomeadamente a sua filha mais velha, Isabel dos Santos, têm negócios relevantes com Portugal.

Só para citar alguns, sabe-se que detém importantes participações no banco Millenium BCP, BPI, BIC, e noutras empresas como a Galp Energia, a Zon Multimédia e mais recentemente uma parceria entre a Sonae e a empresa angolana Condis. Consta mesmo que é Isabel dos Santos quem anda a financiar o Benfica, e caso o rumor se confirme, podemos estar certos que não será pela nossa comunicação social que iremos sabê-lo...

Angola, queixou-se outrora do colonialismo português, mas agora goza da má fama de ser um dos países mais corruptos do continente africano. Levará o senhor jornalista em boa conta este lembrete? Veremos o que dizem os próximos artigos sobre as nossas relações com a mui nobre República Popular de Angola.

Vale isto por dizer, que quando se trata de dinheiro, a  "receita" da casa é mandar a moral de férias e tratar da vidinha, porque para os lusos homens as coisas da integridade são meramente sazonais, como ir a banhos para a praia recomenda o verão. Pelo menos as árvores, mesmo as de folha caduca, quando morrem, mantêem a integridade perene. E depois, certos homens têm muitas maneiras de "matar pulgas", que é como quem diz, de brincar à integridade, como, por exemplo, falar da violação dos direitos humanos de outros países [como a China], para se auto-proclamarem humanistas e afastarem as atenções de países que também não os respeitam [como Angola] mas metem cá muito dinheiro...

Portanto, é preciso ter mais cuidado quando falámos de hipocrisia. Porque nem a China nem a EDP estão sós nesta "cruzada" nem são mais hipócritas que os órgão de comunicação social [incluindo os estatais], cuja submissão ao poder económico é absoluto, ou não fossem eles fiéis serventuários do centralismo, tal é a proximidade física e ideológica com os órgãos do poder.

Em Portugal, e no Norte, o único jornal que foi capaz de vestir integralmente o "equipamento" regionalista foi o Grande Porto, e mesmo esse é um semanário, ainda pouco conhecido do público.

A integridade não é de facto para todos.

1 comentário:

  1. Será que tanto dinheiro que vem de Angola, e não só, e que anda por ai em negócios chorudos com Portugal e que mete no bolso de muitos azeiteiros que nós conhecemos, que estão à frente das grandes empresas públicas e privadas. Esse dinheiro é suor de quem o traz ou de sangue dos outros ?...

    O PORTO É GRANDE, VIVA PORTO.

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