14 fevereiro, 2014

Estejamos atentos aos próximos convidados do Porto Canal

Sendo um tripeiro que viveu alguns anos fora da sua cidade e que já viajou um pouco por quase todos os continentes (excepto pela Oceania e Ásia), sinto-me à vontade para não aceitar lições de ninguém sobre o que é o amor à terra. Depois de cumprido o serviço militar, residi parte desse tempo em Sintra e outra parte na capital. Vivida essa experiência, a saudade falou mais alto e tive de regressar à base, ou seja, ao meu Porto natal. Tanto o meu pai (transmontano) como a minha mãe (minhota), vieram ainda na infância viver para o Porto com os meus avós e ambos tiveram o bom gosto de adoptar esta cidade como a sua verdadeira terra, já que foi nela que viveram a maior parte das suas vidas. Não sei se foi deste cruzamento entre nortenho de Trás-os-Montes e do Minho que herdei esta afectividade pelo Porto, este bairrismo vaidoso, o que sei é que não trocava a minha cidade por nenhuma outra. Por isso não me espanta que o Porto, apesar do seu avançado estado de degradação urbana e social, tenha vencido dois prémios consecutivos como o melhor destino Europeu. 

Além do Porto cidade, outra das minhas "amantes" (não gosto do termo paixão, porque a paixão imbeciliza o amor), é o FCPorto. E não é só o FCPorto intercontinental da era Pinto da Costa, é também o FCPorto do tempo em que meu pai me levava ao estádio das Antas quando ainda era criança. A mim pouco me interessava se o Benfica ou o Sporting tinham mais troféus, o FCPorto era o CLUBE, o meu, o único.

É portanto natural que nutra uma instantânea simpatia por tudo que esteja associado ao clube e à cidade, sobretudo se se tratar de algo que possa ajudar ambos a defenderem-se das garras do centralismo mais doentio e anti-patriota que o país conheceu. Foi com esse estado de espírito que vi a chegada do Porto Canal, principalmente depois de saber que o FCPorto ia candidatar-se à sua propriedade. De início, rejubilei com a notícia, embora tivesse algumas dúvidas quanto  à escolha de Júlio Magalhães para Director Geral, mas, à medida que o tempo foi passando fui-me apercebendo  de algumas lacunas e as minhas dúvidas acentuaram-se. Salvo um volte-face espectacular, receio que as minhas suspeitas comecem a fazer sentido. O Porto Canal e o FCPorto parecem dessintonizados, sem nada a ligá-los à excepção dos conteúdos de âmbito desportivo.

Não creio que haja um único portuense que não estranhe que o Porto Canal não tenha convidado Rui Moreira para uma entrevista depois de eleito Presidente da Câmara, nem mesmo tenha anunciado a entrevista que este ia dar à RTP na passada 2ª.feira. Não sabia? Então para que serve o jornalismo de investigação? Para alimentar boatos? Colocar o interesse do Canal à frente do interesse público da cidade o que é que significa? No mínimo, é suspeito. E as suspeitas sobem quando a qualidade dos convidados o é também. Se já vos falei de certas pessoas cuja importância para os nortenhos é discutível, algumas delas fanáticos centralistas, que havemos nós de pensar? Não é possível separar as águas. Se querem um canal generalista para deixar entrar quem odeia o Porto, ou quem só "gosta" do Porto para cá ganhar a vida, podem ter a certeza que isto um dia vai dar bronca. Nem todos são como o Júlio Machado Vaz, nem como Rio Fernandes...

Estejam portanto atentos ao programa "Pólo Norte"desta noite.  Algo me diz que o convidado de hoje, o vereador do PSD Amorim Pereira vai para lá "malhar" no Rui Moreira. Posso estar enganado, mas palpita-me que é para isso que ele lá vai. Já para não falar da presença de Luís Filipe Menezes como convidado residente das próximas 6ªs. feiras... Em Portugal é assim, os perdedores são consideradas fontes credíveis de oposição... O Sócrates perdeu, fugiu, regressou e agora voltou à ribalta na RTP. No futuro será o actual 1º. Ministro que tão criticado é (como foi Sócrates) que irá para um qualquer canal fazer comentários. Para os media, a lógica de qualidade é simples: ganhar fama. O resto é acessório. Parece ser essa a via do Porto Canal.

Querem saber a última do Porto Canal? Ontem, enquanto era anunciado o programa "Pena Capital" no guia da Zon, à mesma hora era transmitida a gravação repetida do programa "Saúde no Tacho". Resumindo: o programa não foi transmitido e o Porto Canal, o tal que pretende partir do Porto para o mundo e ajudar a descentralizar o país, decidiu não apresentar uma simples desculpa pela falha, nem mesmo em rodapé...

Se é com este desprezo, com esta total falta de respeito pelos nortenhos que Júlio Magalhães quer afirmar o Porto Canal, pode tirar o cavalinho da chuva porque não serei eu que lhe darei audiências. Júlio Magalhães critica os nortenhos, diz que são os piores. Mas o que será que pensa dele próprio?

Termino dizendo: tem dias que parece não haver ninguém que mande no Porto Canal. Será que os leitores já não tiveram o mesmo pensamento?

PS-Afinal, as minhas suspeitas acerca da intenção do convidado do programa de ontem "Pólo Norte", confirmaram-se. Quem tiver a possibilidade de rever o programa sugiro que o faça. Depois, se quiserem, digam se eu tinha ou não razão para escrever o que escrevi. 

Já Luís Filipe Menezes foi mais cordato (para já, pelo menos). Não entrou a matar sobre Rui Moreira, veremos como se comporta nas próximas sextas-feiras... 

7 comentários:

  1. Está aqui tudo aquilo que eu penso do Porto canal e do seu director. Com amigos destes, quem precisa de inimigos, já andavam pelos canais ditos comerciais a denegrir a imagem do FCP, e agora o senhor júlio Magalhães ainda os mete dentro da nossa casa.Podem ter a certeza que só vou passar a ver aquilo que disser respeito ao FCP.
    Abraço
    Manuel Moutinho

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  2. O Porto Canal é um desastre, ponto final.

    Politicos profissionais com interesses pessoais que nao sao os da comunidade nortenha. Sao estes os convidados?

    Julio Magalhaes revelou-se outro igual a tantos. Froxo, sem garra, nem amor à terra.

    O Porto Canal revela a falta de unidade que existe no Norte e pior ainda, no Porto. Nao deveria ser necessário o FCPorto pegar no canal para o transformar em alguma coisa séria e com audiencias. Mas a capacidade de mobilizaçao das gentes é tao fraquinha que a realidade é a que todos vêm. Um canal amorfo, sem mensagem, nem brilho.

    Para mim a culpa (como muitos apontam) nao é do FCPorto que já muito fez pela cidade. A politica de comunicaçao do clube nao é a melhor, mas melhorou nos ultimos 2/3 anos depois dos efeitos do caso apito dourado terem passado. O site do clube nao é excelente mas está muito melhor. O museu é um exemplo de excelencia. A culpa é do Porto cidade e dos seus representantes (politicos, empresarios, gentes da comunicaçao, escritores. Todos os que têm opiniao e saude para lutar pelas suas origens e os seus ideais).

    Para mim, a culpa é dos Portuenses e das gentes do Norte. Gostam de dar tiros nos pés e têm demasiados cavalos de troia no seu "território". Basta ver os fanáticos adeptos do clube da cidade que até hoje mais tentou dar cabo da cidade do Porto, adeptos nortenhos que sao anti-portistas. Como se uma coisa pudesse verdadeiramente estar dissociada da outra. Um portuense tem que gostar da cidade e das instituiçoes que a representam. Os proprios nortenhos na sua generalidade estao completamente a dormir. A desconfiança e o odio com que alguns minhotos olham para o Porto clube e cidade sao idioticos.

    Enfim, é o que há. O que há é fraco e é pouco, é curto. Nao chega. Há uma dormência generalizada nas gentes, que a mim que nao sou individuo de ficar a ver a vida passar, me faz caso e me revolta.

    Há tanto jovem da comunicaçao desempregado. Onde está essa gente. Se nao lutam pela sua terra, lutam por quê? Expliquem-me! Para ver se eu percebo, porque há tanto gajo a dormir...

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  3. Ao contrário do Rui Valente não me parece que o FCP e o P Canal estejam dessintonizados, ainda ontem lá estavam Pinto da Costa e Adelino Caldeira com Júlio Magalhães a receber L F Meneses e o ministro Poiares Maduro.
    É preciso não esquecer que o objectivo de um canal televisivo é ter influência na sociedade. Para isso precisa de credibilidade, notoriedade e conhecimento do meio. J Magalhães reúne esses requisitos e foi uma excelente aposta do canal.
    Que o canal ainda revela algumas deficiências também é verdade, mas é dos livros, o caminho faz-se caminhando. Estando ainda no início, acho que está no bom caminho, sendo certo que nunca será possível agradar a todos.

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  4. Soren,

    Tem razão. Se quer um bom exemplo de conformismo leia o comentário anterior do "anónimo". Está tudo dentro da normalidade. Considera credíveis as pessoas só pelo grau de notoriedade, não pela sua credibilidade.

    Fui um dos que elogiou o trabalho de Luís Filipe Menezes em Gaia, e até relevei o facto de ser despesista, porque com Governos caloteiros é impossível fazer obra sem contrair despesas. Mas a partir do momento que chegou a Lisboa como líder do PSD e calou abruptamente a veia regionalista, perdi a confiança nele.

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  5. Claro que o Rui Valente tinha razão quando antecipou que o Amorim Pereira ia ao Polo Norte para "malhar" (sic) no Rui Moreira. Também não era difícil acertar, afinal não é função do líder da oposição criticar o poder?
    O que o Rui Valente não abordou foi a atitude de Rui Moreira que no último debate das autárquicas no Porto Canal, no final perante Júlio Magalhães, se comprometeu a conceder uma entrevista em 1ªmão ao canal no caso de ser o vencedor (assim como todos os outros candidatos assumiram o mesmo compromisso em caso de vitória), e depois dos votos contados veio dar entrevistas a tudo o que é media, menos ao Porto Canal. Atitude dignificante do Rui Moreira não é?

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  6. Vou abrir uma excepção c/ o anónimo das 22H40 para dizer o seguinte:

    1º.Discordo que a função de um opositor tenha de ser obrigatoriamente opinar pela negativa. É tempo de deixarmos de olhar para os políticos como comentadores clubistas fanáticos. Para mim, a política devia ser uma actividade nobre. Aliás, nem permitiria que um político no activo fosse comentador de futebol.

    2º.se Rui Moreira se comprometeu a dar uma entrevista ao Porto Canal, ou não, não sei, o que sei é que o Porto Canal pouca publicidade deu na altura ao assunto, ao contrário do que faz com outras figuras que nada têm a ver com os interesses do Norte ou com a descentralização (Bagão Félix, por exemplo).

    3º.Essa história deve estar mal contada, porque me lembro que o Porto Canal em vésperas dos resultados eleitorais já dava como certa a vitória de L.F. Menezes, e talvez tenha sido isso que fez (admito) Rui Moreira faltar à promessa (se é que faltou).

    4º.Para lá de quem tem ou não razão, isso devia ser irrelevante para os portuenses (incluindo a direcção do Porto Canal), porque não me parece sensato que o momento seja para melindres desta natureza. Pelo menos haja o cuidado de colocar o público a par das ocorrências, caso contrário abre-se espaço a especulações e divisonismos.
    O toque devia ser a reunir e não a agir como polítcos de carreira.
    O Porto Canal para prestar um bom serviço ao país e ao norte em particular, tem de ser mais criterioso na selecção dos convidados. Os incompetentes (que estão em maior número) da política e principalmente aqueles que nunca mexeram uma palha para defender a descentralização deviam ser à partida discriminados, porque só por ingenuidade é que se pode acreditar na utilidade de tais comentadores.

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  7. Vamos estando atentos. A mim não me preocupou a ida de Filipe Meneses, nem do Maduro ao Porto Canal, do ministro sendo evasivo a várias questões, Maduro deixou bem acentuado, que pouco ou nada vai fazer pelo Norte.
    Agora preocupa é quando começar a entrar como convidados aqueles reles políticos centralistas, aqueles reles anti/portistas ou alguma escória da nossa praça que nós já conhecemos.
    Vamos estar atentos ao que por ai vem!...

    O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO.

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