20 janeiro, 2016

Democracia e Liberdade. Quo vadis?

Isto de se falar de democracia e de liberdade (com minúsculas) só para sermos bons meninos, para passarmos por cidadãos normais, é das coisas que mais me incomodam, e que mais têm contribuido para a estagnação geral do país. 

Há quem, imaginando-se enquadrado numa área comum de preferências, pelo facto de gostar do mesmo clube de futebol, pensa que tudo o resto os pode aproximar. Mentira. Nem tudo o futebol congrega. Nem sempre o nosso clube comum funciona como moderador ideológico. Há antes de tudo o carácter, e depois o estatuto social, financeiro e intelectual, a afastá-los. 

Cada dia que passa me capacito que no FCPorto há um grande fosso de Liberdade. Mais. Pelo que vejo: nem Pinto da Costa pode afirmar-se como um homem livre. 

Ainda ontem, no Porto Canal, Bernardino Barros dizia a propósito das correntes conspiratórias dos media contra o FCPorto, que o JN já não é o que era (descobriu tarde...), e no entanto, Pinto da Costa ainda não fez nada para eliminar o seu nome da lista do Conselho Editorial. Provavelmente, nem lê o JN, o que é de estranhar... Sobre isto, não pode haver dúvidas, o JN de agora, é mais um tentáculo do centralismo lisboeta na cidade que o fundou. O Porto deixou de ter voz activa. O seu testa de ferro chama-se Afonso Camões, um tipo de Castelo Branco, sem qualquer histórico social ou sentimental ligado ao Porto. Apareceu aqui de pára-quedas, e os portuenses consentem...

Em circinstâncias normais, se Pinto da Costa, ou alguém por ele, lê-se o JN, não permitiria que esse jornal publicasse dias, e semanas a fio, a mesma notícia, sem que nada o justificasse, apenas com o intuito de ligar o seu nome e o do FCPorto a um caso de polícia, quando afinal o principal protagonista é um ex-segurança do presidente. Ao descrever estas situações desagradáveis, sinto-me um pouco pateta por ficar sem saber se Pinto da Costa consegue distinguir a crítica construtiva, de uma notícia maliciosa. Sou levado a admitir que, além do seu estado de saúde, algo de mais grave lhe condicona a liberdade de acção... Mas só ele, saberá dizer o quê.

Vivemos todos num charco de profunda hipocrisia onde a força das palavras há muito se ausentou. Na política, como no desporto, seriedade, democracia e liberdade, são débeis ecos de intenções sem pingo de autenticidade. O artigo do JN que hoje publiquei antes deste, prova que há jornalistas que se esforçam por denunciar casos socialmente perturbantes, e no entanto, todos eles se resignam a trabalhar para jornais cuja orientação ultrapassa de longe a demagogia dos próprios políticos. Dizem, que precisam de ganhar a vida, como se fosse lexívia para a consciência, ou argumento para levar a sério de quem tantas vezes apregoa a desfesa da Liberdade e da Democracia. 

Pessoas assim, sabem perfeitamente que nenhuma destas duas condições corresponde à magnitude que deviam comportar, mas preferem fingir que acreditam, para se sentirem úteis.

PS-Vejam se tudo isto faz sentido. No clipping do JN - acima, à direita -, pode ler-se o nome de Domingos Andrade, como Director-executivo. Como devem lembrar-se, trata-se do anterior Director de Programas do Porto Canal, que entretanto foi substituído no cargo pela Ana Guedes (ex-TVI). 

Não dá a ideia que foi lá colocado para contornar eventuais reacções à nomeação do ilustre desconhecido Afonso Camões? O que terá levado a actual Administração de Proença de Carvalho & Ca., a escolher o albicastrense senão a intenção de lisboetizar o jornal, como foi logo visível?

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