A Suécia é dividida em três grandes partes, a Götaland, ao sul, englobando a cidade de Göteborg, a Svealand, na parte central, que engloba Estocolmo e Norrland, que fica ao norte. Cada uma dessas três partes é subdividida em regiões menores chamadas landskaps. Os landskaps não têm mais significado administrativo, sendo apenas um termo histórico. Actualmente, os landstings são os equivalentes ao landskaps mas com significado administrativo aproximado dos antigos landskaps.
Pensando bem, a história dos povos revela-nos uma enorme tolerância destes para com quem os tem governado. Tolerância essa, que não tem sido devidamente aproveitada (salvo raras excepções como o caso da Suécia adiante citado), pelos respectivos poderes no sentido de melhorar as condições de vida da humanidade e, implícitamente, consolidar a sua confiança nos orgãos que o representam.
Vem-me esta lembrança à memória por múltiplas razões, e uma delas, por exemplo, um tema muito discutido neste e noutros blogues, o da Regionalização.
Ultrapassando com uma tolerância próxima da infantilidade o facto da Regionalização vir consagrada na Constituição e de, assim mesmo, ainda estar eventualmente sujeita a novo referendo, o povo português vai deixando passar estes sucessivos incumprimentos legais como se fosse natural fabulizar a letra do Livro mais importante da República Portuguesa. E de facto, assim é, muitos princípios e artigos constituicionais começam a tornar-se autênticas fábulas pelo já longo tempo que permanecem no papel. O da Regionalização do território continental é só uma delas.
Pessoalmente, o conceito que tenho dos nossos compatriotas é muito negativo, embora seja tão português quanto eles. Continuo a pensar, que todos os maus costumes e defeitos do nosso povo, não são mais do que uma imitação dos exemplos transmitidos por quem o governa. Tal como os filhos copiam os vícios e as virtudes dos pais, com o povo sucede o mesmo em relação aos governantes. Só que, lastimavelmente, dos governantes, o povo não tem grandes exemplos e virtudes para seguir. Por cá, o Estado exige para o povo, mas ainda não tem elevação para saber exigir para si, sobretudo quando se trata de aplicar austeras medidas de contenção.
Ainda há pouco tempo, constatámos os revoltantes exemplos da aquisição de viaturas topo de gama, para os ministérios e secretarias do Estado e o escandaloso ordenado do Governador do Banco de Portugal superior ao auferido por entidades paralelas de países muito mais ricos e desenvolvidos que nós. Não é possível digerir estas assimetrias sociais e económicas sem lançar um palavrão de repulsa.
É por este triste cenário (de que Portugal não consegue libertar-se), que somos levados a emitir opiniões negativas em relação ao futuro. Os apelos ao optimismo para serem eficazes e credíveis não podem ser feitos por quem ramifica o desemprego, a degradação social e pratica políticas inconsequentes, sob pena de se confundirem com provocação.
A RTP transmitiu recentemete uma crónica sobre a vida dos suecos, e penso não me enganar se disser que, muitos que a viram devem ter ficado a roer-se de inveja. Não daquela inveja cretina de quem deseja o mal dos outros, mas a de quem lamenta o facto de ter nascido em Portugal. Não pelo país-território, que todos devem adorar, mas pela baixa aptidão dos seus governantes que não mostram capacidade para catapultar o nível de vida dos portugueses para patamares de qualidade à altura da média europeia. Não conseguimos descolar nunca da cauda dos piores.
Na Suécia, os cidadãos vivem condignamente, pagam altos impostos mas pouco se importam, porque acreditam no Estado e conhecem o destino que este lhes vai dar, inclusivé na velhice e na doença. Na Suécia, os cidadãos são felizes, quanto é possível ser-se feliz, quando as regalias sociais, laborais e económicas estão asseguradas. Os cidadãos respeitam o Estado porque ele é respeitável, tão simples quanto isso.
O problema dos portugueses não deriva das suas incapacidades intelectuais ou formativas. Esta treta agora propagandeada das plurivalências, é mais uma incongruência do poder político que não corresponde em nada às expectativas reais do presente e para o futuro. A qualificação do trabalho é sempre um dado importante numa sociedade, mas não podemos pretendê-la sobrequalificada para depois não sabermos o que fazer com ela.
O problema dos portugueses é um problema de rigor. O rigor que emana do cumprimento de regras. Quando são os governantes os primeiros a não cumprir as regras (e leis), não se pode esperar muito do desenvolvimento desse país. Ou por outra, pode esperar-se muito sim, mas esperar-se em vão.
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