10 dezembro, 2007

... e o resto é paisagem

Acabei de ver no noticiário da RTP2, uma notícia acerca do lançamento de uma campanha governamental, baseada num audio-visual, destinada a dar uma nova imagem de Portugal no estrangeiro. O chefe da orquestra é o inefável ministro da Economia, o mesmo que patrocinou a parolíssima e idiota ideia de transformar o Algarve em allgarve. Sem rir, e com o ar mais solene possível, afirmou que se pretende que o país dê uma imagem de inovação, capacidade empreendedora, e não sei mais o quê.

Até aqui tudo bem, é o habitual show de irrelevâncias e fantasias a que os nossos governantes nos habituaram e que ninguém cá dentro leva a sério: é mesmo para inglês ver, só que estes também não vão acreditar. Basta olhar para as estatísticas, económicas e outras.

Mas o que sinceramente mais me irritou foi que, além de todas as figuras (menos uma) apresentadas como símbolos deste tal Portugal renovado, serem figurões de Lisboa, a banda sonora é um fado cantado por uma qualquer fadista lisboeta.

Por muito que queiram na capital, o fado não é a canção nacional. Nada tenho contra quem gosta dele, apenas apresento aqui o meu protesto (inofensivo e inóquo infelizmente) contra mais um abuso centralista: reduzir todo país à área da capital e pretender que os símbolos locais lisboetas sejam forçosamente símbolos nacionais.

Nada disto é novidade, eu já devia estar habituado. Mas não consigo!

1 comentário:

  1. Caro Rui Farinas

    Nós sabemos que a democracia tem de ser sustentada também na livre opinião. O problema, é que no dia em que o Porto possa vir a disfrutar de uma ou mais estações de TV sem ter (como agora acontece),a "voz-do-dono" lisboeta a controlá-las vai ver como começam logo a 'sair da toca' os ratinhos moralistas das boas maneiras 'nacionais'. Não sei até onde isto irá chegar, mas o que lhe digo com sinceridade, é que cada vez sinto menos familiaridade com Lisboa e olho para a Galiza com mais simpatia...E sabe, tenho a impressão que a responsabilidade por essa desconexão nacionalista não é minha.
    Cumprimentos

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...