12 fevereiro, 2008

A Democracia e os homens

Entre o cepticismo daqueles que conseguem ver o país para lá do seu umbigo e o optimismo dos que fazem do seu umbigo o estado da nação, existe um fosso tão grande, que é quase criminoso procurar misturá-los.

Confesso, que não consigo ser muito tolerante para com os empatas. Não é pelo gosto mesquinho de estar (como alguns), sistematicamente no contra, mas prefiro as pessoas que não temem fazer a diferença, que assumem a coragem de passar pela "tesoura" dos compadres da paz pôdre e do laissez faire , laissez passer.

Por isso, admiro António Marinho Pinto, pela forma desassombrada e despretensiosa como assumiu o cargo de bastonário da Ordem dos Advogados. Posso estar enganado, mas este homem inspira-me confiança. Fala simples e com a persuasão que só a sinceridade empresta às palavras. Depois, é realmente honesto. Não há nada que diga que nos faça desconfiar, tal é o desprendimento que revela para com os interesses e as tradicionais cumplicidades corporativas da classe profissional a que pertence.

Como não é um homem comum, e como estamos num país que tem por mau costume premiar os medíocres, não sei se terá grandes hipóteses de sobrevivência. O poder económico não se compadece com questões de carácter e quando incomodado, não perde muito tempo até demolir quem ousa fazê-lo. Depois, lá se encarrega de contratar sem dificuldade os videirinhos da ordem devidamente treinados na arte de simular respeitabilidade para "provarem" à população que o "outro" é que não prestava. Era populista e demagogo...Eles, não.

Começo a ter sérias reservas em relação a qualquer mudança política. Sem gente séria e intelectualmente qualificada, não dou grande interesse ao género de regime.

A democracia para valer como ideal, tem de arranjar sistemas capazes de se auto-purgar com eficácia dos oportunistas e parasitas. Sem isso, os regimes podem mudar, mas as môscas continuarão a gravitar sempre à volta do seu habitat natural.

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