1 - Já toda gente (incluindo decerto responsáveis dos serviços camarários e até talvez o Dr. Rui Rio) deve ter notado que na cidade do Porto há inúmeros semáforos em que a intensidade luminosa é tão fraca que dificilmente o automobilista vislumbra a cor que está acesa, sobretudo em dias de sol. Esta anomalia ocorre há já muitos anos. Tantos que ainda era presidente o Dr. Fernando Gomes quando um dia resolvi escrever-lhe pedindo que solucionasse o problema. Obtive uma resposta (coisa com que não contava) em que o departamento municipal responsável por esse sector, informava que o assunto " foi transmitido à Firma responsável pela manutenção deste serviço". Fiquei assim a saber que não era a própria Câmara que se ocupava directamente do assunto, o que mais aumentou a minha suspeita de que a potência das lâmpadas era deliberadamente mais fraca que o aconselhável, de modo a que a tal empresa pudesse diminuir as suas despesas operacionais.
Seja como for, o que é certo é que nada mudou, e hoje, oito ou nove anos depois, continuam a subsistir inúmeros semáforos-pirilampo. Representam indiscutivelmente um risco para a segurança rodoviária e transmitem uma imagem pouco abonatória da nossa cidade. Na verdade não conheço nenhuma outra com este problema. Para o eliminar não são necessários grandes gastos nem visitas de estudo ao estrangeiro ( se calhar este é que é o mal! ) basta apenas irem, por exemplo, a Matosinhos e aprender como lá actuam.
Poderá dizer-se que esta é uma questão insignificante, mas pelo menos haverá de se admitir que detalhes como este, e muitos mais, são um triste indicador dum certo desleixo que se verifica em muitos sectores da gestão municipal do Porto.
2 - Este caso dos semáforos raquíticos é apenas um aspecto de um problema mais vasto que consiste na ausência de gestão do tráfego no Porto, ao nível dos parâmetros mais basilares: circuitos de tráfego, estacionamento, sinalização, etc. Quando as pessoas criam rotinas nos percursos que efectuam ao volante do seu carro, tendem a deixar de ver as anomalias e imperfeições, e assim tornam-se incapazes de fazer uma reflexão sobre aquilo que está mal e que poderia ser melhorado. Não poderemos no entanto ser acusados por essa espécie de alheamento. Ninguém pede a nossa opinião, e sugestões que por ventura fizéssemos cairiam decerto em saco roto. Além disso pressupõe-se que na administração municipal existirá uma estrutura própria para esse efeito, e que a ela competirá, em primeira mão, identificar os problemas e encontrar as soluções que melhorem este importante aspecto do dia-a-dia que é a circulação no Porto. E no entanto é aqui que o insólito ocorre. A julgar pela ausência de resultados, ou essa estrutura simplesmente não existe, ou então vegeta numa espécie de torpor comatoso que lhe tolhe as ideias e as iniciativas.
O exemplo mais gritante dessa ausência de actuação, é o que se passou em determinada zona de Nevogilde, na Foz do Douro, em que situações ilógicas quanto a sentidos de trânsito e autorização/proibição de estacionamento se mantiveram imutáveis durante dezenas de anos. Efectivamente recordo-me de, no final dos anos quarenta, circular de bicicleta naquela zona. Pois foi preciso aguardar até finais dos anos noventa (mais de 40 anos depois!) para que alguma coisa fosse modificada. Mesmo assim, a intervenção foi incompleta, pouco mais que cosmética e, pormenor caricato, deixou uma praça (P.de Liege) em que se continua a circular no sentido dos ponteiros do relógio, como em Inglaterra, sem que se perceba qual a vantagem.
Custa a entender porque motivo sucessivos mandatos na CMP permitem que se mantenha indefinidamente um nebuloso Serviço de Trânsito (?) inútil, ineficiente, e irresponsável, incapaz de corresponder às necessidades de uma cidade como o Porto. Será que nós, portuenses, poderíamos fazer alguma coisa para sensibilizar a CMP no sentido de que é urgente montar um departamento de trânsito com gente qualificada, capaz de trabalhar a sério?
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Caro Rui Farinas,
ResponderEliminarNão se espante com as performances do n/ autarca.
Ando há meses a reclamar (e até já "ameacei" com os jornais)a CMP para um problema relacionado com a substituição de uma simples placa toponímica com o nome do meu avô que, a par da placa da rua do Dr.Carlos Ramos, é a única que não foi substituída pelas novas (de fundo verde e letras brancas).
Depois de andar a pular de departamento para departamento, de começarem por alegar falta de informação biográfica sobre a vida do meu avô, acabaram por justificar o atraso com o facto de o fornecedor (espanhol) só aceitar encomendas de um mínimo de 500 placas!
Estou a tentar ser paciente, mas começo a pensar que tão cedo o problema não será resolvido.