10 abril, 2008

HÁ PROMISCUIDADE NO FUTEBOL? E NA POLÍTICA, COMO É?

Como disse e repito, vale a pena olhar para o futebol com os mesmos olhos críticos de quem olha para o resto da sociedade, mas nunca, com olhos discriminatoriamente críticos.

O empolamento gerado com os crimes de corrupção em redor do futebol serve, entre outras coisas, para testarmos o regime democrático, mas outrossim para se camuflarem problemas de maior densidade, bem mais opacos e gravosos, da responsabilidade exclusiva dos orgãos do poder.

Um crime, é sempre um crime, mas até entre os criminosos há formas diferentes de o assumir. Há, os que têm a derradeira dignidade de o confessarem e os outros, que, com uns mas para ali e uns ses para acolá, mesmo quando as provas contra eles são evidentes, fazem tudo por negá-los. Resistem, devemos reconhecê-lo, mas pelas más razões, que decorrem de um profundo vazio de valôres e de um total desprezo pela noção de cidadania.

Um crime, que o é - na percepção que tenho das responsabilidades públicas de ex-governantes - como o da assunção de cargos administrativos em grandes empresas (Bancos, Empresas de Construção, Telecomunicações, etc.), não pode continuar a ser encarado com a ligeireza de uma coisa perfeitamente normal, porque, em boa consciência, nunca o será. E é crime, mesmo que os seus beneficiários tenham, ou não, tutelado as respectivas áreas em que eles ocorreram.

Dos políticos, as populações querem ver apenas acção política, de preferência com rápidas e boas consequências na sua qualidade de vida. Dos políticos, não rezaria a história, se informassem o povo (como deviam) durante as campanhas eleitorais desse tipo de desígnios e ambições particulares! O povo, não quer ver os políticos a trabalhar para o seu próprio futuro, quer vê-los a trabalhar para o futuro do país, insuspeitadamente!

Se agem dentro da legalidade, então mude-se depressa a lei, porque é uma lei insidiosa. O "exemplo" que desta indecente prática brota, pode ser lido assim: "o que é preciso, é chegar-se ao poder. Depois, não é necessário empenho, competência, nem apresentar resultados, governe-se bem ou mal, a recompensa será assegurada".

O antigo paradigma que aconselha à "Mulher de César a parecer séria", aplica-se a todos nós, mas com muito mais propriedade terá de aplicar-se aos governantes e ex-governantes.

Neste enquadramento, estou absolutamente de acordo com esta notícia do JN e com a posição do PCP nesta matéria.

Estou à vontade: não sou comunista nem capitalista. Sou um cidadão de pleno direito que exige seriedade. Definitivamente.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...