07 abril, 2008

Regionalizar sim, mas com protagonistas credíveis

Questionado sobre se existia um conflito Norte-Sul no Ministério Público, o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha de Nascimento (na foto), respondeu:

...É um país extremamente concentrado em termos de decisão, sejam políticos ou não. É uma tradição antiga que tem funcionado de maneira prejudicial. Porque na Europa ninguém raciocina assim. Da Europa dos 15, só dois países, Portugal e Grécia não fizeram a Regionalização.

Curiosamente, são os mais atrasados da União. Sempre fui contrário às grandes concentrações de poder. A concentração de tudo numa mesma zona permite um controlo maior. Se tudo estiver em dez locais, é mais difícil o controlo e o empenhamento das pessoas desses dez sítios é maior do que se estiverem num só. Por exemplo as grandes investigações em Itália partiram da zona de Milão ou de Palermo, não de Roma. Ler o resto aqui.


Comentário:

Só o Governo de José Sócrates agora, e de outros, antes dele, é que ainda não compreenderam o que até uma pessoa com o prestígio do senhor Presidente do Supremo Tribunal de Justiça compreende, e bem.

Melhor dizendo: compreender os nossos (des)governantes estão cansados de compreender, só que fazem de conta. Querem lá bem saber 'eles' da essência da coisa. O que 'eles' não vão esquecer seguramente é de nos encher os ouvidos com a Regionalização quando se aproximarem as legislativas. Aí, é que nos vão empanzinar com promessas regionalistas.

Quando tal acontecer, a questão que os portuenses devem colocar com muita ponderação, se não quiserem arriscar-se a voltar a ver a vida da cidade a andar para trás, é a seguinte:

estaremos nós na disposição de nos deixarmos enganar outra vez, pelos mesmos impostores, ou vamos entregar essa missão a protagonistas mais credíveis?


4 comentários:

  1. Claro que os nossos governantes estão fartos de compreender as vantagens da regionalização. O problema, caro Rui Valente, é bem mais grave. Regionalizar é partilhar poderes, e o nosso centralismo não quer abrir mão do seu poder total e discricionário. A conclusão lógica desta constatação é que o poder central só compulsivamente aceitaria partilhar o poder com estruturas políticas que não fosse capaz de controlar, e a verdade é que aqui no Norte não só não temos tido "engenho e arte" para os obrigar, como nem sequer se apresenta uma individualidade que pelo menos queira servir de congregador de vontades para que seja dado o pontapé de saída. Enquanto não aparecer alguém que, na política, faça o mesmo que Pinto da Costa tem feito no futebol, continuaremos nesta "apagada e vil tristeza".

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  3. Caro Rui Farinas,

    É óbvio tudo o que diz. Mas mesmo assim, para quem está no topo da pirâmide do poder, este comportamento só prejudica a sua imagem, só a "puxa" mais para baixo ainda.
    Os políticos, pela minha parte ainda estão muito longe de merecer credibilidade. São práticas destas que estimulam o ressurgimento das
    ditaduras e eles têm a obrigação de
    saber isso.
    As más democracias criam as piores ditaduras e estes fulanos não têm o direito de brincar com o país.

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  4. Caro Rui Valente.
    Regionalizar o país é concretizar uma determinação constitucional que foi adiada após um referendo que recusou uma proposta de modelo de regionalização. E de quem foi a culpa.
    Como ficou claro foram todos aqueles que não querem regionalizar o país.
    Por isso, é urgente retomar esta problemática e desencadear uma nova discussão,à escala do país, de forma a promover a mobilização dos diversos sectores que permitam contribuir para estimular a participação dos cidadãos, das associações e das instituições na vida social.
    É preciso que hajam iniciativas que permitam publicitar publicamente esta temática, como por exemplo: BOICOTAR AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES EUROPEIAS, baseadas na reclamação da regionalização. Mesmo só a cidade do Porto a fazê-lo, seria a melhor propaganda para a evolução e discussão da regionalização.
    Um abraço
    Renato Oliveira

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