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Na última dessas prosas, “Respeitar o espaço público”, publicada na passada quarta-feira, Gomes Fernandes volta ao tema do tratamento que a sala de visitas da cidade irá sofrer. Para isso, muniu-se da fotografia que aqui reproduzimos, e fez esta leitura:
“(...) Esta foto revela mais algumas lições que parecem agora esquecidas: o tratamento da centralidade axial do desenho da Avenida e da posição do monumento na Praça; a coexistência na placa central entre o peão e as superfícies ajardinadas; o primoroso desenho do espaço, que embora datado é sempre uma lição de rigor e beleza; a luminosidade clara e reflectora dos pavimentos, em contraste com o tom mais escuro dos edifícios, o que não foi escolhido por acaso; um fecho de fundo da Praça de grande monumentalidade e anunciador de fugas visuais convidativas no sentido transversal, dos Clérigos e 31 de Janeiro”
Gomes Fernandes explica, também, o porquê da estátua de D.Pedro IV estar de costas para a praça, voltada para sul. Um esclarecimento que fará as delícias de muita gente:
“Como sabem, a resistência liberal do Porto, comandada pelo “rei soldado”, foi sofrida porque da outra banda, na “Serra do Pilar”, os miguelistas tinham instaladas as bateriais de artilheiros que iam bombardeando a cidade. Ora, a posição da “Estátua de D. Pedro IV” tem a ver precisamente com isso, uma afirmação de liderança e resistência contra quem atacava a partir do sul. Não é a única razão, mas esta é histórica e forte e não devia ter passado à margem da análise urbanística de tão responsáveis arquitectos e professores”.
Dupont
(in o Vilacondense)
NOTA:
Esta crónica data de 13 de Janeiro de 2006. Hoje, continua actualizada.
Realmente, estou de acordo consigo arquitecto. É uma pena que uma praça que em tempos foi tão bonita esteja agora a servir de espaço para uns quantos carrinhos de choque ou carrosséis.A era do cimento e do betão armado parece que veio para ficar, no Porto.Outro jardim que em tempos era magnífico e que agora serve de sala de jogo aos mais infortunados pela desgraça social em que caiu este país, é sem dúvida o jardim do Marquês de Pombal. É realmente uma pena ver que todos os espaços verdes da cidade se estão a degradar assustadoramente. Que herança deixaremos nós aos nossos vindouros?
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