15 agosto, 2008

O metro do Porto

Parece que o Memorando de Entendimento entre a Metro do Porto/Junta Metropolitana e o governo central, referente à 2ª fase do metro, não foi cumprido. Mais uma vez fomos "levados", mas como já estamos habituados, tudo bem!

Deixando este aspecto de lado, fico a pensar na estruturação das linhas. Pergunto-me qual a lógica que preside à rede, a que chamaria de extra-citadina, em detrimento do núcleo central da cidade Porto-Gaia-Matosinhos. Ligação à Póvoa, ligação à Trofa, porquê por metro? E sobretudo porquê em fase tão inicial? Por que razão ficam para trás ligações urbanas a zonas como Carmo/Cedofeita, Universidade Católica, Campo Alegre, Foz do Douro, Leça da Paleira, Perafita, vastas zonas em Gaia de urbanização recente, etc, etc. Afinal o metro é do Porto ou é do Douro Litoral? Teremos brevemente uma linha para Penafiel e outra para Santo Tirso?

Por falar em linhas urbanas, verifico com enorme desgosto que parece manter-se a decisão de contruir a linha que percorre a Av.da Boavista entre a Rotunda e o Castelo do Queijo. Em minha opinião esta linha, que se prevê totalmente à superfície, é um crime de lesa-Porto. Vai dar cabo da fluidez da circulação automóvel naquela avenida que é a artéria vital do Porto ocidental. Os transportes colectivos existem para servir as populações e desencorajá-las de utilizar um tranporte individual, não para arruinar a circulação automóvel. A Metro do Porto e a JPM deviam lutar para impor uma linha subterrânea entre a Rotunda e a Fonte da Moura, colocando mesmo essa condição como sine qua non para aceitar a linha da Boavista. Eu sei qual é a objecção: o custo muito superior em relação à linha à superfície. Pessoalmente considero que o enterramento da linha é tão importante que poderia ser aceite que o período de construção, em compensação, fosse maior, de modo a manter mais ou menos inalterável o dispendio anual. Penso também em Lisboa. O metro de Lisboa é enterrado, mesmo nas artérias onde sobrava espaço exterior. Puseram eles à superfície as linhas na Av. da Liberdade, na Alm.Reis, Fontes Pereira de Melo, Campo Grande, e tantas outras? É o pões! Preocuparam-se com os custos? Então porque só nós temos que contar os cêntimos? Poque eles são a capital e nós somos a província. Por isso vão ter um megalómano novo aeroporto, mais uma travessia sobre o Tejo, um TGV, auto-estradas, tudo.

No dia em que nós, aqui no Norte, actuarmos como um bloco e não aceitarmos mais este tratamento imperial dado à cidade que é apenas a sede do governo país, então as coisas começarão a mudar e, terminado o esbulho de que somos vítima, entraremos numa época em que seremos cidadãos de pleno direito.

1 comentário:

  1. Porca miséria!
    No J.N.onde li a notícia, fazia alusão ao facto de R.Rio estar a levantar a voz contra o Governo.Eu, sinceramente, não oiço nada. Estarei a ouvir mal?
    É como digo, só quando o Porto tiver uma voz que se oiça - a Câmara é um bom local -, que mobilize as pessoas e que não tenha medo de clamar, contra estas poucas vergonhas, é que nós lá vamos.
    Um abraço

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