26 agosto, 2008

Criminalidade e estatísticas

A criminalidade e a segurança dos cidadãos têm estado em foco, e a quantidade de comentários que se ouvem e leem sobre o assunto começa a fatigar. Mesmo assim não resisto a meter a minha colherada.

Como normalmente acontece, as coisas chegam atrasadas a Portugal mas acabam por chegar. É o que se passa com a criminalidade violenta, existente em todos os países, pelo que será errado supor que ela seja um problema exclusivo de Portugal. Até em países com níveis de civismo superiores ao nosso, ela existe e por vezes bem mais virulenta. Como cidadão português, sei que tenho de viver com esta nova realidade, mas o que essencialmente me preocupa e sobretudo me revolta, é observar a incapacidade - e até uma falsa cumplicidade - das autoridades portuguesas para dominar a situação.

Para principiar, há um novo Código do Processo Penal que obriga os juízes a deixar livres ( apenas sujeitos a um brando termo de identidade e residência ) marginais acusados de ataques à mão armada, mesmo após dispararem contra a própria polícia. E vem depois um ministro proclamar que o número de detidos preventivos diminuiu! Este triunfalismo é assustador especialmente quando nos lembramos que o ministro Rui Pereira foi um dos principais integrantes da comissão que elaborou o novo Código. Enquanto este não for mudado, temos o direito de dizer que os governantes não estão interessdos em melhorar a segurança pública.

A diabolização da polícia é outro dos nossos problemas, sendo que os grandes responsáveis são os media, que parecem adoptar o princípio que as forças policiais são liminarmente culpadas até que eventualmente seja provada a sua inocência. Não é possível que à escalada de violência dos marginais, a polícia não possa responder com uma escalada similar, sobretudo quando elementos seus são assassinados com tanta frequência. Há excesso de força em determadas situações? Possivelmente haverá, mas se a alternativa é entre uma polícia branda com marginais à solta, ou polícia dura com mais "limpeza" das ruas, eu sou inequivocamente a favor desta última opção, mesmo correndo o risco de me chamarem fascista.

Vejo também com descrença as medidas anunciadas pelos nossos governantes - mestres do embuste e de políticas virtuais - para o combate à criminalidade. Quem vai anunciar ao país a criação de unidades especiais, é Pinto Monteiro, personagem descredibilizada pelos pontapés que tem dado na Justiça, e que portanto não me dá nenhuma garantia. Lembro também que das medidas apontadas em Março para combate ao carjacking, a maioria ainda não foi implementada. É o que chamo política virtual.

Finalmente, uma menção às estatísticas que o governo nos atira à cabeça quando pretende tapar o sol com uma peneira e nos quer convencer que está tudo bem, Uma delas assegura que somos dos países com menor rácio de actividade criminal. Outra, afirma que o nosso racio de habitantes por agente de polícia, é dos melhores da UE, o que ou é mentira ou mostra que a distribuição das forças policiais está fortemente errada.

De qualquer modo recordo a chamada Lei de Ine: "A estatística é como um biquini: o que mostra é sugestivo, o que esconde é vital". É brincadeira mas é uma grande verdade!

1 comentário:

  1. Caro Rui,

    Criou-se neste país a mania de sermos um povo de brandos costumes!

    Entretanto acontecem as coisas e só depois é que pomos trancas na porta.

    A autoridade de Estado está posta em causa com todas as leis que estão a criar para defender os assassinos e os ladrões.

    Abraço,

    Renato Oliveira

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