Quando alguém nos disser que o futebol não é tudo na vida, desconfiemos. Pode ser o prenúncio certo de uma espécie de lavagem ao cérebro para nos desviar o pensamento das coisas realmente importantes. Primeiro, porque qualquer pessoa simples entende que, pretender limitar o importante da vida ao futebol, é passar um atestado de estupidez a quem gosta da modalidade, e segundo, porque é do alheamento desse fenómeno desportivo que decorre a própria ignorância de alguns dos seus principais delatores.
Actualmente, vivemos momentos sócio económicos terríveis. Constatá-lo, não é alarmismo, é a realidade, pura e dura. Alarmismo é, isso sim, a palavra mágica recorrente dos governantes para encobrir incompetências próprias. Os jornais, as rádios e as televisões, encharcam-nos os ouvidos e os olhos com oceanos de imoralidades quando a violência dos crimes começa a assemelhar-se aos piores cenários dos países terceiro mundistas. O carjacking passou de uma realidade ainda há pouco remota a um lugar comum e, não obstante, há sempre alguém que descobre que estamos a exagerar...
Neste cenário próximo da anarquia, continuam a verificar-se as mais insólitas contradições. O Procurador Geral, cansado de dar tiros nos pés (por culpa própria), quer mas não sabe o que fazer para mostrar serviço, e exaspera com os entraves político partidários que o Governo lhe coloca. Entretanto, há uma região do país e uma cidade (o Porto) que assiste, dia após dia, ano após ano, às mais descaradas violações das regras democráticas, aparentemente sem reagir.
De certa maneira, os assaltos à mão armada estão a dar um jeitão às perfídias centralistas. Enquanto a população se horroriza com o espectáculo holiwoodesco dos snipers a abater assaltantes de bancos, a comunicação social, calmamente, continua a usar e abusar da arbitrariedade informativa que a tem notabilizado. Invariavelmente, abrem os telejornais a propagandear o Benfica, sempre ele. Não importa que tenha ficado em 4º. lugar na classificação geral, não importa a incorrecção do critério, é o centralismo cego, surdo e exaltante em pleno exercício de funções. Pelo caminho, vão lançando mais umas achas para a fogueira que decidiram acender para tentar queimar o Futebol Clube do Porto. A do súbito aliado Platini, é apenas a última.
Os programas desportivos (quase sempre só de futebol) multiplicam-se, e exceptuando um ou outro, os protagonistas (convidados pontuais ou residentes) são escolhidos a dedo. De jornalistas a jogadores de futebol ou ex-jogadores, as escolhas revertem "normalmente" para aqueles que se identifiquem com os gostos centralistas, isto é: Benfica, Benfica, Benfica, umas doses menos generosas de Sporting e depois, apenas para mascarar um pouco a insolência, o Futebol Clube do Porto (o campeão). É assim. Desonestidade, afronta e despotismo, nas barbas do Poder e do público, e não há personalidade que se incomode com o espectáculo. Do 1º. Ministro, passando pelo Procurador Geral, até ao Presidente da República, todos assistem a este vexame intencional, a estas práticas de vigarice básicas, como se estivessem a ver a Missa evocativa do Corpo de Deus da RTP.
É preciso denunciar sempre e sempre, estes silêncios cumplíces dos múltiplos Poderes. É preciso dizer, que isto não é uma brincadeira inocente, que se trata de práticas de cidadania obscenas e pouco abonatórias para quem as permite. Todos são (ir)responsáveis, todas as autoridades que frisei. É preciso que se comece a levantar a capa suavizante e branquedora da palavra centralismo, é preciso que se afirme em voz alta, que ela é sinónimo de deslealdade e corrupção intelectual e cívica. É preciso dizer que praticar ou defender o centralismo é também praticar e defender a escroqueria. É preciso investigar este deboche e exigir responsabilidades.
Finalmente, é preciso criar um outro estado de direito (se é que isso existe) para julgar e anular este, que está completamente torto e desacreditado!
Hoje no jornal da tarde da rtp assistimos à promoção do canal Benfica.
ResponderEliminarEstou totalmente de acordo com o Post.
Abraço
Caro Rui Valente,
ResponderEliminarOs "provincianos" estão completamente de acordo com este post.
Tanto já foi escrito sobre esta matéria e nunca é demais escrever e falar neste assunto, até ao dia do grito do Ipiranga.
Abraço,
Renato Oliveira