Se quiséssemos fazer um teste às pessoas para distinguir as sábias (anti-populistas), das demagógicas (populistas), bastaria submetê-las a um simples referendo colocando-lhes a seguinte questão:
"considera haver condições de compatibilidade moral e social, para os detentores de cargos políticos exercerem funções administrativas em empresas privadas?"
Seguramente, que, da classe política nem precisamos de saber a resposta. Apesar dos cíclicos envolvimentos desta "classe" em fraudes de toda a espécie, podíamos estar certos que poucos haveria, que responderiam negativamente à pergunta. E por quê? Porque todos sabem, mas "nem às paredes confessam", que esse é o caminho mais curto para enriquecerem! Se algum deles me estiver a ler, parece que já estou a adivinhar o tipo de argumentação que sacaria do cardápio da banha-da-cobra para me provar o contrário à laia de donzela ofendida na sua "honra". Honra? Mas, saberão muitos deles, por acaso, o que isso significa? Tenho a certeza que não.
Honra, seria, por exemplo, o senhor Victor Constâncio e Dias Loureiro, face às suspeitas de má gestão e de negócios pouco claros respectivamente, demitirem-se imediatamente, ou, no mínimo solicitarem a suspensão dos cargos que desempenham até se provar (ou não) a sua inocência.
Ninguém duvida que qualquer pessoa, sobretudo as que detêm cargos públicos, está à mercê da calúnia e da difamação de um impostor, de um invejoso ou até de um doido, mas é exactamente por isso que os seus métodos de trabalho têm de ser mais límpidos e rigorosos do que os de um cidadão anónimo. Mas, como se constata, não é isso que eles fazem. São "responsáveis" para deterem e gozarem do Poder e para ganharem bom dinheiro, mas já não o sabem ser quanto a práticas de gestão claras e cuidadosas. E o que é isto, de ex-Ministros abrirem off-shores em paraísos fiscais? Será legal (está mal), talvez, mas... e a questão moral, a tal "honra" que todos reivindicam, quando estão sob suspeita, onde é que fica?
De Vale e Azevedo, até aos (ainda por julgar) membros da rede pedofilia, não houve um único (à excepção do mais pobre, o Bibi) que tivesse confessado o crime e não se considerasse pessoa honrada. Todos afirmam à boca pequena que o são, e depois? Vamos deixá-los em paz e em liberdade só porque são (ou foram) gente "importante"? É evidente que não, a sua "importância" termina no preciso momento em que perdem a confiança do país, passando assim a ser, isso sim, gente nefasta e perigosa para a sociedade. É preciso parecer sério!
Ora, com os políticos, ainda é pior. Veremos, se mais uma vez, o crime continua a compensar.
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